Bolsa fecha em alta puxada por IPCA, Vale e exterior; avança pela terceira semana seguida

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São Paulo – A Bolsa fechou em alta expressiva, na região dos 120 mil pontos, em dia de apetite ao risco com o cenário interno favorável, após a divulgação do Indice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que veio com um resultado benigno e agradou o mercado, commodities metálicas em alta e um exterior positivo contribuindo para encerrar a semana dos investidores em bom humor. O Ibovespa acumulou ganhos de 2,03% pela terceira semana seguida.

O indicador subiu 0,24% e a projeção era de +0,30%, no acumulado do ano em 12 meses avançou 4,82% até outubro contra expectativa de crescimento de 4,88%.

A Vale (VALE3) subiu 1,53% e as siderúrgicas avançaram em bloco também acompanhando a boa performance do minério de ferro. Na ponta positiva os destaques ficaram para MRV (MRVE3), que teve alta de 6,30%, apesar de ter soltado um resultado com prejuízo no trimestre.

O Grupo Soma (SOMA3) avançou 6,62% ainda refletindo o balanço divulgado na semana. Entre as quedas, Locaweb (LWSA3) e Lojas Renner (LREN3) lideraram as perdas de 5,29% e 4,35%. Bradesco (BBDC3 e BBDC4) caiu 1,26% e 1,44%. Todas as empresas impactadas pelo resultado no 3T23.

O principal índice da B3 subiu 1,28%, aos 120.568,14 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em dezembro avançou 1,33%, aos 121.830 pontos. O giro financeiro foi de R$ 23,5 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam em alta.

Elcio Cardozo, especialista em mercado de capitais e sócio da matriz capital, disse que o Ibovespa sobe com exterior e inflação oficial do País.

“A alta dos índices norte-americanos e a divulgação do IPCA, que veio abaixo do consenso de mercado, ajudam a impulsionar a Bolsa; além disso, estamos em um período de resultados trimestrais e muitas empresas apresentaram balanços acima das expectativas de mercado, fato que provocou uma valorização de quase 7% do Ibovespa nas últimas duas semanas”.

Já Vinicius Steniski, analista de ações do TC, disse que as commodities sobem na sessão de hoje “beneficiando as ações do segmento na bolsa, os DIS caindo por conta do IPCA puxam algumas empresas do varejo, turismo e construção civil, além do exterior positivo. É uma semana mais complicada para um direcionamento mais macro por causa de balanços, algumas empresas soltaram resultados dentro do esperado e outras não e acaba mexendo com o Ibovespa, perde correlação com indicadores macros”.

Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimentos, disse que o otimismo na Bolsa é interno com o IPCA. “O indicador tem se mostrado de forma recorrente dentro do conforme não trazendo nenhuma surpresa, ele vindo abaixo das expectativas não mudam as apostas para a taxa de juros [Selic] para as próximas reunião, mas valida que não está correndo tanto risco do Copom manter a Selic ou mesmo elevar, mas a continuidade de corte. Se não fosse o risco fiscal doméstico e o exterior, poderíamos esperar uma redução de 0,75pp em dezembro; a autoridade monetária chamou a atenção para esses dois pontos no comunicado e na ata e, são eles que vêm segurando a bolsa; a boa performance da Vale e siderúrgicas também ajudam no índice; as ações estão sendo beneficiada com dias recorrentes pela alta pelo minério”.

Em relação aos balanços, Lima disse que o resultado do Bradesco veio um pouco pior que esperado. ” Existem preocupações em relação ao provisionamento de perda, como crédito e inadimplência, e está caindo de forma isolada, não é motivo de pânico porque o último balanço também não veio bom; já a Petrobras veio pior que o mercado estava esperando, mas não foi tão distante; o mercado estava na expectativa de uma receita de R$129 bilhões e veio R$ 125 bilhões; o resultado está relacionado à precificação do petróleo, o preço da commodity que a gente tinha há um tempo atrás não é o mesmo que temos hoje, então o mercado esperava resultado mais fraco, não houve surpresa em relação aos dividendos”.

Paloma Lopes, economista da Valor Investimentos, disse que o IPCA de outubro veio melhor que o esperado e pode ajudar no movimento da bolsa.

“O índice ficou abaixo nossas expectativas, esperávamos +0,29% e veio +0,24% em outubro, o maior impacto foi o das passagens aéreas como já previsto. Com isso a inflação acumulada de 4,82% na janela de 12 meses e no ano alta de 3,75%, o fato de ter vindo abaixo das estimativas do mercado é bom porque a gente vê convergência da política monetária com boa expectativa do mercado com a política fiscal que está sendo colocada, vide a reforma tributária. Esse tipo de informação faz com que os agentes do mercado fiquem mais confortáveis e até viabilizando alta na Bolsa”.

O dólar comercial fechou em queda de 0,52%, cotado a R$ 4,9143. A moeda refletiu, ao longo da sessão, a expectativa de que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) não volte a subir os juros, apesar do tom duro dos dirigentes da instituição. Na semana, a divisa estadunidense teve alta de 0,36%.

Segundo o sócio da Ethimos Investimentos Lucas Brigato, “depois de três meses de pressão por todos os lados, bolsa, dólar e DI vêm dando um alívio pro bolso brasileiro. O fiscal doméstico conseguiu passar pela primeira prova, tendo aprovação da reforma rodando, que por si só já acalma o mercado”.

De acordo com o head de Tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, a que das Treasuries beneficia o real, mas alerta que o Fed tem tentado manter a cautela para que a curva de juros fique invertida e as condições financeiras fique afrouxadas.

Para a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmamalack, o tom mais duro de ontem trouxe incerteza sobre os juros finais nos Estados Unidos, de que o ciclo está em aberto: “O real sentiu esta sinalização”, avaliou.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em queda. Elas refletiram, ao longo da sessão, a retração das Treasuries e a inflação doméstica controlada.

Às 16h42 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 11,994% de 11,996% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 10,740% de 10,825%, o DI para janeiro de 2026 ia a 10,510%, de 10,660%, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 10,625% de 10,785% na mesma comparação. No mercado de câmbio, o dólar operava em queda, cotado a R$ 4,9104 para a venda.

Os principais índices de mercado dos Estados Unidos fecharam o pregão em alta, recuperando o terreno perdido na sessão anterior à medida que os juros dos Treasuries se estabilizaram. A alta da sessão encaminhou Dow Jones, Nasdaq e S&P para encerrar a semana com ganhos.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +1,15%, 34.283,10 pontos
Nasdaq 100: +2,05%, 13.798,1 pontos
S&P 500: +1,56%, 4.415,24 pontos

Confira abaixo a variação dos índices na semana:

Dow Jones: +0,65% Nasdaq 100: +2,37% S&P 500: +1,31%

Com Paulo Holland e Darlan de Azevedo / Agência CMA

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