Bolsa fecha em queda com temor de inflação e juros altos por mais tempo; dólar sobe

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São Paulo – O Ibovespa encerrou em forte queda, no patamar dos 114 mil pontos, seguindo o movimento de queda das principais bolsas europeias e dos principais índices norte americanos, após decisão hawkish do banco central americano, além de dados de inflação e a ata do Copom. Analistas também avaliam que o comunicado do Banco Central indicou que o corte de juros não será como o mercado esperava.

As cotações de petróleo voltaram a subir, adicionando mais um fator de preocupação com a inflação, enquanto o minério de ferro caiu, impactando as ações da Vale (-1,56%) e Petrobras (PETR3, -2,75%; PETR4, -2,30%). Juntas, elas têm 26,4% de peso no Ibovespa, derrubando o índice.

Já os papéis da Eletrobras (ELET3, +0,91%; ELET6, +1,88%) chegaram a subir perto de 3%, encerraram o pregão entre as maiores altas do Ibovespa, após a companhia informar uma mudança na sua diretoria executiva, que foi bem recebida pelos analistas.

O principal índice da B3 recuou 1,49%, aos 114.193,43 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em outubro caiu 1,85%, aos 114.870 pontos. O giro financeiro foi de R$ 18,3 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam em queda.

As maiores altas foram de BRF, Eletrobras, Casas Bahia, Natura e CVC, enquanto as piores quedas foram de Petz, Pão de Açúcar, Lojas Renner, Grupo Soma e Loceweb.

Para Marco Prado, CIO da BullSide Capital, que atribuiu a baixa da Bolsa à perspectiva de inflação brasileira. “Mais uma vez, embora em linha, a inflação brasileira, o comunicado do Banco Central mostra que o corte de juros não será como o mercado espera”, opina.

Gabriel Costa, analista da Toro Investimentos, avalia que a ata do Copom indicou, por um lado, que a desinflação segue ocorrendo, motivada por uma melhora na inflação de serviços, mas, por outro, mostrou um tom mais duro em relação às questões fiscais do País. “No texto, os membros mencionaram receios com a execução do arcabouço fiscal e ressaltaram a manutenção dos esforços com a proposta.”

“Além disso, a ata encerrou de vez os anseios por uma queda na Selic de maior magnitude nas próximas reuniões. O comunicado ressaltou que novos cortes de 0,5 pp devem ocorrer e que a possibilidade de maiores reduções são remotas e só se darão em função de surpresas positivas que não estão no radar”, acrescentou.

Já em relação ao aumento do IPCA abaixo do esperado, com destaque para o impacto da gasolina no indicador.

No exterior, a divulgação dos dados de confiança do consumidor nos Estados Unidos mostraram uma piora no sentimento em relação à última medição. Além disso, o indicador de venda de casas novas veio abaixo do esperado refletindo dificuldades enfrentadas pelo setor imobiliário por lá, frente as taxas de hipotecas elevadas.

“O movimento negativo da Bolsa é puxado pela alta dos juros futuros e com real perdendo a força para o dólar. As ações que sobem têm relação com notícias positivas ligadas a ela e não com o cenário macro. Já na ponta negativa, as empresas que mais caem são as que dependem da queda de juros para performar melhor, como varejo”, explica Vinícius Steniski, analista do TC.

Ele também destaca que a alta do petróleo também ajuda a elevar os juros. “O título de 10 anos do governo americano subiu muito nos últimos dias e também explica a queda das bolsas no Brasil e no mundo”, acrescenta.

O dólar comercial fechou em alta de 0,46%, cotado a R$ 4,9886. A moeda refletiu, especialmente no período da tarde, o temor com os próximos passos do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano).

O sócio da Pronto! Invest Vanei Nagem diz que “a situação lá fora não está boa, mas o dólar não sobe com força. Achamos que o Fed não vai mais aumentar os juros, mas deixá-los em patamar alto por ,mais tempo”.

Nagem também entende que a sinalização de que o Comitê de Política Monetária (Copom) não irá acelerar o ritmo de corte da Selic (taxa básica de juros) favorece o real, e vai além: “A ata deixou em aberto que pode parar os cortes a qualquer momento e isso favorece o carry do real. Estamos bem na comparação com os pares emergentes”, contextualiza.

De acordo com a Ajax Research, “lá fora, juros dos Treasury Bonds (títulos do Tesouro dos Estados Unidos) têm leve baixa e dólar opera próximo da estabilidade. O receio de uma política monetária apertada continua a impactar negativamente os ativos de risco. Por aqui, mercados devem acompanhar mau humor externo”.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) aceleraram alta após o leilão dos títulos do Tesouro norte-americano. Mais cedo, foram divulgados a ata referente à última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) e o Indice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA)-15, que pressionaram os DI na
abertura.

Por volta das 16h30 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 12,260% de 12,260 % no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 10,705% de 10,570%, o DI para janeiro de 2026 ia a 10,515%, de 10,305%, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 10,790% de 10,590% na mesma comparação. No mercado de câmbio, o dólar operava em alta, cotado a R$ 4,9855 para a venda.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam a sessão em queda, com o S&P 500 caindo para seu nível mais baixo em meses após os últimos relatórios de vendas de casas e confiança do consumidor suscitarem preocupações sobre o estado da economia dos Estados Unidos. O índice mais amplo caiu 1,4%, abaixo de 4.300 pela
primeira vez desde 9 de junho.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: -1,14%, 33.618,55 pontos
Nasdaq 100: -1,57%, 13.063,6 pontos
S&P 500: -1,47%, 4.273,52 pontos

Com Paulo Holland, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência CMA

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