Bolsa fecha em queda com Petrobras e bancos; dólar cai e encerra a R$ 5,05

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São Paulo- A Bolsa fechou em queda pelo terceiro dia consecutivo, no patamar dos 102 mil pontos, puxada pelas ações da Petrobras (PETR3 e PETR4) em dia de forte queda do petróleo no mercado internacional por conta do temor de recessão nos Estados Unidos e com o recuo dos papéis dos bancos, após alta da véspera. A sessão foi de baixa liquidez.

As ações da Petrobras (PETR3 e PETR4) caíram 1,42% 1,25%. Itaú (ITUB4) e Santander (SANB11) recuaram, respectivamente, 1,01% e 1,39%. Bradesco (BBDC3 e BBDC4) perdeu 1,78% e 1,45%. Banco do Brasil (BBAS3) caiu 0,81%.

A Vale (VALE3) chegou a subir bem na abertura dos negócios e fechou com alta de 0,38%. Os investidores ficam na expectativa para o resultado do primeiro trimestre da mineradora, após o fechamento do mercado.

Mais cedo, foi divulgado o índice de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), prévia da inflação, referente ao mês de abril, que desacelerou para 0,57% e a expectativa do mercado era (+0,60%). Em 12 meses, a variação do indicador foi de 4,16% e os analistas esperavam alta de 4,20%.

O principal índice da B3 caiu 0,87%, aos 102.312,10 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em junho perdeu 1,36%, aos 104.105 pontos. O giro financeiro foi de R$ 18,5 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam mistas.

André Fernandes, head de renda variável e sócio da A7 Capital, disse que o Ibovespa “aliviou queda com o IPCA-15 levemente melhor que o consenso, os núcleos continuam acelerando mesmo que de forma mais leve”.

As ações do Pão de Açúcar (PCAR3) ficaram entre as maiores baixas do índice, 5,26%. A queda tem relação com a questão das subvenções que está sendo julgada para retirar o ICMS da base de cálculo do IRPJ/CSLL, projeto do governo para arrecadar em torno de R$ 90 bilhões.

“Uma decisão favorável ao governo impacta negativamente as ações da varejista que se utiliza dessas subvenções”, disse Fernandes. O mesmo acontece com as ações e Magazine Luiza (MGLU3) que caíram 5,18%.

Bruno Komura, analista da Ouro Preto Investimentos, disse que o movimento negativo na Bolsa tem relação com a Petrobras e “um pessimismo grande com o sistema financeiro norte-americano; após o resultado do First Republic Bank, os receios aumentaram e continuam penalizando os mercados. Apesar de o cenário brasileiro ser diferente, os bancos estão sendo bem impactados”.

Felipe Leão, especialista da Valor Investimentos, disse que na sessão de hoje um mix de informações impacta a Bolsa. ” O mercado está de olho nas falas Lula lá fora, commodities pressionam aqui com o petróleo em queda e as ações da Petrobras cai, entra no cálculo o IPCA-15 de abril que ficou abaixo do consenso, NY limita as perdas e Vale sobe com a expectativa pelo balanço [sai após do fechamento do mercado], bancos caem, após as altas de ontem”.

Leão comentou sobre os balanços da Weg (WEGE3) e da Gol (GOLL4). A Weg reportou “um resultado muito bom no primeiro balanço do primeiro trimestre de 2023-lucro de R$ 1,3 bilhão, alta de 38,4% ante o mesmo período do ano passado-, a receita líquida teve crescimento mais lento -R$ 7,7 bilhões e alguns analistas esperavam cerca de R$ 8 bilhões. O destaque do balanço foi a margem Ebitda que subiu mais forte que o esperado, 21,5%”. As ações da Weg (WEGE3) fecharam em queda de 1,06%.

Em relação à Gol-, Leão disse que a “eficiência operacional veio um pouco melhor, com destaque para a queda na alavancagem que é a média da dívida ajustada pelo Ebitda que saiu de 10 vezes no 1T22 para 7.9 em 2023”. As ações caíram 6,39%.

O dólar comercial fechou em queda de 0,11%,cotado a R$ 5,0580. Em sessão morna, o mercado mostrou receio com o desfecho da tramitação do arcabouço fiscal na Câmara, além das reuniões de Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) e Comitê de Política Monetária (Copom) que ocorrem na próxima semana.

De acordo com a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, “não tem uma força para cravar tendência neste momento. As decisões de política monetária devem surtir efeito em maio”, referindo-se às reuniões do Fed e Copom que ocorrem na próxima semana.

Abdelmal entende que o real tem se beneficiado, neste momento, do fluxo estrangeiro, mas caso a Selic (taxa básica de juros) comece ser cortada no segundo semestre e as taxas norte-americanas permaneçam inalteradas, a moeda brasileira perderá o seu diferencial.

O head de tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, entende que enquanto o Boletim Focus do Banco Central (BC) não apontar uma desaceleração da inflação para 2024, o Copom não deve dar início aos cortes na Selic.

Para o economista-chefe da Infinity Asset, Jason Vieira, “o IPCA-15 não mexeu muito com o câmbio. Há um breve de alívio de Serviços, mas ainda pressionando. Dentro deste cenário, ainda tem coisas a se resolver, como a difusão dos números industriais e de Serviços. Está no caminho de resolver o problema, mas ainda não é a hora de cortar juros”. O IPCA-15 de abril teve alta de 0,57% ante projeções de +0,60%.

Vieira acredita que o driver segue sendo o fiscal: “O mais importante não é a votação, mas sim a mudança no texto, que está muito ruim”, opina.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecham em alta, com taxas curtas avançando mais diante da divulgação de dados de inflação do IPCA-15, que indicou aceleração no setor serviços, e de cenário externo desafiador, que puxam as taxas mais longas para baixo, perto da estabilidade. o DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 13,235% de 13,185% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 11,885 % de 11,960%, o DI para janeiro de 2026 ia a 11,640 %, de 11,580%, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 11,740% de 11,760 % na mesma comparação. Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo misto, perdendo ímpeto ao longo do pregão, à medida que crescia o pessimismo em Wall Street com uma desaceleração econômica. O Nasdaq seguiu o rumo contrário e fechou em alta refletindo os fortes relatórios de lucros das bigtechs, com destaque para a Microsoft.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices futuros de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: -0,68%, 33.301,87 pontos
Nasdaq 100: +0,47%, 11.854,4 pontos
S&P 500: -0,38%, 4.055,96 pontos

 

Com Paulo Holland, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência CMA