ICOMEX de março mostra aumento de 29,6% no volume exportado para a China

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São Paulo – O resultado da balança comercial em março de 2023 surpreendeu.
Foi o maior saldo na série histórica do mês de março. Contribuiu o fim do lockdown na China, que
permitiu um aumento de 29,6% no volume exportado para esse país. Ao mesmo tempo, as previsões de
taxas de crescimento abaixo de 1% para a economia brasileira desaceleram o ritmo de crescimento das
importações. É possível que o saldo em 2023 supere o de 2022.

Em março, a balança comercial registrou o maior saldo da série histórica desse mês, US$ 10,9
bilhões. Um aumento de US$ 3,3 bilhões em relação a março de 2022. A melhora do saldo da conta
de petróleo e derivados passou de US$ 1,7 bilhões para US$ 3,5 bilhões e a dos demais produtos de
US$ 5,9 bilhões para US$ 7,4 bilhões.

Em valor, as exportações totais aumentaram em 12,3% e as importações, 1,4%. A melhora do
desempenho exportador é liderada pelo aumento do volume exportado, que cresceu 17,5% na
comparação mensal, enquanto os preços exportados recuaram em 4,7%. No caso das importações, o
volume importado caiu 1,4% e os preços subiram 2,8%.

No trimestre, o saldo da balança comercial foi de US$ 15,8 bilhões, superior ao do primeiro
trimestre de 2022, que foi de US$ 12,2 bilhões. Em valor, as exportações aumentaram 4,8% e as
importações recuaram 0,3%. A variação no volume exportado (4,7%) explica o desempenho positivo,
em valor, das exportações. O recuo das importações foi liderado pela queda do volume (4,0%),
pois foi registrado um aumento de preços de 3,8%.

Na comparação com 2022, os preços recuaram e/ou registraram variações abaixo dos 2 dígitos, o
que foi um dos fatores de pressão inflacionária naquele ano. Até o momento, o comportamento em
valor dos fluxos de comércio está sendo liderado pelos volumes.

As exportações de commodities, em março, cresceram em valor 13,8% e a de não commodities, 9,1%.
Na comparação do mês de março, o volume das commodities creceram 19,5% e das não commodities,
6,1%. A variação dos preços foi negativa para as commodities (-5,0%) e positiva para as não
commodities (2,7%). No trimestre, a variação do volume exportado das commmodities (3,1%) supera o
das não commodities (1,6%), enquanto que para os preços o resultado é o inverso, o aumento de
preços das não commodites supera o das commodities. Em valor, as exportações de commodities
aumentaram 3,6% e das não commodities 7,2%.

As importações, em valor, das commodities aumentaram 11% e das não commodities, 0,3%. A
variação do volume importado das commodities foi de 20,5%, mas os preços recuaram em 8,2%, o que
explica o aumento em valor de 11%. As importações, em volume, das não commodities recuaram em
3,5% e os preços aumentaram 4,0%.

O desempenho exportador por setor, em termos de volume, mostra que, em março, a indústria
extrativa liderou o percentual da variação, em relação a março de 2022 em 59%, seguida da
agropecuária (11%) e da indústria de transformação (8,1%). O principal produto exportado da
extrativa foi o petróleo em bruto, com variação em tonelada de 102,7%. Em termos de variação
dos preços, houve recuo da extrativa (20%) e aumento de 2,9% para a agropecuária e 1,2% para a
transformação. Ressalta-se que, em março, a participação da extrativa no valor exportado total
(25,8%) ficou próxima a da agropecuária, 26,9%, e o da transformação foi de 47,3%. A variação
positiva do volume em todos os setores, em especial o aumento acima de 50% da extrativa, contribuiu
para o aumento do volume exportado em 17,5%, entre março de 2022 e 2023.

Na comparação interanual trimestral, a extrativa liderou a variação no volume exportado, 19,5%,
seguida de aumento de 1,3% da agropecuária e de 0,4% da transformação. Os preços caíram para a
extrativa (13,3%) e aumentaram para a agropecuária (7,6%) e para a transformação (4,1%). No
trimestre, foi destaque a variação de 174% das exportações de milho. Entre março de 2022 e
2023, o volume importado caiu para a agropecuária (18,4%) e para a extrativa (15,8%) e aumentou
0,5% para a transformação. A variação dos preços foi positiva, mas abaixo de 3% para todos os
setores.

A surpresa da balança comercial veio pelo lado das exportações. As previsões são de
desaceleração do produto mundial. Segundo o FMI, a taxa de crescimento do produto mundial vai
passar de 3,4% em 2022 para 2,8% em 2023. Nos Estados Unidos, a variação do PIB cairá de 2,1%
para 1,6% e na Zona do Euro de 3,5% para 0,8%. Para o principal mercado de destino das exportações
brasileiras, a China, a tendência é o inverso. Com o fim da política de lockdown, associada a
COVID 19, o crescimento aumentará de 3,0% para 5,2%. Na comparação interanual do mês de março,
o volume exportado para a China foi de 29,6% e, na comparação do primeiro trimestre, de 9,6%,
mostrando que o efeito do fim do lockdown está começando a impactar.

Os principais produtos continuam sendo a soja, o minério de ferro e o petróleo. Para os Estados
Unidos, na comparação mensal, o aumento foi de 9,7% e, no trimestre, de 8,8%. Para o nosso
terceiro principal mercado de exportação, a Argentina, os aumentos foram de 20,9% (mensal) e 11,4%
(trimestral). A variação mensal para a União Europeia foi de 19,8% e de 7,1%, no trimestre. Para
a Argentina, observa-se que o crescimento está associado ao desempenho do setor automotivo. Entre
os primeiros trimestres de 2022 e 2023, as exportações de partes e peças para veículos
aumentaram, em valor, 38,6%, e a de veículos de passageiros em 52,9%. Os dois itens explicam 22%
das exportações brasileiras para a Argentina.

Os dados sugerem que a dependência da China para a melhoria das exportações deverá se acentuar
esse ano. A União Europeia tem elevado sua participação na pauta brasileira devido às
restrições da Guerra da Ucrânia; mas a desaceleração esperada na região sugere que a
contribuição desse mercado não deve aumentar. Por fim temos a Argentina, com crescimento de
compras brasileiras, em especial do setor automotivo. Como esse é um comércio administrado, as
decisões das multinacionais podem estar influenciando nos resultados, apesar da crise econômica do
país.