São Paulo- A Bolsa fechou em campo positivo, subiu mais de dois mil pontos, em dia de vencimento de opções sobre ações e com alta disseminada dos papéis, destaque para os setores bancário, petrolífero e da economia doméstica.
Os agentes financeiros ficam na expectativa para a temporada de balanços aqui, decisão do Fed e à espera do corte da taxa básica de juros (Selic). Na semana, o índice subiu 2,13%.
Entre as commodities metálicas, a única em queda foi Gerdau (GGBR4), de 1,09%, com a recomendação de rebaixamento pelo Scotiabank, de R$ 40 para R$ 31. O principal índice da B3 subiu 1,80%, aos 120.216,77 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em agosto avançou 1,72%, aos 121.385 pontos. O giro financeiro foi de R$ 24,1 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam mistas.
Rafael Weber, analista da RJI Gestão e Investimentos, explicou que essa semana a Bolsa ficou ‘travada’ devido ao fator técnico com a proximidade do exercício de opções e hoje se recuperou. “Como ficamos atrás das bolsas mundiais, na sessão de hoje estamos tirando a diferença, além disso, dois componentes próximos podem ajudar a alavancar a Bolsa: o corte da Selic, a dúvida é se será de 0,25 ponto porcentual (pp) ou 0,50pp e a temporada de balanços, que vai surpreender na média; alguns setores como bancos, empresas do setor de petróleo e gás e serviços e concessões vão mostrar coisas boas; a decisão do Fed também fica no radar”.
Vinicius Steniski, analista de ações do TC, disse que o dia começou mais fraco e foi subindo por conta do vencimento de opções. “O pregão é positivo atribuído ao exercício de opções, os DIs caem e beneficiam as ações do mercado interno, petróleo subindo e favorecem os papéis do setor, entre as commodities metálicas, só Gerdau estava indo na contramão, esta semana saíram dados do setor de aço aqui sinalizando que houve revisões e projeções para o consumo, mas acredito um movimento técnico”.
Gabriel Mota, operador de renda variável da Manchester Investimentos, disse que o exercício de opções ajuda nesse movimento de alta e o mercado precifica Fed, inflação aqui e nos Estados Unidos e balanços corporativos na semana que vem.
“Hoje quase todas as ações, Vale sobe pouco, mas não tem nenhum drive que impulsiona a Bolsa, é mais por conta do exercício de opções e o mercado está na expectativa da semana que vem com o Fed [decisão de juros dia 26], dados de inflação aqui e nos Estados, além dos balanços corporativos que começam a ganhar tração; os estrangeiros também voltaram a ingressar dinheiro na Bolsa”.
O operador de renda variável da Manchester Investimentos disse que apesar de não ter nenhum drive hoje, algumas posições começam a ser montadas na expectativa dos balanços, com a largada da Vale. “No resultado da Vale [27], vai ser importante entender como a desaceleração da China e queda do minério estão impactando no fluxo do caixa da empresa; com a Petrobras [3/8], perceber como as mudanças da política de preços impactaram no fluxo da companhia e como vai ser a nova política de dividendos; em relação aos bancos, vamos ver a questão da inadimplência”.
Vicente Matheus Zuffo, fundador e CIO da Chess Capital, disse que o Ibovespa avança com uma alta generalizada, à exceção das commodities metálicas. “A Bolsa como um todo está indo bem, setor financeiro, varejo por conta da queda na curva de juros, as junior oils, Petrobras; as exportadoras de commodities estão de lado devido à queda do dólar”.
O fundador e CIO da Chess Capital também ressaltou que “parece que está havendo um fluxo de estrangeiro para Brasil hoje, e como as bolsas no exterior estão bem reforça essa tesa, além disso existe um pouco de expectativa para o Fed”.
O dólar comercial fechou em queda de 0,43%, cotado a R$ 4,7810. A moeda refletiu, durante a sessão, o intenso fluxo estrangeiro e a melhora do humor global. Contudo, as reuniões do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) e Banco Central Europeu (BCE), que se aproximam, seguem no radar. Na semana, a divisa estadunidense desvalorizou 0,29%.
Para o sócio da Pronto! Invest Vanei Nagem, o otimismo local deve resultar, ao final da próxima semana, em um dólar a R$ 4,70.
“O fluxo de entrada de moeda é muito positivo, todos os dias. A bolsa e o dólar estão bem”, avalia Nagem.
De acordo com a Ativa Research, o mercado está “repercutindo resultados corporativos nos Estados Unidos e à espera de dados da semana que vem como Produto Interno Bruto (PIB) e índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos Estados Unidos, bem como decisões de política monetária do Fed e do BCE”.
As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) seguem em queda no último pregão da semana, refletindo a valorização da imagem do Brasil no exterior, devido a inflação controlada e maior previsibilidade fiscal.
O DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 12 ,695% de 12,715% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 10,730 % de 10,795%, o DI para janeiro de 2026 ia a 10,175%, de 10, 240%, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 10,225% de 10, 285% na mesma comparação.
Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo misto, com pouca variação em relação à abertura da sessão, enquanto os traders avaliavam os últimos resultados de lucros corporativos. O Dow Jones registou a décima sessão consecutiva de ganhos, apesar de os índices encerrarem a sessão também em campo misto.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:
Dow Jones: +0,01%, 35.227,69 pontos
Nasdaq 100: -0,22%, 14.032,8 pontos
S&P 500: +0,03%, 4.537,37 pontos
Com Paulo Holland, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência CMA