São Paulo-A Bolsa fechou em queda pela 13 sessão seguida, recorde histórico, e na faixa dos 114 mil pontos, com o aumento das taxas dos títulos de 10 anos do Tesouro nos Estados Unidos, que mudaram de patamar-beirando os 4,30% ao ano- e está mexendo com os ativos em todo o mundo. A última vez que a taxa esteve nesse nível foi nos anos 2000.
A China e o cenário político interno seguem no radar dos investidores.
As ações da Vale (VALE3) que chegaram a subir bem no início da manhã, fecharam em alta de 1,40%. Petrobras (PETR3 e PETR4) cederam 0,75% e 0,31%. Os bancos caíram em bloco. O setor cíclico caiu.
O principal índice da B3 caiu 0,52%, aos 114.982,30 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em outubro perdeu 0,62%, aos 117.080 pontos. O giro financeiro foi de R$ 27,1 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam em queda.
Rafael Weber, head da RJI Gestão e Investimentos, disse que o fator determinante para a queda na Bolsa é a mudança de patamar da taxa de juros dos T-10. “Os títulos de 10 anos do Tesouro norte-americano estão sacudindo os ativos aqui e no mundo por causa da inflação que está alta por lá. As taxas estão beirando 4,30%. Apesar da inflação estar desacelerando, ainda é desconfortável conforme o Fed colocou na ata [da última reunião de julho divulgada ontem] e os juros podem ficar muito tempo alto ou podem chegar a subir um pouco mais. Se isso acontecer, pode mexer com a estrutura de curva [juros] dos Estados Unidos”.
Weber ressaltou que “a taxa livre de risco está mudando de patamar, mais aumento de taxa livre de risco menos fluxo futuro a ser trazido a valor presente e o preço das ações tem que ser ajustado pra baixo; esse movimento mostra uma reprecificação da Bolsa e do real”.
Bruna Sene, analista da Nova Futura Investimentos, disse que as commodities se recuperam, mas os bancos pesam e estão operando perto das mínimas. “O pano de fundo é o exterior com o mercado monitorando a China e preocupação com o rumo dos juros nos Estados Unidos, mas a ausência de notícias positivas no interno também não ajuda, setor cíclico pesa no índice com os DIs subindo e o setor de utilidade pública melhora, com destaque para as elétricas; no doméstico, o mercado está de olho na questão política com a falta de resolução dos ministérios em meio à cobrança do Centrão e enquanto isso podemos ter atrasos nas reformas; mercado fica atento à entrevista de Roberto Campos Neto”.
Bruna disse que o próximo suporte para o Ibovespa à vista é de 114.500 mil, mas “estou na expectativa de alguma recuperação, não é comum essa sequência negativa sem nenhum respiro, estou esperando chegar”.
O dólar comercial fechou em queda de 0,11%, cotado a R$ 4,9813. A moeda refletiu, ao longo da sessão, as dúvidas sobre a economia chinesa e os próximos passos do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano).
Para o head de Tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, o dólar está em linha com as outras moedas, e que a subida, pela manhã, das taxas de juros futuras dos Estados Unidos favoreceram a divisa norte-americana.
Weigt entende que o movimento de hoje também é influenciado pela China, já que as commodities ganham força.
Caso a questão fiscal doméstica avance, observa Weigt, na próxima semana, o real tende a ganhar força e voltar a operar em linha com seus pares emergentes.
As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecham em alta, ainda refletindo o tom mais hawkish que a ata do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) imprimiu na tarde de ontem e as decorrentes dúvidas sobre novas altas dos juros. As treasuries (títulos do Tesouro norte-americano) também operam em alta.
O DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 12,450 % de 12,445% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 10,540% de 10,530%, o DI para janeiro de 2026 ia a 10,130%, de 10,055 %, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 10,340% de 10,130% na mesma comparação.
Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam a sessão em queda à medida que os investidores digeriram a mais recente rodada de balanços e dados econômicos, enquanto os juros dos Treasuries subiram para novas máximas.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:
Dow Jones: -0,84%, 34.474,83 pontos
Nasdaq 100: -1,17%, 13.316,9 pontos
S&P 500: -0,77%, 4.370,36 pontos
Com Paulo Holland, Dylan Della Pasqua e Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência CMA