Bolsa tem um dia de ‘alívio’ e fecha em alta, seguindo exterior; dólar cai

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São Paulo – O principal índice da B3 encerrou a sessão em alta de 1,22%, aos 115.730,76 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em outubro subiu 1,36%, aos 116.575 pontos. O giro financeiro foi aproximadamente R$ 16,4 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam em alta. Na Europa, as bolsas também subiram após cinco pregões seguidos de queda.

O Ibovespa fechou o pregão em alta e chegou perto dos 116 mil pontos, acompanhando as bolsas lá fora. Os investidores foram às compras para aproveitar oportunidades de ganho em papéis descontados e os mercados tiveram um dia de ‘respiro’, após a divulgação de indicadores que mostraram que a economia americana ainda está aquecida e que os juros devem continuar altos por mais tempo. O minério de ferro também subiu, impulsionando a Vale (VALE3; +1,62%). Já o petróleo caiu, em movimento de realização de lucros após dias de alta, levando as ações da Petrobras (PETR3 -061%; PETR4 -0,31%) para baixo, mas sem impactar a Bolsa.

Hoje, as duas gigantes da Bolsa, Vale e Petrobras, anunciaram uma parceria de dois anos para o desenvolvimento de soluções de baixo carbono e a avaliação de oportunidades conjuntas de descarbonização, abrangendo o desenvolvimento de combustíveis sustentáveis como o hidrogênio, metanol verde, biobunker, amônia verde e diesel renovável e de tecnologias de captura e armazenamento de CO2.

Os preços do minério de ferro marcaram o segundo dia de alta nesta quinta-feira. Mas, a expectativa é de que a liquidez no mercado à vista caia na próxima semana, devido ao feriado prolongado na China, que começa amanhã e vai até 6 de outubro, pelas comemorações do Dia Nacional da China e pelo Festival do Meio do Outono.

Amanhã, também saem indicadores importantes nos Estados Unidos, com destaque para a última leitura do índice de preços das despesas de consumo pessoal (PCE), prevista para sexta-feira. A leitura do PCE é a métrica de inflação preferida do Federal Reserve (Fed), o banco central de lá.

Entre as ações de maior peso, além da Vale, B3 e todos os grandes bancos subiram. Os destaques de alta foram CVC (CVCB3 +6,47%), EcoRodovias (ECOR3 +5,39%), Positivo (POSI3, +5,29%), Assaí (ASAI3 +5,26%) e Hapvida (HAPV3 +4,64%).

Na ponta negativa, apenas 9 ações caíram e menos de 1%, com destaque para 3R Petroleumn (RRRP3 -0,89%), Petrobras ON (PETR3 -0,63%), Gol (GOLL4 -0,45%), Gerdau e Gerdau Metalúrgica (GGBR4 GOAU4, -0,44%). As petrolíferas seguiram a Petrobras e fecharam em queda, exceto PetroRecôncavo (+0,64%).

Fabio Louzada, analista e fundador da Eu me banco, confirma que a subida do Ibovespa hoje acompanhou as bolsas americanas, além de ser impulsionada pela alta do minério e, consequentemente, da Vale. Os bancos também ajudaram. “Setor de mineração sobe acompanhando alta do minério enquanto Gerdau vai na contramão e cai. Eletrobras também opera no positivo após mudanças na gestão da empresa e finalização da operação de permuta de ativos com a Neoenergia”, avalia.

Já a queda do petróleo lá fora colaborou para a queda das ações de empresas do setor como Prio, 3R Petroleum e Petrobras. “Ontem os preços dispararam e hoje vemos um movimento de realização de lucros nas cotações”, diz o analista.

Ele avalia que a queda dos papéis da Gerdau é motivada por uma entrevista de Jorge Gerdau em que se mostrou preocupado com a oferta de aço chinês no mercado brasileiro. “Além disso, ele afirmou que a companhia deve realizar demissões devido ao fato de algumas usinas estarem ociosas. Entre as quedas, Klabin e Suzano também se destacam em movimento de realização de lucros”, comenta Louzada.

Piter Carvalho, head de mesa da Valor Investimentos, viu no movimento de alta uma possível busca por boas oportunidades, com os investidores provavelmente aproveitando ações que ficaram muito baratas após caírem muito. “O principal a destacar é a alta, mesmo com IGP-M vindo alto, a bolsa sobe. Quando há fortes quedas, alguns investidores saem às compras”, comenta.

No entanto, ele acredita que o movimento não vá durar muito, pois o cenário não mudou, com o PIB americanos bom, mostrando que a economia segue aquecida e juros de 10 anos ainda altos e falas de dirigentes do Fed com discurso mais duro. “Mas o adiamento do shutdown para novembro dá um respiro”, avalia. “Mas o cenário não mudou, as curvas de juros de 10 anos e 30 anos preocupam, deram uma leve recuada hoje, mas ainda estão altas, e isso faz com que elas fiquem irresistíveis para o investidor estrangeiro, que já tirou muito dinheiro por isso”, explica.

Carvalho acredita que o discurso do presidente do Fed, Jerome Powell, hoje à tarde, deve seguir o tom duro para manter a economia sob controle. “A alta dos juros ainda não teve o efeito esperado, por isso eles vão deixar os juros altos por mais tempo.”

Em relação ao noticiário e nacional, o head da Valor Investimentos considera que ainda não faz preço ainda. “Estamos de olho no aspecto fiscal. O Campos Neto mostrou que está alinhado com o governo, isso é importante, mostra que a democracia está funcionando. O mercado vai olhar o déficit, que deve ocorrer, mas o que investidor, principalmente, o estrangeiro, que tem olhar mais macro, e vai analisar como a questão foi resolvida”, conclui.

Em relação aos indicadores divulgados nesta quinta-feira, Stefany Oliveira, analista da Toro Investimentos, comenta que o movimento positivo de hoje na Bolsa foi de correção, após uma sequência de quedas consecutivas, atribuído à queda das Tresuries americanas, após altas muito relevantes. “Faz tempo que não víamos uma alta expressiva de 1%, com exceção de ontem, a Bolsa vinha em queda desde 21 de setembro, quando o mercado apresentou um movimento de queda mais agressivo, e hoje finalmente, corrigiu. Nem a queda do petróleo e da Petrobras foram suficientes para tirar o brilho da bolsa no pregão de hoje.”

Em relação aos indicadores, a analista comenta que os pedidos de seguro-desemprego nos Estados Unidos vieram um pouco melhor do que o esperado pelo mercado e avalia que impulsionou o movimento dos índices futuros norte-americanos. Já o crescimento trimestral do PIB veio em linha com o esperado. “Essa combinação de títulos e indicadores positivos impulsionou o índice futuro da bolsa brasileira para cima no início da manhã. Com a alta dos títulos, a bolsa caiu”, analisou.

Para a analista da Toro, amanhã promete ser um dia de grande volatilidade devido à divulgação de indicadores importantes, que, se vieram fora das expectativas, podem impactar as bolsas.

O dólar comercial fechou em queda de 0,13%, cotado a R$ 5,0393. A moeda demonstrou volatilidade ao longo de toda a sessão, com o mercado à espera de mais indicadores norte-americanos, que possam dar mais indícios dos próximos passos do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano).

De acordo com o economista-chefe do Banco Bmg, Flávio Serrano, “o mercado está sensível, qualquer indicador forte já afeta o movimento”.

Serrano explica que o alívio de hoje no real é pontual, e que os ativos de risco, como as moedas emergentes ligadas às commodities, sofreram sensível correção nos últimos dias.

Para Komura, os resultados dos Estados Unidos vieram em linha com o esperado pelo mercado, e mostram que a economia segue forte, afastando o temor de recessão, mas alerta: “De nada vai adiantar se a inflação e o payroll, na próxima semana, vierem muito fortes”.

Até a semana encerrada no dia 23 de setembro, ocorreram 204 mil novos pedidos de seguro-desemprego ante projeções de 217 mil.

Já o Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos cresceu 2,1% no segundo trimestre, minimamente abaixo das expectativas de +2,2%.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecham em queda, depois de dia de grande volatilidade. O mercado ainda digere os dados da economia norte-americana, divulgados nesta manhã, enquanto analistas se dividem sobre os próximos passos do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano).

Por volta das 16h30 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 12,255% de 12,280 % no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 10,945% de 10,935%, o DI para janeiro de 2026 ia a 10,720%, de 10,800%, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 10,935% de 11,040% na mesma comparação. No mercado de câmbio, o dólar operava em baixa, cotado a R$ 5,0363 para a venda.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam a sessão em campo positivo, enquanto Wall Street tentava recuperar algumas das acentuadas perdas deste mês e os traders monitoravam os juros dos Treasuries.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,35%, 33.666,34 pontos
Nasdaq 100: +0,83%, 13.201,3 pontos
S&P 500: +0,58%, 4.299,70 pontos

Paulo Holland, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência CMA