São Paulo- A Bolsa encerrou o quarto pregão consecutivo no positivo, acima dos 107 mil pontos, puxada pelas ações da economia doméstica, principalmente o varejo, com a expectativa de menor inflação, oposto ao exterior.
Mais cedo, a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, disse que espera que a inflação venha menor. Na sexta-feira, será divulgado o Indice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), inflação oficial do País. Em março, o indicador desacelerou e ficou em 0,71%.
O destaque de alta ficou para a Natura (NTCO3), que avançou 15,08%.”Em conferência, o presidente-executivo da Natura, Fabio Barbosa, disse que a operação [integração das marcas] está em linha e pronta para absorver novamente o crescimento e os números dão direcionamento que estão no caminho certo”, afirmou Ricardo Leite, head de renda variável da Diagrama Investimentos.
As ações de Magazine Luiza (MGLU3) subiram 6,97%. Lojas Renner (LREN3) avançou 4,16% e Via (VIIA3) aumentou 5,05%.
O principal índice da B3 subiu 1,01%, aos 107.113,66 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em junho avançava 1,51%, aos 108.630 pontos. O giro financeiro foi de R$ 22 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam em queda.
Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos, disse que o mercado ficou “animado com o alívio na inflação e vem impulsionando as ações da economia doméstica como varejo, transporte e educação”.
André Fernandes, head de renda variável e sócio da A7 Capital, disse que o Ibovespa sobe “repercutindo o otimismo as declarações de Simone Tebet sobre o IPCA que pode vir abaixo do esperado, o que acabou trazendo um fluxo comprador em ativos sensíveis aos juros, e que se beneficiam de uma queda na taxa Selic”.
Caio Henrique Soares Rodrigues, especialista em investimentos, disse que o mercado amanheceu mais tímido com o cenário externo diante dos dados mais fracos da China e ainda com o temor dos riscos de créditos dos bancos regionais americanos, mas passou a digerir a ata do Copom e gostou.
“Foi uma ata dura quando menciona que não existe uma relação mecânica entre a política fiscal e a queda de juros, mas o mercado está entendendo uma expectativa menor de inflação para 2023 e 2024 e a indicação [do Gabriel Galípolo] que vai compor a nova diretoria do BC passa a ser o primeiro contato da política econômica do Haddad com a do Campos Neto e quebra a guerra de narrativas; juros é consequência de política econômica e não causa; o mercado vem digerindo isso e tem refletido na alta do varejo e dos bancos, esse tipo de papel é beneficiado com expectativa menor de juros e inflação”.
Ricardo leite, head de renda variável da Diagrama Investimentos, disse que o mercado “absorveu o que a Tebet [Simone Tebet, ministra do Planejamento e Orçamento] falou de forma positiva que o arcabouço deve orientar bastante a parte orçamentária mais do que o direcionamento da receita”.
O dólar comercial fechou em queda de 0,49%, cotado a R$ 4,9880. A moeda brasileira foi beneficiada com a interpretação, do mercado, de que a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) foi hawkish (dura, propensa ao aumentos dos juros), sem alguma sinalização mais clara de que a Selic (taxa básica de juros) vá sofrer cortes nas próximas reuniões do comitê.
O economista-chefe da Nova Futura, Nicolas Borsoi, mostrou surpresa com a performance do real nesta terça, já que o dólar ganha de diversas moedas no exterior. Além de um movimento de correção, ele atribuiu a alta da moeda brasileira à valorização das commodities, além de entender que a moeda brasileira defasada, e tem “gordura” para queimar.
Para o sócio da Ethimos Investimentos Lucas Brigato, “as opiniões sobre o Galípolo estão divididas. Uma turma acha que ele será o ele do governo com o BC, enquanto outra acredita que ele será um mediador”, referindo-se à indicação do secretário-executivo da Fazenda, Gabriel Galípolo, para assumir a diretoria de política monetária do Banco Central (BC)
Brigato entende que a pressão para um corte na Selic (taxa básica de juros) está crescendo gradualmente, e que outros setores da economia estão aderindo a ela.
As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em alta, ainda digerindo a ata do Comitê de Política Monetária (Copom), que mostra que o Banco Central (BC) segue combativo à inflação e sinaliza que se houver corte de juros, deve ser mais pra frente.
O DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 13,250% de 13,220 % no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 11,770 % de 11,690%, o DI para janeiro de 2026 ia a 11,455 %, de 11,430%, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 11,620 % de 11,575 % na mesma comparação.
Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo negativo, com as ações dos bancos regionais encerrando no vermelho, enquanto os investidores se preparavam para os principais relatórios de inflação previstos para o final da semana e o progresso das conversas sobre o teto da dívida dos Estados Unidos.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:
Dow Jones: -0,17%, 33.561,81 pontos
Nasdaq 100: -0,63%, 12.179,6 pontos
S&P 500: -0,45%, 4.119,17 pontos
Com Paulo Holland e Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência CMA