Daniela Carneiro continua no Turismo mas governo deve atender União Brasil

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São Paulo – A ministra do Turismo Daniela Carneiro disse que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse para ela “ficar tranquila e continuar a fazer o seu trabalho”, em entrevista a jornalistas, nesta terça-feira, em Brasília. O governo confirmou a sua permanência na pasta, em meio à pressão do União Brasil por uma troca, mas deu a entender que deve substituí-la devido à desfiliação de Carneiro do União Brasil.

“Estou muito tranquila, a serviço do Brasil e à disposição do presidente Lula”, comentou a ministra.

Ela também apresentou um balanço do seu governo em audiência na Comissão de Turismo da Câmara dos Deputados na tarde desta terça-feira. “Compartilhei um panorama do turismo brasileiro, abordando temas como os números do setor, as prioridades da minha gestão e as ações em desenvolvimento”, escreveu, em rede social, sobre a reunião.

O União Brasil diz ter posição “independente” em relação ao governo. Segundo Elmar Nascimento, o deputado Celso Sabino é o nome do partido para substituir Daniela Carneiro na pasta. A ministra integra o União Brasil, mas solicitou desfiliação ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em abril. Eleita deputada federal mais votada no Rio de Janeiro pela sigla, ela pretende se filiar ao Republicanos.

O governo alega que o acordo pelo ministério é com o União Brasil, o que justificaria a troca, mas a indicação de Daniela foi uma retribuição de Lula ao apoio que recebeu do prefeito de Belford Roxo (RJ), Waguinho (Republicanos), marido da ministra, no segundo turno da campanha presidencial. O União Brasil adotou a neutralidade e liberou seus diretórios e filiados para apoiarem qualquer um dos candidatos na segunda etapa da eleição.

Waguinho afirmou que ele e sua esposa pagaram “um preço muito caro” pelo apoio à campanha de Lula no estado do Rio de Janeiro e acusou o União Brasil de golpe para colocar bolsonaristas no governo, em entrevista à GloboNews, nesta segunda-feira (12).

Após o Palácio do Planalto confirmar que a ministra do Turismo, Daniela Carneiro, está mantida no cargo, o líder do governo no Senado, senador Jaques Wagner (PT-BA), afirmou que Daniela e Waguinho “são uma liderança importante”, “em um território que é muito contrário a nós, o [Estado do] Rio de Janeiro. Então, não se trata como se fosse qualquer pessoa. É uma pessoa que tem o carinho e o apreço do presidente. Portanto, ele [presidente Lula] vai encontrar uma saída que dê conforto a todo mundo, disse o líder. O problema aqui é que a representação política do governo é uma representação indicada por partido. E outras são escolhas do próprio presidente. A Daniela está como representante do União Brasil. Houve um rompimento [da Daniela] com o União Brasil, não me pergunte por quê”, disse o senador.

Em entrevista à “Globonews”, Jaques Wagner disse, que “não há nenhuma reforma ministerial em curso” e que Daniela Carneiro continua no Ministério do Turismo. Ao mesmo tempo, ele admitiu que há uma demanda do União Brasil que deve ser atendida pelo governo. A informação foi dada após a reunião do presidente Lula com a ministra na manhã desta terça-feira no Palácio do Planalto, em Brasília.

“Não há reforma, o presidente Lula decidiu que ela fica. Temos que atender o União Brasil, é uma demanda importante, mas a Daniela foi a deputada mais votada do Rio de Janeiro. Mas a demanda é partidária, teremos que pensar como atender com cuidado”, disse o senador.

Wagner disse que a mudança, se houver, pode ser no Turismo, o que na sua visão, é mais possível de ocorrer do que em pastas que tem “a cara do PT”, como Saúde ou Educação. Ele disse que não sabe se há alguma negociação envolvendo o cargo de Marcelo Freixo na presidência da Embratur.

O senador também disse que ontem, na conversa entre Daniela Carneiro e o ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, houve uma reclamação sobre o atraso da liberação de emendas. “Não sou eu que libero, mas às vezes tomo conhecimento e aviso sobre eventuais reclamações”, afirmou.

A reunião com a ministra não estava na agenda do presidente. Às 10h estava prevista uma reunião com o ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha.

Daniela integra o União Brasil, mas solicitou desfiliação ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em abril. Eleita deputada federal mais votada no Rio de Janeiro pela sigla, ela pretende se filiar ao Republicanos.

O texto foi atualiza às 19h28.