Bolsa fecha em queda pelo 7º dia e dólar sobe com China e expectativa de inflação nos EUA

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São Paulo -A Bolsa fechou em queda pelo sétimo pregão seguido em dia de mau humor externo com dados de deflação na China, após a balança comercial da véspera ter desagradado os investidores, e o mercado fica na expectativa para a divulgação da inflação ao consumidor amanhã (10) nos Estados Unidos. Os números são relevantes para entender o ritmo dos juros por lá. As ações ligadas às commodities metálicas e o setor financeiro caíram; Petrobras (PETR3 e PETR4) subiu.

As ações da CVC (CVCB3) foram destaque de queda de 7,98% refletindo o balanço de ontem. A companhia reportou prejuízo líquido de R$ 167 milhões no 2T23, alta de 76,1%. Os papéis da Petz (PETZ3) baixaram 6,96% com o mercado “à espera de um balanço mais fraco atrelado ao endividamento, juros altos; o varejo sofreu muito nos últimos meses nesse cenário”, disse Dierson Richetti, especialista em investimentos e sócio da GT Capital.

Na ponta positiva, o destaque ficou para Via (VIIA3), que subiu 3,27%, com a expectativa de um balanço bom, que será divulgado amanhã após o fechamento.

Os papéis da Petrobras (PETR3 e PETR4) subiram 1,14% e 0,79%. Bancos e commodities caíram em bloco. Vale (VALE3) caiu 0,90%.

Mais cedo, na China, o índice de preços ao consumidor caiu 0,3% em julho, base anual enquanto a estimativa era queda de 0,4%. Já a inflação ao produtor registou baixou 4,4% no mesmo período e a expectativa era (- 4,1%).

O principal índice da B3 caiu 0,57%, aos 118.408,77 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em agosto perdeu 0,51%, aos 118.670 pontos. Na mínima interdiária, o índice atingiu 117.901,04 pontos. O giro financeiro foi de R$ 23,1 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam em queda.

Segundo um analista do mercado financeiro, os aumentos recentes nos preços dos combustíveis nos Estados Unidos podem “complicar a vida do Fed que tem como meta combater a inflação”. O preço do diesel avançou 29,1% na Costa do Golfo e da gasolina subiu 19%, por exemplo.

Leonardo de Santana, analista da Top Gain, disse que o mercado reflete os indicadores da China e aguarda a inflação nos EUA. “Ontem foi a balança comercial e hoje o índice de preços ao consumidor que estressam o mercado, petróleo subindo e puxa a Petrobras, já minério de ferro fechou no positivo, mas não é suficiente para animar a Vale, commodities e setor financeiro caem o mercado está apreensivo com o CPI nos Estados, amanhã, que vai definir os rumos da economia norte-americana, principalmente, em relação à taxa de juros; se [os dados] vierem mais baixos, podemos precificar uma estabilização dos juros por lá”.

Dierson Richetti, especialista em investimentos e sócio da GT Capital, disse que o Ibovespa opera no negativo pelo sétimo dia consecutivo. ” A queda tem relação com o mau humor lá fora após os dados de inflação chinesa que vieram acima do esperado pelos analistas. Ontem o país divulgou a balança comercial, que também desagradou o mercado e aumentaram os temores dos investidores em relação à recuperação econômica chinesa. Internamente, o recuo é muito em virtude dos balanços apresentados tanto ontem após o pregão quanto hoje antes da abertura dos negócios”.

Gabriel Meira, economista e sócio da Valor Investimentos, disse que a China volta a pressionar a Bolsa. “Após a balança comercial de ontem, hoje os dados de deflação da China vieram ruins, o que mostra a fraqueza da retomada da economia chinesa e acaba batendo no nosso mercado. As vendas no varejo ficaram estáveis e os investidores ficam à espera do CPI amanhã para saber se o Fed sobe ou mantém a taxa de juros, tudo isso tem gerado estresse”.

Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos disse que a China e os dados de varejo aqui impactam no Ibovespa. “As vendas no varejo em junho vieram como esperado, mas mostram estabilidade e, a tendência é que no segundo semestre do ano elas sejam bem estáveis ou em leve queda em algum momento, com isso parece que o crescimento do PIB em torno de 2% e 2,2% deve ser muito pelo que aconteceu no primeiro trimestre e segundo trimestre e a atividade terá uma estagnação no segundo semestre. Mas o ano que vem com corte de juros, a tendência é melhorar. As ações caem pela China e varejo”.

Ubirajara da Silva, gestor de renda variável, disse que o mercado fica na espera do CPI [inflação ao consumidor, sigla em inglês] nos Estados Unidos. “O petróleo está subindo, vale destacar a alta dessa commodity nas últimas semanas e a defasagem de Petrobras que está muito grande, vamos ver se empresa vai se posicionar em relação a isso; as commodities metálicas não estão indo bem e podem refletir os dados da China por aqui as vendas de varejo vieram melhor que as expectativas, mas os números ainda fracos, crescimento próximo de zero de um ano em relação a outro e o mercado espera IPCA no Brasil na sexta-feira”.

O dólar comercial fechou em alta de 0,16%, cotado a R$ 4,9050. A moeda, que apresentou volatilidade ao longo da sessão, refletiu as incertezas que envolvem a China e, especialmente, os Estados Unidos.

Segundo o economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi,”o momento é difícil para o câmbio, já que está todo mundo sem convicção do que fazer. O mais natural seria o dólar flutuar entre R$ 4,70 e 4,90″.

Borsoi explica que o mercado tenta entender quais serão os próximos passos do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), e que a inflação norte-americana, que será divulgada amanhã, pode ser um bom indicativo.

Embora os fatores sejam globais, Borsoi acredita que no final das contas o real pode decepcionar por não ter aproveitado o bom momento doméstico, e que a economia brasileira mostra sinais de desaceleração.

Para o head de tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, “o que pesa para o real é que as commodities caíram nos últimos dias. Do final de julho para cá, o minério de ferro recuou 10% e a soja caiu 11%”.

Weigt entende que o driver de hoje, assim como nas últimas sessões, é a China, e que a inflação nos Estados Unidos deve balizar o câmbio nos próximos dias.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecham majoritariamente em baixa. O cenário é causado pela retração da atividade econômica da China, mostrada pelos dados de inflação divulgados ontem. Além disso, o mercado segue à espera dos números do Indice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês), que mostra a inflação nos Estados Unidos.

O DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 12,460 % de 12,448% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 10,430 % de 10,445 %, o DI para janeiro de 2026 ia a 9,880 %, de 9,865 %, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 10,020 % de 9,985 % na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão desta quarta-feira em queda, com as expectativas dos investidores em torno do Índice de Preços ao Consumidor (CPI, sigla em inglês) que será divulgado amanhã.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: -0,54%, 35.123,36 pontos
Nasdaq 100: -1,17%, 13.722,0 pontos
S&P 500: -0,70%, 4.467,71 pontos

Com Paulo Holland, Camila Brunelli e Larissa Bernardes / Agência CMA