Por Gustavo Nicoletta
São Paulo – A força-tarefa da operação Lava Jato em São Paulo denunciou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seu irmão, Frei Chico, por corrupção passiva continuada referente a pagamentos feitos pela Odebrecht. Os donos da construtora, Emilio e Marcelo Odebrecht, e o ex-diretor da empresa, Alexandrino de Salles Ramos Alencar, foram denunciados por corrupção ativa continuada.
De acordo com o MPF, entre 2003 e 2015 Frei Chico recebeu R$ 1,131 milhão em mesadas da construtora. Os pagamentos foram autorizados por Emilio Odebrecht e posteriormente mantidos por Marcelo, com o objetivo de manter uma boa relação com Lula e evitar que a Petrobras afetasse os negócios da família no setor petroquímico.
Frei Chico chegou a trabalhar como consultor da Odebrecht desde a década de 1990 até 2002, mas depois disso, segundo o MPF, não houve continuidade na prestação de serviços, embora os pagamentos tenham continuado.
“Ao ser interrogado, Frei Chico admitiu que recebeu pagamentos da Odebrecht, alegando, em sua defesa, que as consultorias que prestava continuaram depois de 2003. Porém, mesmo dada oportunidade, não apresentou quaisquer provas nesse sentido”, disse o MPF em nota.
Os crimes de corrupção passiva e corrupção ativa têm pena de 2 a 12 anos de prisão e multa. Na modalidade continuada, as penas podem ser aumentadas de um sexto a dois terços. Ou seja, se condenados, Lula e Frei Chico poderão receber sentenças de 2 anos e 4 meses a 20 anos de prisão. O MPF requer que os acusados sejam punidos na medida de sua participação no episódio.