“O dinheiro tem que circular nas mãos dos brasileiros, e não nas mãos de uma meia dúzia. Não dá para dizer que o Brasil é um país capitalista sem capital”, disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em entrevista à Rádio Gaúcha hoje (29) mais cedo.
Lula criticou os juros do BC, em 13,75%, e que eles não permitem mais investimento no país. ” Não tem um setor da economia que esteja a favor dessa taxa de juros, está todo mundo contra. Não tem como captar dinheiro com essa taxa de juros, ela precisa estar pelo menos no mesmo nível da inflação”.
A respeito da inflação, Lula voltou a afirmar que no Brasil não há inflação de demanda, e que não há motivos para se manter as taxas altas de juros atuais. “Não tem explicação filosófica, econômica nem sociológica, para manter os juros a 13,75%”.
Ao ser perguntado sobre a reunião do CMN hoje na parte da tarde, Lula afirmou não querer influir na decisão do Conselho, mas que acha que o país não precisa ter uma meta de inflação tão rígida. “Não precisa de uma meta tão rígida sem poder alcançá-la. Uma política assim não precisa ser eterna e fixa, ela pode mudar”.
Sobre o assunto relações exteriores, especialmente sobre investimentos feitos na Venezuela e em Cuba, Lula afirmou que não são empréstimos, e sim exportação de engenharia, maquinário e serviços. “O Brasil é um país grande, e se não ajudar os vizinhos, como a região vai ficar? Se a China, a India e a Turquia investem em outros países, por que o Brasil não pode? O Brasil financia os empresários brasileiros para fazerem obras em outros países, e esse dinheiro volta depois como lucro”.
A respeito do relacionamento do Brasil com a Venezuela e Cuba, Lula falou que não vai interferir na política de outros países. “A Venezuela vai ter eleições neste ano e as pessoas precisam aprender a respeitar o resultado. Quem quiser derrotar o Maduro [Nicolás Madurom presidente do país], que derrote nas próximas eleições. O que podemos fazer é fiscalizar”.
Sobre a articulação política, Lula falou que o governo precisa mais do Congresso Nacional do que o Congresso precisa do Executivo. “O presidente da República precisa estabelecer relações com o Congresso. Nenhum deputado é obrigado a votar com o governo. São 513 pessoas que pensam diferente, eles têm o direito de concordar ou não, de colocar emendas ou não, e a discussão com eles é a mais tranquila possível”.
Ele falou também sobre a Reforma Tributária. “O Haddad [Fernando Haddad, ministro da Fazenda] está conduzindo com maestria as conversas com os líderes do governo na Câmara e no Senado. Não vai passar na integralidade como o governo quer, mas a reforma vai trazer mais proteção para o estado, aumentar a arrecadação e de redução na quantidade de impostos. Vai ser muito importante para o Brasil”.