Interrupção de envio de vapor pode prejudicar produção de petróleo no Rio Grande do Norte, diz FUP

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São Paulo – A Federação Única dos Petroleiros (FUP) e seus sindicatos informaram que a 3R Petroleum, compradora do Pólo Potiguar, que pertencia à Petrobras, no Rio Grande do Norte, decidiu de forma unilateral, rescindir a aquisição de vapor gerado na Termelétrica Vale do Açú. Com a interrupção do envio de vapor, a produção de petróleo na região pode ficar comprometida, dizem as entidades.

“A Federação Única dos Petroleiros e seus sindicatos ainda não foram informados sobre o que motivou a rescisão e cobram explicações. Há forte preocupação com os impactos que a interrupção do fornecimento de vapor podem causar, a médio e longo prazo, na produção de petróleo na região. O Sindipetro-RN teme redução na quantidade de petróleo produzido no Rio Grande do Norte”, disse a FUP, em nota.

Segundo o representante do Sindipetro-RN, Ivis Corsino, a usina termelétrica e o vaporduto foram pensados de forma integrada para a geração de energia elétrica e vapor, que são fundamentais na recuperação de petróleo nos campos de Alto do Rodrigues e Estreito (RN).

“Portanto, a interrupção do fornecimento de vapor, neste momento, fez com que as atividades da Usina Termelétrica fossem paralisadas, fato que pode gerar graves consequências como a diminuição dos postos de trabalho na unidade e o aumento do custo de energia elétrica, já que a cogeração de vapor está inoperante”, avalia a FUP.

A FUP e o Sindipetro-RN solicitaram à 3R um relatório detalhado onde conste o número de trabalhadores efetivos na operação.

De acordo com a FUP, a UTE Vale do Açu (UTE-VLA) possui potência instalada de 310,1 MW e entrou em operação comercial em setembro de 2008. A unidade tem capacidade de consumo diário de 2,3 milhões metros cúbicos (m3) de gás natural e conta com duas turbinas a gás, com uma potência aproximada de 155 MW em cada unidade geradora. As turbinas operam em sistema de cogeração e têm capacidade de produção de 610 ton/h de vapor para os campos de petróleo da região. A Usina não recebeu obras de ampliação desde o começo de suas atividades.

Considerando o consumo interno, a UTE-VLA pode fornecer ao Sistema Interligado Nacional (SIN) uma potência líquida aproximada de 300,3 MW. A conexão com o Sistema Elétrico é realizada por meio da Subestação SE 230 kV AÇU II, da CHESF. Além disso, considerando os dados do Anuário Estatístico de Energia Elétrica de 2021, a potência da UTE-VLA é suficiente para abastecer mais de 1,3 milhão de residências.

Atualmente a planta produz em média 240 ton/h de vapor, para injeção nos campos terrestres de petróleo do Alto do Rodrigues. Essa produção foi reduzida, em virtude do preço do gás natural.

Ao jornal “Estadão”, a 3R Petroleum informou que não renovou um contrato com a estatal para a compra de vapor usado nas operações no Rio Grande do Norte. Segundo a companhia, o contrato terminou no dia 30 de junho e não foi renovado. Não houve rompimento de contrato com a Petrobras. A parceria, vigente desde que a companhia assumiu o Polo Potiguar, terminou no dia 30 de junho. As partes não chegaram a um acordo comercial viável, optando pela não renovação, disse a empresa em nota enviada ao jornal.

Procurada pela Agência CMA, a 3R não retornou o pedido de confirmação das informações até a publicação deste texto.