Bolsa tem leve queda puxada por exterior em meio à preocupação com China; dólar sobe

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São Paulo – A Bolsa fechou em leve queda em meio a um cenário externo mais negativo diante da fraqueza da economia chinesa, o que reflete nas commodities metálicas, peso da Eletrobras (ELET3 e ELET6) em meio à renúncia do CEO da empresa, Wilson Ferreira Jr, e queda dos bancos.

As ações da Petrobras (PETR3 e PETR4) fecharam mistas, após operarem boa parte do pregão em alta com o reajuste dos combustíveis e chegou a ajudar os negócios. Alguns analistas dizem que a valorização oculta sobre a situação real do Ibovespa, enquanto outros especialistas dizem que segura a queda do índice. PETR3 caiu 0,35% e PETR4 subiu 0,55%. A ação de maior peso na Bolsa, a Vale (VALE3) fechou em baixa de 1,26%. Os papéis da Eletrobras (ELET3 e ELET6) caíram 3,57% e 3,66%. Os bancos caíram em bloco.

O papel da Gol (GOLL4) despencou e foi a principal queda do Ibovespa, com perda de 12,71% após o conselho de administração da empresa aprovar a emissão de bônus de subscrição de ações. A emissão será de até 1.891.302.910 de ações preferenciais ao preço de R$ 5,84. Segundo um analista, “o mercado se assustou com a subscrição e é inevitável arrastar as outras ações do setor”. A Azul (AZUL4) acompanhou e cedeu 7,01%.

Na ponta positiva, Vibra (VBBR3) e BRF (BRFS3) foram os destaques de alta, com 6,60% e 6,09%. A Vibra subiu após reajuste de combustíveis e a BRF em reflexo ao balanço do 2T23, que apesar de ter registrado prejuízo de R$ 1,34 bilhão, alguns analistas enxergam pontos favoráveis no resultado como geração de caixa.

Mais cedo, a Petrobras reajustou o preço dos combustíveis agora pela manhã para as distribuidoras e vale a partir de amanhã. O aumento de será de R$ 0,41 por litro o preço médio de gasolina A, ficando em R$ 2,93 por litro. O diesel sobe R$ 0,78 por litro e o preço médio de venda de diesel A para as distribuidoras, que passará a ser de R$ 3,80 por litro. O mercado esperava esse reajuste, uma vez que os preços estão defasados em relação ao mercado internacional.

Na China, a taxa de juros de 1 ano foi reduzida de 2,75% para 2,5% ao ano e o governo injetou US$ 55,24 bilhões em crédito na economia; as vendas no varejo subiram 2,5% e ficaram abaixo das expectativas 4,5%; a produção industrial cresceu 3,7% anualizado e consenso era 4,4%.

O principal índice da B3 caiu 0,54%, aos 116.171,42 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em agosto perdeu 0,83%, aos 115.745 pontos. O giro financeiro foi de R$ 21,5 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam em queda.

Gabriel Meira, economista e sócio da Valor Investimentos, disse que a Bolsa tem sido penalizada por China. “A Bolsa tem caído muito em linha com o cenário externo por conta dos dados chineses-varejo, produção industrial- e o corte na taxa de juros para instituições financeiras isso mostra que a China tem tido dificuldade em retomar com sua economia e se traduz em uma economia mais reticente ao redor do globo”.

Arlindo Souza, analista de ações da casa de análises do TC, disse que a maioria dos papéis “contribui para a queda do índice, mas a Petrobras com a notícia do reajuste do diesel e da gasolina ajudou bem as ações da companhia, que chegou a subir mais de 4%, recuou um pouco mais ainda sobe 2% e segura a queda do Ibovespa”.

Matheus Spiess, analista da Empiricus Research, disse que vários fatores impactam no Ibovespa e a alta de Petrobras camufla a realidade do Ibovespa.

“Caminhamos a 11a queda consecutiva, a maior na história recente e a alta da Petrobras por conta do reajuste [dos preços dos combustíveis] faz com que o Ibovespa minta sobre as verdadeiras condições da Bolsa; por aqui bancos pesando que podem ser chamados para pagar a conta do governo com atraso na agenda para aprovação do arcabouço fiscal, a renúncia do Wilson Ferreira Jr [Ceo da Eletrobras] pegou mal, são várias sinalizações ruins e no exterior o dia começou no negativo na Europa, Estados Unidos e na Ásia com os dados fracos da China. Por mais que tenha pacote estímulos, ele veio tarde e não foi suficiente; precisa de um pacote de estímulos grande para manter a meta de 5% [crescimento], senão frusta a expectativa para a economia global e países emergentes, o dia está ruim para as commodities; Vale caindo; dia ruim para aéreas, a subscrição não agradou o mercado e [as aérea] são sensíveis a ciclo de combustíveis e não conseguem repassar; setor de consumo também está difícil; as vendas no varejo nos Estados Unidos vieram melhores que o esperado e talvez tenha espaço para mais uma alta de juros por lá”.

Apesar do dia mais negativo, Spiess ainda mantém o cenário positivo para o Ibovespa até o fim do ano. ” A gente ainda é construtivo de alta para o Ibovespa por conta da postergação da recessão nos EUA, ciclo de corte de juros no Brasil e expectativa de estímulos para a China”.

Bruno Komura, analista da Potenza Investimentos, disse que o reajuste nos preços dos combustíveis impulsionou a Bolsa. “O mercado gostou bastante e tira um peso muito grande sobre a Petrobras, apesar de ter um impacto na inflação, o risco de reajustar é o desabastecimento de diesel no mercado brasileiro”.

Um gestor de um grande banco de investimentos disse que o reajuste nos preços dos combustíveis foi positivo porque “tira o fantasma de ficar segurando os preços, mas lá fora impede que a Bolsa suba mais e a Vale cai acompanhando as mineradoras em Londres, que recuam em média 1%”.

O dólar comercial fechou em alta de 0,43%, cotado a R$ 4,9867. A moeda refletiu, ao longo da sessão, as dificuldades da economia chinesa em voltar a crescer consistentemente.

De acordo com o sócio da Pronto! Invest Vanei Nagem, o câmbio está pressionado por fatores externos, e que a desaceleração da China impacta diretamente o desempenho do real, com saída de dólar do país.

Nagem, contudo, acredita que a queda do real é exagerada, e que o mercado enxerga este movimento com cautela.

Segundo o analista da Potenza Investimentos Bruno Komura, “os juros e o câmbio parece que ainda refletem o sentimento negativo vindo da China”.

Para Komura, a grande injeção de dinheiro na economia dos Estados Unidos faz com que ainda exista muito dinheiro na poupança, “o que dificulta o trabalho do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano)”.

O varejo nos Estados Unidos subiu 0,7% em julho ante projeções de +0,4%).

Komura pontua que, assim como ontem, a China vem apresentando constantes resultados decepcionantes, o que afeta diretamente o dólar.

Na China, a produção industrial avançou, em julho, 3,7% (consenso de +4,3%), enquanto as vendas no varejo subiram 2,5% (consenso de +4,0%) e os ativos fixos avançaram 3,4% (consenso de +3,7%).

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecham em alta em dia de volatilidade, acompanhando o pessimismo global. O mercado reflete as incertezas com a economia chinesa, que dá sinais de dificuldade para retomar o crescimento. Por volta das 16h35 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 12,460 % de 12,450% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 10,505% de 10,455 %, o DI para janeiro de 2026 ia a 10,030 %, de 9,965 %, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 10,210 % de 10,145% na mesma comparação. No mercado de câmbio, o dólar operava em baixa, cotado a R$ 4,9885 para a venda.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo negativo à medida que uma semana com foco no varejo começou mostrando uma contínua resiliência do consumidor nos Estados Unidos, enquanto a China pintava um quadro sombrio para a segunda maior economia mundial.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: -1,02%, 34.946,33 pontos
Nasdaq 100: -1,14%, 13.631,0 pontos
S&P 500: -1,15%, 4.437,82 pontos

Com Soraia Budaibes / Paulo Holland / Camila Brunelli / Darlan de Azevedo / Agência CMA.