São Paulo -A Bolsa rompeu a sequência de sete altas e fechou em queda, no patamar dos 116 mil pontos, em dia de realização de lucros e com o recuo das ações da Petrobras (PETR3 e PETR4), que ficou ex-dividendos na sessão de hoje.
A cautela também deu o tom no pregão desta terça-feira com os investidores à espera para a decisão de juros amanhã nos Estados Unidos em que o mercado aposta na manutenção da taxa de juros.
As ações da Petrobras (PETR 3 PETR4) caíram, respectivamente 0,24% e 0,51%.
O índice de preços ao consumidor (CPI, sigla em inglês) divulgado, mais cedo, subiu 0,1% em maio, após alta de 0,4% em abril. O indicador ficou em linha com as estimativas do mercado. Na China, o Banco do Povo da China (PBoC) cortou a taxa de curto prazo para estimular a economia e fez o minério de ferro subir. A Vale (VALE3) subiu e chegou a segurar o índice na primeira metade do pregão. A ação fechou em alta de 1,05%.
As ações da economia doméstica sofreram na sessão de hoje, em um movimento de realização, por conta da alta na curva de juros. Gol (GOLL4) caiu 5,03%, Magazine Luiza (MGLU3) perdeu 5,05%.
O principal índice da B3 caiu 0,50%, aos 116.742,71 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em junho perdeu 0,84%, aos 116.815 pontos. O giro financeiro era de R$ 27,9 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam em alta.
Arlindo Souza, analista de ações do TC, disse que a Bolsa cai em um dia de realização de lucros. “Esse movimento se dá especialmente pela curva de juros que avança em toda a extensão, a maioria dos papéis tem realização e o recuo da Petrobras também contribui pra a queda do Ibovespa, ontem foi a ‘data com’ referente ao primeiro trimestre e é normal ter esse movimento de realização”.
Gabriel Mota, operador de renda variável da Manchester Investimentos, disse que a Bolsa está sustentada pela Vale em dia de cautela antes da decisão de juros nos Estados Unidos. “A Vale segura o Ibovespa, se não fosse o corte das taxas de juros na China e alta do minério de ferro, talvez o Ibovespa estivesse realizando; o mercado está cauteloso com amanhã, o CPI todo veio abaixo das expectativas e o Fed deve pular o aumento de juros neste encontro, o mais importante é entender qual vai ser a sinalização do Fed para as próximas reuniões”.
O operador de renda variável da Manchester Investimentos explicou que a queda da Petrobras. “A Petrobras ficou ex-dividendo e com essa distorção em relação ao petróleo, alguns investidores estão preferindo vender o ativo que se encontra em máxima histórica”.
Bruno Komura, analista da Ouro Preto Investimentos, disse que o movimento da Bolsa reflete a cautela dos investidores em relação ao Fed. “O consenso é que a autoridade monetária vai manter a taxa de juros, mas os investidores normalmente adotam um tom de cautela na véspera”.
Mais cedo, segundo um analista de uma grande gestora de investimentos, a Bolsa subia impulsionada “pelas commodities- minério e petróleo- com o estímulo do governo chinês à economia e CPI [inflação americana]; as apostas aumentaram para uma manutenção nos juros nos EUA”.
O dólar comercial fechou a R$ 4,861 para venda, com desvalorização de 0,12%. Às 17h05min, o dólar futuro para julho tinha baixa de 0,07% a R$ 4.878,500. Sem novidades em âmbito doméstico, o cenário externo centrou as atenções dos investidores e garantiu mais um dia de perdas para a moeda americana frente ao real.
Entre os fatores que mexeram com o mercado, destaque para a desaceleração da inflação nos Estados Unidos em maio, corte de juros na China e expectativa de pausa do ciclo de alta das taxas norte-americanas. Atualmente a taxa básica está na faixa entre 5,0% e 5,25%. A decisão sobre o futuro do juro nos Estados Unidos será anunciada amanhã.
O índice de preços ao consumidor (CPI, sigla em inglês), subiu 0,1% em maio, após alta de 0,4% em abril. O indicador ficou em linha com as estimativas do mercado. Nos 12 meses até maio, o índice cresceu 4% e veio conforme as projeções dos analistas. Já o núcleo CPI teve alta de 0,4% no mês de maio, o mesmo de abril. No acumulado em 12 meses até maio teve aumento de 5,3%.
O Banco do Povo da China (Pboc, o banco central do país) anunciou a redução de uma de suas taxas de juros, a de curtíssimo prazo (sete dias) em 0,1 ponto percentual, para 1,9% (ante 2%). O anúncio surpreendeu o mercado.
Para Gabriel Meira, economista e sócio da Valor Investimentos, a instabilidade da moeda ao longo do dia se deveu à inflação dos Estados Unidos e o corte nas taxas de curto prazo pelo Banco do Povo da China (PBoC).
“A queda é muito por conta da desaceleração da inflação norte-americana e corte de juros na China, que sustentou a valorização do petróleo, também ajudou a moeda. O fluxo está grande da moeda porque o mercado precifica 100% de chance de manutenção da taxa de juros norte-americana e dá folego para esse dólar buscar uma queda cada vez maior”.
As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em alta, depois de abrirem o pregão caindo, nesta manhã. Analistas concordam que as DIs realizam lucros enquanto o mercado espera decisão do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) sobre a manutenção ou não dos juros norte-americanos. Na próxima semana, a definição sobre os juros é interna, em reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).
O DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 11,055 % de 11,005 % no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 11,160 % de 11,075%, o DI para janeiro de 2026 ia a 10,570 %, de 10,435 %, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 10,650 % de 10,570 % na mesma comparação.
Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam a sessão em campo positivo, enquanto Wall Street avalia o último relatório de inflação antes do anúncio de política monetária do Comitê Geral do Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) amanhã.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:
Dow Jones: +0,43%, 34.212,12 pontos
Nasdaq 100: +0,83%, 13.573,3 pontos
S&P 500: +0,69%, 4.369,01 pontos
Com Dylan Della Pasqua, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência CMA