São Paulo, 2 de agosto de 2023 – O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) define hoje a taxa básica de juros, a Selic. Por causa da forte queda da inflação nos últimos meses, o órgão deve reduzir a Selic, atualmente em 13,75% ao ano. Esse será o primeiro corte desde agosto de 2020, quando os juros tinham sido reduzidos de 2,25% para 2% ao ano. A principal discussão entre os analistas de mercado é se esse corte será de 0,25 ou de 0,50 ponto percentual.
Na última sexta-feira (28), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o caminho está pavimentado para a queda da Selic. O ministro também citou uma coleção de fatores que favoreceriam esse corte. Desde o início do ano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva também tem criticado os juros. Em junho, ele afirmou que o atual nível da taxa Selic atrapalha os investimentos e que não existe nenhuma justificativa para que a Selic esteja neste momento nesse patamar.
Em entrevista à Agência CMA, Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura Investimentos, apostou em corte de 0,50 ponto percentual. Mas ressalvou que há fatores suficientes também para avalizar uma decisão mais cautelosa do BC. Borsoi também destacou a importância de como os novos diretores da instituição, indicados pelo agurla governo, irão se posicionar. Veja a entrevista completa abaixo:
A Warren Rena espera o Copom – Comitê de Política Monetária do Banco Central – inicie o ciclo de flexibilização monetária com uma redução de 0,25 ponto percentual da taxa Selic para 13,50% na reunião que inicia hoje e que terá a decisão anunciada amanhã. Mas a Warren reconhece que a probabilidade de um corte de 0,50 ponto é relevante. “Consideramos que há espaço para o início do ciclo de relaxamento monetário, tendo em vista principalmente o recuo das expectativas de inflação (com consequente efeito baixista sobre as projeções do BC) e a continuidade do processo de desaceleração dos núcleos”, avalia Sérgio Goldenstein, Estrategista-chefe da Warren Rena.
O Banco Fibra alterou sua expectativa de queda da Selic de 25 para 50 pontos base em agosto com relação ao nível atual de 13,75%, “em função da melhora gradual da inflação dos núcleos subjacentes de serviços e da indústria em junho e julho.” Depois de excluídos os itens cujos preços são mais voláteis, os núcleos subjacentes mostram o desaquecimento dos determinantes de demanda sobre o segmento de preços livres do IPCA. “Por outro lado, apesar da queda de 50 pontos base da Selic em agosto, o comunicado do Copom deve reiterar que os passos da política monetária até o final do ano devem trilhar a queda de 50 pontos por reunião em setembro, novembro e dezembro (não há reunião em outubro), de modo que a Selic de 11,75% no final de 2023 seria superior à taxa de dezembro/23 precificada pela curva de juros futuros, a qual começa a convergir gradualmente para 11,25%.”
A XP disse que espera um corte de 0,25 ponto percentual (p.p.) na Selic. Para a reunião seguinte, em setembro, a empresa projeta um corte de 0,50 p.p., terminando 2023 em 12%.”A evolução do cenário econômico no Brasil e no mundo nos últimos meses dão respaldo à uma política monetária menos restritiva do que a atual. Estimamos que as projeções do Banco Central (BC) para o Indice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) recuarão ligeiramente no cenário de referência: de 5,0% para 4,8% em 2023, e de 3,4% para 3,3% em 2024″, avalia a XP.
Os economistas do Itaú acreditam que o primeiro movimento de corte de da taxa Selic terá magnitude mais contida, ou seja, redução de 0,25 p.p., levando a taxa Selic de 13,75% para 13,50% ao ano. “Dada a dinâmica de núcleos e expectativas de inflação ainda acima da meta e a resiliência da atividade econômica e o mercado de trabalho apertado, apesar de a curva de juros de mercado já contemplar a possibilidade de um movimento mais intenso (isto é, corte de 0,50 p.p), pois cabe ao BCB guiar o mercado, e não vice-versa”, explica o Itaú, em relatório.
O Paraná Banco de Investimentos calcula que a Selic (taxa básica de juros) deve cair pela primeira vez, passando para 13,50%, porque o cenário para início do ciclo já está maduro o suficiente. “As expectativas inflacionárias já estão ancoradas muito próximo ao centro da meta, segundo o boletim focus, o IPCA para 2025 e 2026 está projetado em 3,5%”, diz Pedro de Oliveira, tesoureiro do banco.
Em relatório, os analistas observam que o colegiado deve ter cautela ao iniciar o corte de juros e começar com 0,25p.p., ao invés de 0,50p.p. como o mercado deseja, uma vez que algumas leituras da inflação corrente ainda preocupam.
As instituições financeiras ouvidas pelo Banco Central (BC) na pesquisa Focus mantiveram em 12,00% a previsão para a taxa básica de juros (Selic) ao final de 2023. Para 2024, a estimativa para a taxa Selic caiu de 9,50% para 9,25%.
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