RADAR DO DIA: Juros nos EUA; Selic no Brasil; Ibovespa de mau humor

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São Paulo, 22 de setembro de 2023 – Os índices futuros americanos e as bolsas europeias abriram em instabilidade. A semana termina com o mercado ressabiado diante de possíveis
novos aumentos dos juros patrocinado pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano). Nesta semana, o Fed manteve os juros entre 5,25% e 5,50%, mas deixou claro que novos aumentos devem acontecer até o fim do ano, além de confirmar que as taxas deverão ficar em patamares elevados por mais tempo, até que a inflação volte à meta de 2%.

Hoje pela manhã, o Banco do Japão (BoJ) manteve inalterada sua política monetária, de deixar os juros a -0,1% e o dos rendimentos de títulos a 0%. A decisão foi unânime. Também foi divulgada a inflação de agosto japonesa, chegando a 3,2%. O índice ficou 0,1% abaixo do registrado em julho, quando ficou em 3,3%. Já na área da capital japonesa Tóquio, o índice de preços ao consumidor de agosto ficou em 2,9%, abaixo dos 3,2% registrados em julho

Por aqui, o mercado também não ficou muito animado com a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de cortar a Selic em 0,50 ponto percentual (p.p.), o que já era esperado. Mas o andamento da reforma tributária e a possibilidade do déficit zero nas contas do governo para 2024 parecer cada vez mais inatingível, deixam os investidores com sensação de que o Banco Central pode diminuir a ritmo de queda na Selic em breve.

A arrecadação total das Receitas Federais atingiu, em agosto de 2023, o valor de R$ 172,7 bilhões, registrando decréscimo real (IPCA) de 4,14% em relação a agosto de 2022. No período acumulado de janeiro a agosto de 2023, a arrecadação alcançou o valor de R$ 1,517 trilhão, representando um decréscimo pelo IPCA de 0,83%. Foi a terceira queda consecutiva na arrecadação do governo.

O economista Tiago Sbardelotto, da XP, disse que a queda nos preços das commodities e, em menor medida, a desaceleração econômica afetaram tanto os tributos sobre lucros quanto o imposto de importação.

Segundo Sbardelotto, a receita ligada a essa contribuição continua muito abaixo do esperado, pois a exclusão dos créditos de ICMS de sua base de cálculo, que poderia gerar um ganho de cerca de R$ 4,6 bilhões por mês (de acordo com estimativas do governo) a partir de junho, ainda não mostrou efeitos significativos. Por fim, os ganhos com medidas temporárias, como o imposto de exportação sobre petróleo bruto ou o programa de redução de litígios, foram menores do que o esperado.

Ontem, a Bolsa brasileira encerrou o pregão desta quinta-feira em forte queda de de 2,16%, aos 116.123,66 pontos. O volume financeiro do mercado foi de aproximadamente R$ 19,3 bilhões, seguindo as baixas dos mercados no exterior, com investidores rebaixando suas expectativas após as sinalizações mais duras dadas pelo banco central dos Estados Unidos, na sessão da véspera. O movimento negativo também refletiu nas commodities, impactando pesos pesados do Ibovespa, como Vale e Petrobras.

Em Brasília, o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reforçou o compromisso do governo federal com a meta fiscal após o Banco Central incluir em seu comunicado após a decisão do Comitê de Política Monetária (Compom) a importância de cumprir a meta fiscal estipulada. “Com o apoio do Congresso, tenho certeza de que vamos continuar avançando, no sentido correto, de não aprovar novas despesas, novas desonerações, e corrigir as distorções tributárias que acumulamos nos últimos anos”, explicou Haddad.

No setor corporativo, a Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais (Usiminas) informou que conseguiu na Justiça a suspensão do bloqueio judicial de suas contas bancárias no valor de R$ 346 milhões. A decisão foi proferida pelo desembargador Fábio Torres de Sousa, do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais. O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) tinha conseguido uma decisão liminar da Justiça determinando o bloqueio deste valor da Usiminas, sediada em Ipatinga, no Vale do Aço. A decisão atendeu ao pedido do MPMG que propôs uma Ação Civil Pública (ACP) contra a empresa, em julho deste ano, requerendo reparação por dano moral coletivo em razão da emissão de poluentes em desacordo com os padrões especificados pela legislação ambiental em vigor, causando poluição atmosférica.

O Itaú Unibanco anunciou a utilização de ferramenta de inteligência artificial que contextualiza a performance de investimentos, disponível no aplicativo Ion, para ajudar os investidores a entenderem motivos que impactaram a performance dos portfolios.

A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) vai encerrar em 30 de setembro o prazo para a comprovação das metas individuais de descarbonização para distribuidores de combustíveis fósseis referentes ao ano de 2022, no âmbito do RenovaBio. Até ontem (20/9), 66 distribuidores já haviam cumprido suas metas, tendo sido aposentados cerca de 32,4 milhões de créditos de descarbonização (CBIOs) referentes à meta de 2022, o que corresponde a aproximadamente 88% da meta total, de 36,7 milhões de CBIOs, dos distribuidores de combustíveis, informou a agência.

A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) realizou audiência pública sobre a minuta de acordo com a Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de São Paulo (Arsesp), para estabelecer condições possíveis e necessárias para que o gasoduto Subida da Serra possa operar de acordo com as legislações federal e estadual.

Será encerrado no próximo dia 28 o prazo para apresentação de declarações de interesse e garantias de oferta para setores a serem incluídos nos ciclos abertos da Oferta Permanente: 4º Ciclo da Oferta Permanente de Concessão (OPC) e 2º Ciclo da Oferta Permanente de Partilha da Produção (OPP). No caso da OPP, é preciso apresentar também os documentos de qualificação até essa data.

A redução da taxa Selic, a taxa básica de juros da economia brasileira, de 13.25% para 12,75% ao ano, anunciada ontem (20) pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil, é positiva para o investimento na Bolsa e pode afetar o mercado de ações, com efeitos diretos e indiretos no preço dos ativos da Bolsa brasileira, segundo analistas. Diante do interesse dos investidores à forma como as variações na taxa básica de juros da economia brasileira podem influenciar o mercado de ações, a Nova Futura Investimentos cita, entre os fatores que podem impactar a avaliação dos papéis estão custo de oportunidade, desconto de fluxo de caixa, impacto no endividamento das empresas e nas expectativas dos investidores.