Bolsa fecha em alta com apoio de commodities e no maior nível desde agosto de 2021, dólar sobe

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São Paulo- A Bolsa fechou em alta, acima dos 122 mil pontos, maior patamar desde agosto de 2021, puxada pelo avanço das commodities metálicas com a valorização do minério de ferro em meio às notícias favoráveis em relação à China e valorização da Petrobras.

Somado a isso, a queda do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15) também ajudou o Ibovespa e favoreceu os papéis do ciclo doméstico e sensíveis a juros, como varejistas, construção e tecnologia.

O Ibovespa chegou a tocar nos 123 mil pontos, atingindo a máxima de 123.009,90 pontos no período da manhã,

Os investidores ficam atentos à decisão de juros amanhã (26) nos Estados Unidos, com expectativa para um aumento de 0,25 ponto porcentual (pp).

Mais cedo, IPCA-15 em julho registrou queda de 0,07% contra a projeção de (- 0,02%).

As ações da Vale (VALE3) subiram 3,09%. Gerdau (GGBR4) ganhou 3,49%. CSN (CSNA3) aumentou 5,90%. CSN Mineração (CMIN3) avançou 2,31%. Petrobras (PETR3 e PETR4) fechou em alta de 1,79% e 2,31%.

Os papéis ligados ao setor de construção e que dependem de juros como Eztec (EZTC3), Cyrela (CYRE3) subiram 6,20% e 3,75%.

Na ponta negativa, os papéis da Minerva (BEEF3) e Gol (GOLL4) lideraram a queda no índice, com recuo de 2,70% e 3,06%. A Gol caiu após recentes altas e a Minerva teve queda com a disparada dos preços do trigo e milho, que afeta a empresa. Os bancos tiveram mais uma sessão negativa.

O principal índice da B3 subiu 0,54%, aos 122.007,77 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em agosto avançou 0,28%, aos 123.060 pontos. O giro financeiro foi de R$ 24,4 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam no positivo.

Rodrigo Cohen, analista de investimentos e co-fundador da Escola de Investimentos, disse que o Ibovespa sobe por ações ligadas às commodities, como Vale, CSN, Usiminas e Gerdau, “que estão renovando as máximas com a alta do minério de ferro e o mercado animado com a China; o IPCA-15 veio bom e reforça a tese de queda de 0,25 pp na reunião do Copom da semana que vem, com isso beneficiou o setor de construção”.

Arlindo Souza, analista de ações da casa de análises do TC, disse que o Ibovespa deve fechar em alta “puxado por commodities, com destaque para a Vale, por conta do minério de ferro, e Petrobras com valorização do petróleo; O IPCA-15 também influencia no Ibovespa e na curva de juros futuros”.

Gabriel Mota, operador de renda variável da Manchester Investimentos, disse que a Bolsa segue no movimento positivo de ontem com as commodities “em meio à projeção de novos estímulos vindos da China e o IPCA-15 reforça para ganhar tração em um cenário mais tranquilo no exterior, mas o mercado fica na expectativa amanhã do que o Powell [Jerome Powell, presidente do banco central dos Estados Unidos] vai sinalizar, se vai parar [de subir os juros] ou se terá novos aumentos, a elevação de 0,25 pp já está precificada; outro ponto de atenção é o balanço da Vale [quinta, feira, 27] “.

O operador de renda variável da Manchester Investimentos disse que o Ibovespa reduziu a alta em um movimento de “um compasso de espera para amanhã, os ativos que têm correlação com a China, que estão descontados, como Vale, Gerdau, estão destoando no meio dessa desaceleração da Bolsa, os outros ativos estão desacelerando um pouco”.

Em relação ao Copom, apesar de o IPCA-15 ter vindo melhor que o esperado, Mota disse que o mercado precifica hoje corte de 0,25 ponto porcentual (pp) para a reunião da semana que vem, “mas alguns players estão apostando em 0,50 pp, não é a maioria, e a aposta é de terminar a Selic em 12% no final deste ano”.

De acordo com gestor de investimentos de um grande banco, a Bolsa sobe forte e as ações ligadas ao minério de ferro “como Vale e siderúrgicas puxam o índice; a surpresa do IPCA-15 também ajuda o Ibovespa e deve aumentar a magnitude do corte na Selic em 0,50pp na reunião de agosto [dias 01 e 02]”.

Segundo Ariane Benedito, economista e RI da Esh Capital, o IPCA-15 de hoje anima o mercado, “no entanto não acredito que esse dado seja o responsável para impactar diretamente a decisão do Banco Central. Acredito que virá o início do ciclo de cortes em agosto, mas em menor magnitude, considerando a comunicação da Ata do Copom. A despeito também do retorno do recesso e as discussões sobre o fiscal após a reunião do Copom, que ainda é um vetor de risco para a desancoragem das expectativas. Assim, o BC seria mais cauteloso em iniciar com 0,25pp e aumentar a magnitude de afrouxamento dos juros com segurança no sentido em que os eventos causariam de efeito para os juros mais longos”.

A economista e RI da Esh Capital acrescentou que as discussões sobre o fiscal, em especial a reforma tributária, ainda impactam nos ativos de risco, como observado na véspera “com a queda do setor financeiro a despeito da fala do Haddad sobre o fim dos juros sobre capital próprio; o início do corte da Selic já está precificado em Bolsa, mas o que pode trazer uma volatilidade maior, seria o que vem no comunicado do Fomc”.

O dólar comercial fechou em alta de 0,33%, cotado a R$ 4,7490. A moeda refletiu, ao longo da sessão, a tensão com a decisão do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), que se reúne amanhã. O contraponto, contudo, é a expectativa de que a retomada econômica chinesa enfim aconteça.

Segundo o sócio da Nexgen Felipe Izac, “o mercado está muito ansioso com a decisão do Fed. O comunicado é ainda mais importante que a decisão. Uma alta de 0,50 ponto percentual (pp) fortaleceria muito o dólar, mesmo que a curto prazo”.

O economista-chefe da Nova Futura, Nicolas Borsoi, classifica este movimento como uma “disputa de gigantes”, já que a economia dos Estados Unidos mostra resiliência, o que mantém as expectativas para a reunião do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) que acontece amanhã.

O índice de confiança do consumidor norte-americano, medido pelo Conference Board, foi a 117,0 pontos em julho, acima das projeções de 112,0 pontos.

Por outro lado, os indícios de que a China não medirá esforços para reaquecer sua economia animam o mercado e beneficiam as moedas ligadas às commodities, explica Borsoi, que acredita que o real segue num viés baixista, em busca dos R$ 4,70.

Para a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, “o mercado está em compasso de espera com a decisão do Fed. A expectativa é que ele (o Fed) seja mais dovish (menos propenso ao aumentos dos juros)”.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecham em queda, precificando um corte de 0,50 p.p. da Selic (taxa básica de juros) na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) depois da divulgação do IPCA-15 melhor que o esperado, mostrando arrefecimento da inflação.

O DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 12,635% de 12,700% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 10,640 % de 10,700%, o DI para janeiro de 2026 ia a 10,080 %, de 10,120%, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 10, 140 % de 10,170% na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão desta terça-feira em alta, impulsionados por sólidos resultados corporativos de gigantes da tecnologia e as expectativas em torno da decisão do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) sobre as taxas de juros, que será anunciada amanhã. O índice Dow Jones marcou sua mais longa sequência de vitórias em mais de seis anos.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,08%, 35.438,07 pontos
Nasdaq 100: +0,61%, 14.144,6 pontos
S&P 500: +0,28%, 4.567,46 pontos

Com Paulo Holland, Camila Brunelli e Larissa Bernardes / Agência CMA