São Paulo – A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, sinalizou nesta quinta-feira (4) que as taxas de juros podem precisar alcançar novos recordes, reconhecendo que a instituição ainda tem “mais terreno a percorrer” enquanto luta contra a inflação que permanece muito acima da meta de 2%.
“Ainda temos um caminho a percorrer. O BCE claramente não está pausando [a alta de juros]”, disse Lagarde na entrevista coletiva após o anúncio do aumento dos juros básicos da zona do euro em 0,25 ponto percentual (pp), a 3,25% ao ano.
Embora alguns membros do comitê tenham argumentado a favor de um aumento mais forte, nenhum defendeu a manutenção dos juros no mesmo nível anterior. Lagarde afirmou que a atual política monetária é restritiva, mas não suficiente para trazer a inflação de volta à meta em breve.
A presidente do BCE revelou que o clima na reunião era de determinação e foco na redução da inflação. Para Lagarde, o patamar dos preços está alto há muito tempo e há riscos significativos que podem impulsionar ainda mais a inflação, como possíveis turbulências relacionadas à guerra na Ucrânia ou a continuação do forte aumento dos salários na região.
“À luz da pressão inflacionária em andamento, o conselho decidiu subir a taxa em 0,25 ponto percentual”, disse. “Todos os membros estão determinados em lutar contra a inflação e voltar à meta de 2%. E todos nós concluímos que a inflação está muito alta por muito tempo. Posso dizer que o clima [na reunião] esteve muito focado em avaliar todos os dados disponíveis”, acrescentou.
Evitando adiantar a dimensão das novas subidas ou qual seria o objetivo do BCE, Christine Lagarde disse não ter um “número mágico” para manter as taxas de juro num nível “suficientemente restritivo”.
“A minha resposta honesta é que saberemos qual é o número quando chegarmos lá que é quando as taxas de juro estiverem tendo um impacto, de fato, nos setores econômicos”, disse.
Sobre o recente estresse envolvendo bancos europeus, Lagarde sublinhou que “o setor bancário da zona euro já provou que é resiliente”. Questionada sobre o resgate ao Credit Suisse, a dirigente afirmou que “as autoridades suíças tinham poucas opções”.
Em relação ao programa de compra de ativos (APP, na sigla em inglês), o qual o BCE já anunciou que pretende reduzir nos próximos meses, Lagarde informou que “o objetivo final é reduzir a zero” seus ativos.