São Paulo- No primeiro pregão do segundo trimestre, a Bolsa fechou em leve queda com as ações do varejo e do setor bancário puxando o índice para baixo e os papéis da Petrobras (PETR3 e PETR4) e petroleiras com destaque de alta.
Com a valorização do petróleo no mercado internacional por conta da decisão da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus Aliados (Opep+) em reduzir a produção de petróleo em 1,15 milhão de barris por dia (bpd), as empresas ligadas à commodity na Bolsa foram beneficiadas e voltou o temor à inflação.
Por aqui, os investidores mantiveram à atenção ao arcabouço fiscal e dúvidas ainda pairam sobre a proposta. Agora, os agentes esperam pelo trâmite no Congresso.
As ações da Petrobras (PETR3 e PETR4) e Prio (PRIO3) lideraram a alta e fecharam em 4,75% e 4,43% e 3,87%.Na ponta negativa, Lojas Renner (LREN3) caiu 7,00%, Grupo Soma (SOMA3) perdeu 5,79%. Bancos caíam em bloco.
O principal índice da B3 caiu 0,36%, aos 101.506,18 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em abril perdeu 0,02%, aos 101.875 pontos. O giro financeiro foi de R$ 21,6 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam mistas.
Apolo Duarte, sócio e head da mesa de renda variável da AVG Capital, disse que o Ibovespa cai com os investidores “digerindo ainda o arcabouço fiscal; existe um incremento grande de dívida para os próximos anos se a gente não tiver uma contraparte de PIB x receita”
Duarte comentou que o setor de varejo está sendo penalizado por conta do “medo de liquidez e a situação dessas empresas em um ambiente de juros altos e em decorrência de incerteza a respeito do arcabouço fiscal
Fabrizio Velloni, economista-chefe da Frente Corretora,disse que com o cenário interno mais desafiador e o ambiente externo com a alta do petróleo o investidor fica mais cautelo em tomar risco.
“O petróleo pressiona a inflação e se estima uma demora na descida de juros o que reflete nas ações das varejistas. PMI da China {PMI industrial em março cai para 50 pts] veio abaixo das estimativas e influencia o minério de ferro, o que acaba impactando Vale; o que segura um pouco a Bolsa é a Petrobras; os bancos caem por conta de projeção de aumento de inadimplência e aumento e elevação de provisão de perda de balanços”.
Velloni disse que em relação ao arcabouço, “o governo só falou de gastos e não falou de receitas. O mercado ficou ansioso pra entender qual será a força do governo para passar a proposta no Congresso”.
Armstrong Hashimoto, sócio e operador de renda variável da Venice Investimentos, disse que A Bolsa cai com o setor bancário e as varejistas. “A sinalização da Opep+ de cortar a produção diária traz o receio de inflação e tem o efeito cascata para as ações de ciclo econômico, como as varejistas que estão apanhando bastante. Em relação aos bancos, que estão puxando o índice pelo peso que têm, a preocupação é com o crescimento econômico. Com viés de juros altos, enxuga a expansão do crédito; as petroleiras estão segurando o índice”.
O sócio e operador de renda variável da Venice Investimentos disse que o mercado segue digerindo o arcabouço. “O grande entrave é o crescimento do PIB se isso pode ajustar as contas e se vai conseguir encaminhar para um fiscal mais saudável como foi apresentado”.
Ricardo Leite, head de renda variável da Diagrama Investimentos, disse que a “decisão da Opep+ deve pressionar a inflação e o arcabouço não será suficiente para gerar o crescimento uma vez que ainda algumas questões de corte de despesas ficaram nebulosas, as varejistas e outros setores estão sendo pressionados”.
O dólar comercial fechou em alta de 0,01%, cotado a R$ 5,0700. A moeda norte-americana operou, durante toda a sessão, muito próxima à estabilidade, com pouca oscilação. O mercado segue de olho nos próximos capítulos do arcabouço fiscal.
Para o sócio fundador da Pronto! Invest Vanei Nagem, “apesar de subir, o dólar reflete um mercado chato, bem devagar”.
“O dólar está se comportando muito bem, com a expectativa do arcabouço fiscal. Isso pode fazer com que o Banco Central (BC) mude o discurso sobre os juros”, diz Nagem, que entende que o mercado gostou do que foi apresentado na última semana, assim como tem gostado do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em queda, em movimento alinhado à perda de força dos rendimentos dos Treasuries, que passaram a recuar com força após a divulgação dos dados abaixo das estimativas de consenso do índice de gerentes de compras (PMI) do setor industrial nos Estados Unidos.
O DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 13,195% de 13,195% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 11,970%, 12,005%, o DI para janeiro de 2026 ia a 11,895%, de 11,915%, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 12,045% de 12,080% na mesma comparação.
Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam a sessão mistos, após os preços do petróleo dispararem com o anúncio da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e aliados de cortar sua produção, o que renova os temores de uma inflação alta persistente e de uma recessão na economia norte-americana.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:
Dow Jones: +0,98%, 33.601,15 pontos
Nasdaq 100: -0,27%, 12.189,5 pontos
S&P 500: +0,36%, 4.124,51 pontos
Com Paulo Holland, Pedro do Val de Carvalho Gil e Darlan de Azevedo / Agência CMA