Bolsa fecha em alta de 0,03% e acumula ganhos na nova semana seguida; dólar encerra a R$ 4,77

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São Paulo- A Bolsa fechou em leve alta de 0,03%, perto da estabilidade, em um dia de sessão morna com o exterior negativo em meio à preocupação com os juros altos, commodities em forte queda e aqui expectativa com a ata do Comitê de Política Monetária (Copom) da próxima terça-feira (27), de que a autoridade monetária dê sinais de corte na taxa básica de juros (Selic). O Ibovespa acumula alta pela nona semana seguida de 0,18%.

Ontem em entrevista à BandNews, o ex-secretário-executivo do Ministério da Fazenda e indicado a assumir o cargo de diretor de Política Monetária do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, disse que a ata do Copom vai dar sinalizações mais claras sobre a queda da Selic. As ações da Petrobras (PETR3 e PETR4) caíram 3,39% e 4,10%. Vale (VALE3) cedeu 1,00%.

As ações do setor elétrico foram destaques de alta no Ibovespa, após o Ministério de Minas e Energia (MME) definir novas diretrizes e abrir uma consulta pública para tratar da renovação das concessões de distribuição de energia que vencem entre 2025 e 2031.

A Ativa Investimentos considerou que as ações do setor ficaram entre as principais altas do dia repercutindo a não constatação de medidas mais severas, como uma forte necessidade de desembolso de caixa no D0 para o pagamento de eventuais renovações. “Consideramos que o texto ainda deixa algumas dúvidas sobre o cálculo do valor a ser desembolsado necessário para que as renovações sejam de fato efetivadas. De maneira geral, acreditamos que o mercado irá absorver as informações da nota técnica ao longo do período de consulta pública, quando algumas respostas devem começar a ficar mais límpidas”, comenta a Ativa.

Segundo Idean Alves, sócio e chefe da mesa de operações da Ação Brasil Investimentos, a alta do setor é atribuída à melhora do cenário macroeconômico, “porque deve levar a um maior consumo de energia para a produção e por parte das famílias, além disso busca por ativos descontados e com pagamento de dividendos atrativos”. As ações da CPFL (CPFE3) e Energisa (ENGI11) subiram, respectivamente, 6,24% e 5,98%.

O principal índice da B3 subiu 0,03%, aos 118.977,10 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em agosto caiu 0,25%, aos 121.220 pontos. O giro financeiro foi de R$ 26,4 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam em queda.

Vinicius Steniski, analista da casa de análises do TC, o dia está “morno como Vale e Petrobras; o mercado aguarda os estímulos vindos da China, em relação à Petrobras várias casas refizeram as projeções e recomendação e neutra para compra e ontem e hoje está dando uma corrigida; o comunicado do BC decepcionou o mercado, mas é certo que o corte na taxa de juros vai vir, não se sabe se agosto ou setembro; os DIs longos estão caindo, o que é positivo para a Bolsa”.

Flavio Aragão, sócio da 051 Capital, disse que a Bolsa repercute a fala do Gabriel Galípolo, na noite de ontem em entrevista à BandNews, sobre o comunicado do Banco Central e afirmou que a ata do Copom vai esclarecer mais sobre a indicação de corte da Selic.

“Ele [Galípolo] disse que a ata deve vir mais confortável, dá uma brecha que o BC está alinhado e no sentido de que vai cortar essa taxa, dá a entender que vai ser em agosto, mas para o mercado pouco importa, o importante é que o ciclo de queda vai começar, então o mercado está se antecipando o movimento; ele fala duas coisas importantes, que a discussão da meta foi bem feita e que a meta de longo prazo vai se consolidar em 3%”.

O dólar comercial fechou a R$ 4,777 para venda, com valorização de 0,12%. Às 17h05min, o dólar futuro para julho tinha alta de 0,12% a R$ 4.786,500. Na semana, a moeda norte-americana teve desvalorização de 0,93%. A preocupação com o cenário externo garantiu a leve alta, mas o fluxo externo forte limitou e reduziu os ganhos iniciais.

Segundo Vanei Nagem, sócio da Pronto! Invest, a moeda operou de lado na maior parte do dia. “O dólar não fez grandes movimentos na sessão de hoje, não vejo muito motivo para subir, mas segue muito promissor, gente acha que em um curto espaço de tempo chega ao patamar R$ 4,60 e as commodities continuam atraindo muito dólar ainda; por mais que a gente brigue, o governo tem feito a lição de casa; o Banco Central já decepcionou o mercado [em sinalizar queda de juros], agora ele vai colocar algo dentro da ata [do Copom] ele tinha de colocar um viés verdadeiro de que na próxima reunião teremos um viés de baixa”.

Depois da decepção com o comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom), as atenções na próxima semana se voltam para a divulgação da ata do encontro. As informações que circulavam no mercado hoje davam conta de que o documento deverá trazer ao mercado a indicação de quando o corte da Selic terá início, sinalização que os investidores se ressentiram no texto da última quarta.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecham em baixa refletindo decisões de autoridades monetárias no Brasil e no mundo. Depois do comunicado hawkish do Comitê de Política Monetária (Copom), em que manteve juros no mesmo patamar mas não sinalizou cortes no curto prazo, o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell disse que há possibilidade de novas altas de juros no Estados Unidos, ainda esse ano. Os dados de PMIs divulgados hoje também foram fracos.

O DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 13,020% de 13,085 % no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 11,025 % de 11,160%, o DI para janeiro de 2026 ia a 10,395 %, de 10,525 %, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 10,390 % de 10,515 % na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam a sessão em queda, também encerrando a semana com perdas, à medida que Wall Street avalia os últimos comentários do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) de que os juros ainda devem subir este ano.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: -0,65%, 33.727,43 pontos
Nasdaq 100: -1,01%, 13.492,5 pontos
S&P 500: -0,76%, 4.348,33 pontos

 

Com Dylan Della Pasqua e Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência CMA