Bolsa sobe e dólar cai na espera por corte de juros pelo BCE e incentivos econômicos da China

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Por Danielle Fonseca e Flavya Pereira

São Paulo – O Ibovespa fechou em alta de 0,40%, aos 103.445,60 pontos, refletindo a alta dos principais mercados acionários no exterior, que subiram à espera de cortes de juros na reunião do Banco Central Europeu (BCE) amanhã, e a valorização de ações de varejistas, após dados mais fortes de vendas no varejo. Porém, alguns papéis de peso para o índice impediram que ele acelerasse ganhos, como os da Petrobras, de bancos e de siderúrgicas. O volume total negociado foi de R$ 17,6 bilhões.

Segundo o analista da Terra Investimentos, Régis Chinchila, a reunião do BCE amanhã, com expectativa de que possam ser anunciados pacotes de compras de ativos ou cortes de juros, além de possíveis novos estímulos econômicos na China, seguiram no radar de investidores, já que podem ajudar a afastar temores de uma desaceleração.

No entanto, o analista de investimentos do banco Daycoval, Enrico Cozzolino, acredita que algumas ações, como as de bancos e da Petrobras, “seguraram o viés de bom humor do Ibovespa hoje”. Para ele, o patamar dos 103 mil pontos também uma “resistência de curto prazo” importante, que tem se mostrado difícil de ser rompida por enquanto.

As ações da Petrobras (PETR3 -1,76%; PETR4 -0,44%), que subiam mais cedo, fecharam em queda com um aprofundamento das perdas dos preços do petróleo, que refletiram a notícia de que o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, discutiu amenizar as sanções sobre o Irã, além de dados que mostram perspectivas de baixa demanda.

Já as ações de bancos operaram sem uma tendência definida hoje, mas mostrando maior fraqueza. As maiores quedas do setor foram dos papéis do Banco do Brasil (BBAS3 -2,37%), que também ficou entre as maiores baixas do Ibovespa, e do Santander (SANB11 -1,44%). Investidores também observam a demissão do secretário especial da Receita Federal, Marcos Cintra, depois de apresentação da proposta da nova CPMF ontem, o que foi mal recebido pelo Congresso e poderia trazer algum impacto para o setor financeiro.

Os papéis da Vale (VALE3 -0,60%) foram outros que mostraram pouca força e fecharam em baixa, assim como as siderúrgicas, com CSN (CSNA3 -3,08%) e Gerdau (GGBR4 -2,14%) entre as maiores perdas do índice, refletindo relatório do Bradesco BBI, que cortou preços-alvo de ações do setor. Ainda entre as maiores baixas ficou a Ultrapar (UGPA3 -2,61%).

Já as maiores altas do Ibovespa foram da MRV (MRVE3 9,02%), que refletiu mudanças no programa Minha Casa, Minha Vida, e de varejistas como Pão de Açúcar (PCAR4 6,06%) e Magazine Luiza (MGLU3 6,06%), que se recuperaram depois de fortes perdas ontem diante de vendas do varejo mais fortes que o esperado pelo mercado.

Amanhã, a decisão do BCE e depois a última coletiva do presidente da autoridade monetária, Mario Draghi, devem dar o tom dos mercados no curto prazo, que depois deverá aguardar a reunião do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) na semana que vem. “O cenário base é de redução de juros, não devemos ter novidades”, acredita o analista do Daycoval.

O dólar comercial fechou em queda de 0,78% no mercado à vista, cotado a R 4,0650 para venda – no menor valor em quatro semanas – influenciado pelo mercado doméstico em meio números mais positivos da economia local e fluxo. Enquanto no exterior, investidores seguiram à espera da decisão do Banco Central Europeu (BCE) amanhã.

“O movimento foi uma resposta ao otimismo dos investidores frente a bons sinais sobre a economia brasileira, principalmente, pelo resultado positivo das vendas no varejo nacional. Além disso, no exterior, potenciais concessões da China na guerra comercial com os Estados Unidos ajudaram a manter esse bom humor por aqui local”, comenta o analista de câmbio da Correparti, Ricardo Gomes Filho.

Para o analista da Quantitas, Matheus Gallina, os números do varejo nacional, “bem” acima do esperado, com alta de 1,00% em julho ante projeção de -0,30%, dão um “novo gás” para uma releitura da economia local. “Mostra um pouco mais de confiança. E os dados de atividade começam a traz uma nova dinâmica para o mercado”, diz.

Amanhã, as atenções se voltam ao BCE que divulgará a decisão de política monetária na zona do euro. “O mercado está monitorando os bancos centrais globais para avaliar as conduções de política monetárias e os reflexos nas economias”, comenta Gallina. A expectativa do mercado é de que seja anunciado um pacote de estímulos para a economia na Europa.