Para Unica, “Combustível do Futuro” cria cenário para alavancar mobilidade sustentável

596

São Paulo – A União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica) ressaltou as declarações do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, durante participação no seminário “Ethanol Talks”, em em Goa, India, promovido pela entidade junto com o governo federal e o Arranjo Produtivo Local do Álcool (APLA) na manhã desta quinta-feira, em que mencionou a ampliação da mistura de etanol dos atuais 27% para 30%, para aumentar a octanagem da gasolina e possibilitar a população motores à combustão mais eficientes por meio da adoção do padrão E30, a ser anunciada em breve pelo governo federal, e do envio do projeto de lei “Combustível do Futuro” ao Congresso, que propõe uma política pública integrada e voltada para promover a mobilidade sustentável de baixo carbono, com base no ciclo de vida “do poço à roda dos combustíveis.

“Quando setores público e privado atuam em parceria, o Brasil avança. Tivemos oportunidade de participar das discussões nos comitês do Programa Combustível do Futuro e trabalhar a várias mãos essa política que colocará o país, mais uma vez, na vanguarda quando o assunto é sustentabilidade”, declarou o presidente da Unica, Evandro Gussi, em nota.

Durante o evento, que tem apoio da Embaixada da India no Brasil, da Associação dos Fabricantes de Automóveis Indianos (SIAM) e da Associação Indiana das Indústrias de Açúcar (ISMA), o ministro reforçou que a região sul do globo terrestre tem uma grande vantagem competitiva com a produção e uso dos biocombustíveis e que nenhuma fonte de energia isoladamente será capaz de atender todas as necessidades globais de sustentabilidade. “Nesse setor podemos garantir geração de emprego e renda, menor preço ao consumidor e diminuição da pegada de carbono no setor de transportes”, comentou.

O projeto, que retorna à India, é desenvolvido desde 2020 e já te teve edições em Nova Déli (India), Bangkok (Tailândia), Islamabad (Paquistão), na cidade da Guatemala (Guatemala), Buenos Aires (Argentina) e San José (Costa Rica).

Pelo conceito adotado no projeto de lei “Combustível do Futuro”, a avaliação dos combustíveis irá contabilizar todas as emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE), desde o processo de cultivo e extração de recursos, produção dos combustíveis líquidos ou gasosos ou da energia elétrica, sua distribuição e utilização em veículos leves e pesados de passageiros e comerciais.

Além de compartilhar a experiência brasileira, o seminário discutiu os benefícios econômicos, sociais e ambientais da bioenergia para a mobilidade de baixo carbono. A experiência brasileira na produção e consumo de etanol tem inspirado oportunidades em várias regiões do mundo, principalmente na Ásia e América Latina. A realização deste evento, em conjunto com as reuniões dos ministros de Energia do G20, mostra a relevância do etanol como solução energética de baixo carbono. O desenvolvimento pela India de um programa de etanol, com a ampliação da mistura na gasolina, fortalece o biocombustível, pois é um país de proporções continentais, como uma frota diversificada, destaca o diretor-executivo da APLA, Flávio Castellari.

Uma delegação oficial da Câmara dos Deputados e do Senado brasileiro esteve presente ao seminário. Brasil e India, duas grandes democracias, têm problemas e soluções comuns. O parlamento brasileiro está aqui representado para dizer aos irmãos da India que estamos juntos na luta pela descarbonização e que juntos temos o potencial de liderar esse processo, destacou o senador Marcelo Castro.

Também participaram do Ethanol Talks, o senador Rogério Carvalho e os deputados Newton Cardoso Jr., Nelson Padovani e Lafayette Andrada e o diretor de Assuntos Governamentais da Toyota, Roberto Braun.

Ministro defende etanol e biocombustíveis como solução para descarbonização do planeta

Em participação no seminário “Sustainable Mobility: Ethanol Talks”, nesta quinta-feira, em Goa, na India, o ministro de Minas e Energia defendeu o uso do etanol e de biocombustíveis para a descarbonização durante o painel “Targeting the Future|Cooperation on Bioenergy for Decarbonization”. Ele destacou a parceria do Brasil com a India e a importância do etanol. “Desde o primeiro momento, ficou claro que a India estava comprometida com a ideia de construir um modelo de mobilidade sustentável, baseada em etanol produzido localmente e melhorando a qualidade da gasolina para o seu consumidor, reduzindo as emissões com menor custo para a sociedade. O comprometimento das autoridades indianas, dos produtores de etanol e dos fabricantes de veículos, se uniu à cooperação com seus pares brasileiros”, disse.

“O nosso Ministério de Minas e Energia, aliado a outros valiosos quadros técnicos da administração, à iniciativa privada, aos produtores e à nossa indústria automotiva, utilizou toda sua expertise para ajudar a India a trilhar com segurança e rapidez o caminho que levou à adoção da mistura E20”, ressaltou Alexandre Silveira.

Outro ponto defendido pelo ministro, foi o trabalho do MME para a descarbonização dos veículos e bioenergia. “A India se tornou um parceiro gigante e hoje caminha ao lado do Brasil na disseminação da produção e uso da bioenergia. Temos muito ainda a fazer rumo à descarbonização do setor de transportes e fico muito feliz em ver que os setores produtivo e automotivo indianos estão juntos para proporcionar uma mobilidade sustentável de baixo carbono a um custo acessível para a sociedade.”

Combustível do Futuro

Em sua participação no painel, o ministro falou sobre a importância do “Combustível do Futuro”, programa do Ministério de Minas e Energia para valorizar a mobilidade sustentável de baixo carbono com utilização das diferentes rotas tecnológicas.

“Acredito ser oportuno aqui falar algumas palavras sobre a nossa mais nova iniciativa, chamada Combustível do Futuro, que pretende fazer o Brasil avançar ainda mais com uma política pública integrada e voltada para promover a mobilidade sustentável de baixo carbono. Assim que o projeto for aprovado no Congresso, o Brasil será o primeiro país no mundo a implementar uma política de mobilidade com base na avaliação do ciclo de vida do poço à roda dos combustíveis”, afirmou Silveira.

Para o ministro, a integração de programas visando a mobilidade sustentável possibilitará reduzir a intensidade de carbono dos combustíveis com maior utilização de etanol, biodiesel e biometano, ao mesmo tempo que a indústria automotiva brasileira terá metas para que seus motores sejam mais eficientes.

Alexandre Silveira destacou ainda que, com o programa, o Brasil terá mandato para produção de Combustível Sustentável de Aviação (SAF) combinado com Diesel Verde – o que representará uma nova fronteira para a indústria de etanol, em particular para o aproveitamento de seus resíduos. O Brasil possui potencial de produzir 9 bilhões de litros por ano de SAF.

O ministro também adiantou que o governo do presidente Lula está em vias de adotar o padrão E30, o que vai aumentar a octanagem da gasolina e possibilitar à população motores a combustão mais eficientes.

Ministro discute cooperação para a transição energética com secretaria de energia dos EUA

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, se reuniu nesta quinta-feira (20/7), em Goa, na India, com a secretária do Departamento de Energia dos Estados Unidos, Jennifer Granholm. O ministro está no país asiático onde participa de reuniões do G20.

Alexandre Silveira apresentou à secretária americana um conjunto de esforços que o Brasil está realizando no tema da transição energética e elogiou a parceria com os Estados Unidos. “O Brasil tem muita desigualdade, e esse processo da transição energética pode ajudar para além de resolver a questão da descarbonização do planeta, auxiliar nosso país a trazer justiça social. Os Estados Unidos são um parceiro muito importante em questões estratégicas, na preservação ambiental do planeta e essa contribuição pode trazer frutos para o povo brasileiro”, destacou Silveira.

“Temos uma das maiores matrizes do mundo, tanto a de energia elétrica quanto a matriz geral. Vamos avançar ainda mais na pauta da descarbonização do mundo. Isso é reconhecido pelos países desenvolvidos. E essa relação diplomática, que reconhece nossa salvaguarda do planeta, pode ajudar também a nossa população, trazendo investimentos, emprego e renda e melhorando a qualidade de vida das brasileiras e brasileiros”, disse o ministro.

Entre os temas debatidos na reunião esteve o programa de Descarbonização da Amazônia, investimentos em transmissão e geração de energia renovável, a importância dos biocombustíveis e do hidrogênio, além da cooperação na área de captura e estocagem de carbono.

Outro ponto foi a agenda de cooperação bilateral dos países no Fórum de Energia Brasil-Estados Unidos, onde ficou acordado que o fórum será realizado ainda esse ano para debater a indústria de energia limpa.

“Tive a oportunidade também de reforçar no encontro com a ministra Granholm, o trabalho do programa Combustível do Futuro, que vai trazer um marco legal para combustíveis de baixo carbono e captura de carbono. Ela demonstrou grande interesse no projeto e se dispôs a fomentar a colaboração entre as empresas brasileiras e americanas na área de energia limpa e de gestão de carbono”, finalizou o ministro.