Presidente da Petrobras diz que não faz sentido atribuir queda no lucro à nova política de preços

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São Paulo – Em entrevista a jornalistas, o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, disse que não faz sentido atribuir a queda no lucro à nova política de preços e que o principal motivo foi a desvalorização do Brent, junto com a queda nos crack spreads internacionais do diesel.

“Várias pessoas estão tentando atribuir a queda no resultado à nova política de preços da companhia, isso não faz sentido”, comentou Prates. “Outras petrolíferas também tiveram queda de resultados. Tivemos resultado melhor que nossas co-irmãs e investimos mais. A Petrobras não está perdendo dinheiro com essa política”, disse Prates.

Na sua visão, a atual gestão “está no caminho certo, pois manteve a rentabilidade e um caminho sustentável para as pessoas, para o meio ambiente e para a empresa”.

Sobre a reunião entre ele, o presidente Lula e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, nesta semana, eles não trataram de preços e que hoje, na entrevista à “Globonews”, ao falar sobre volatilidade de preços, o ministro referiu-se a uma análise que é feita pelo conselho de administração da companhia.

“O mapeamento é apresentado ao conselho. Há pontos de toque, isso ocorre dentro de uma curva ao longo do tempo. É um assunto que é tratado pelo conselho”, respondeu à jornalistas.

Em relação ao programa de recompra de ações, o diretor financeiro Sergio Caetano Leite disse que ele permite “emitir um sinal claro de que acreditamos na companhia, portanto, investimos recomprando ações”.

A opção por recomprar ações preferenciais é para que isso provoque o mínimo de variação nas cotações e não interfira nos objetivos do programa.

Sobre a Braskem, Leite disse que as propostas apresentadas perderam a validade e que o processo deve ser retomado. “As propostas não eram firmes, então, estamos vendo se elas podem ser feitas numa próxima etapa como propostas firmes.”

Ele reiterou a informação dada na teleconferência para investidores hoje de manhã de que a Braskem é estratégica para a Petrobras.

CONTEÚDO LOCAL

Sobre a contratação de plataformas, o diretor de Engenharia e Tecnologia, Carlos Travassos disse que para Barracuda será aberto a empresas nacionais e estrangeiras. “Os 10% de conteúdo local não obrigatório definidos no edital estão previstos no momento de contratação do bloco. Estamos analisando a melhor alternativa.”

“Os investimentos em submarinos são da ordem de US$ 2 bilhões, só em Barracuda. Essa indústria desapareceu do Brasil. Esse trabalho de testar, de ver os entes locais, é um trabalho de avaliação. Estamos nesse diálogo, aferindo esse percentual, de modo que a gente possa recuperar essa indústria nacional gradualmente”, explicou.

Prates acrescentou que o conteúdo local pode ser testado e que esse processo pode gerar empregos e movimentar a economia local. “Houve defeitos nas gestões anteriores de impor o conteúdo local, não queremos repetir isso, mas vamos testar.”

BOLIVIA E ARGENTINA

A Petrobras tem contrato vigente com a Bolívia por meio da YFPB e pretende ter negócios na área de gás, que por uma série de circunstâncias, reduziu. “Temos interesse em fazer negócios com a Bolívia na área de gás, mas avaliando o ambiente de negócios. A mesma coisa com a Argentina, esperamos condições técnicas mais flexíveis. É uma questão de atratividade geológica em relação ao gás”, disse Prates.

“Hoje há executivos da companhia em reunião na Bolívia para avaliar negócios”, disse Joelson Mendes, diretor de exploração e produção da Petrobras.

FOZ DO AMAZONAS

O diretor de exploração e produção da Petrobras, Joelson Mendes, disse que a Petrobras mantém seu interesse nos estudos de exploração da Foz do Amazonas e que, em relação às tratativas com o Ibama, espera receber licença para duas áreas. Tem um ponto que não pudemos endereçar que é a análise sedimentar. A licitação foi feita sem essa análise. Mas atendemos todas as exigências do Ibama e esperamos ter a licença para uma ou duas áreas.

FERTILIZANTES

O presidente da Petrobras disse que a Fafen-PR (Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados de Araucária, no Paraná) pode ser colocada em operação, permitindo a entrada da Petrobras em fertilizantes e que a companhia tem interesse e capacidade para atuar nessa área. Temos competitividade e podemos, inclusive, buscar novas oportunidades, considerando a questão da guerra da Ucrânia, disse Prates.

“A Fafen fica do lado da Repar (Refinaria do Paraná Presidente Getúlio Vargas), em Araucária, tem sinergia muito grande, conseguimos produzir 2 milhões de toneladas de fertilizante. Com processo de licitação e uma parada para manutenção, em torno de oito meses, conseguimos colocar a planta em operação”, acrescentou William França, diretor de refino e gás natural.

Ele disse que também conversa com a Unigel para parceria em hidrogênio verde, que seria a maior fábrica do Brasil.

Na usina de Três Lagoas (MS), ele disse que a planta da Petrobras tem capacidade de 3,2 mil toneladas por dia de uréia e acredita na possibilidade de retomada das obras.

TRANSIÇÃO ENERGÉTICA

O diretor de transição energética e sustentabilidade, Maurício Tolmasquim, disse que três parceiros procuraram a Petrobras para a área de eólica offhore (geração de energia dos ventos em alto mar), outros em solar e eólica onshore (na terra) e serão analisados dentro do planejamento estratégico que será definido. “A Petrobras está aguardando o marco regulatório para analisar como pode investir em energia eólica onshore.”

Ele disse que embora não seja prioridade, a Petrobras avalia se vai entrar no leilão de térmicas, mas vai depender das condições do leilão e de outros fatores que serão analisados.

ACELEN

Em relação à acusação de estar vendendo petróleo a preços mais caros para a Acelen, controladora da Refinaria de Mataripe, o diretor de Logística e Comercialização e Mercados da Petrobras, Claudio Schlosser, disse que as partes são livres e se a empresa quiser, ela pode fazer negócio com outras empresas. “O negócio de petróleo é dinâmico no Brasil. Existe uma dinâmica muito forte de importação, é um mercado que tem uma disponibilidade muito grande de fornecedores. Refutamos as acusações que temos tido sobre a Acelen e mantemos diálogo com o Cade.”

Sobre uma possível recompra da refinaria de Mataripe, que era refinaria Landulpho Alves (Rlam), da Petrobras, e foi vendida no final de 2021, no contexto de reduzir a concentração de mercado de refino imposto pelo Cade, o diretor financeiro comentou: “A Petrobras não tem interesse em comprar a Acelen, o que existe é uma relação comercial entre as empresas.”