Bolsa fecha em alta impulsionada por Petrobras e falas de dirigente do Fed

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São Paulo – A Bolsa fechou em alta, quase tocou o patamar dos 127 mil pontos, com apoio da Petrobras (PETR3 e PETR4) em dia de forte valorização do petróleo no mercado internacional, além de falas de dirigente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) mais favoráveis com expectativa de alívio nos juros norte-americanos.

A Vale (VALE3), ação de peso no índice, oscilou bastante no pregão de hoje, mas fechou em alta de 0,21%. As ações da Petrobras (PETR3 e PETR4) subiram 0,93% e 1,51%.

O principal índice da B3 subiu 0,64%, aos 126.538,32 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em dezembro avançou 0,60%, aos 127.235 pontos. O giro financeiro foi de R$ 21,9 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam mistas.

Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos, disse que o Ibovespa se aproximou dos 127 mil pontos na sessão de hoje [a máxima no interdiário foi de 126.916,00 pts], “guiado pela perspectiva de alívio nos juros dos EUA, que foi sustentada pelas falas de Christopher Waller, dirigente do Fed, de que está confiante no posicionamento da política monetária”.

Nishimura afirmou que as ações da B3 acompanharam o cenário mais positivo para o mercado de renda variável, “além do retorno do fluxo estrangeiro no Brasil e por perspectivas mais favoráveis para 2024, com investidores avaliando que o cenário macro parece abrir espaço para o retorno de IPOs”.

Leonardo de Santana, analista da Top Gain, disse que o Ibovespa tem um dia positivo puxado por commodities.

“Petróleo, ouro e cobre sobem, apesar de a Vale (VALE3) estar no zero a zero na sessão de hoje; embora os dirigentes do Fed estejam com falas mistas, ainda não defendendo o corte de juros, o mercado aposta que já nas primeiras reuniões de 2024 vai ter a redução das taxas, se o PCE [inflação, que será divulgada na quinta-feira, 30] vier mais baixo que o esperado, o mercado vai fortalecer essa ideia e daqui a duas semanas tem Super Quarta. O Powell [Jerome Powell presidente do banco central norte-americano] pode não defender a ideia o corte, mas o mercado vai continuar se apegando nisso; aqui está entrando muito capital, que ficou muito tempo parado nos treasuries”.

Elcio Cardozo, especialista em mercado de capitais e sócio da Matriz Capital, disse que o Ibovespa opera em alta “ainda que a prévia da inflação oficial divulgada na manhã de hoje tenha vindo um pouco acima do esperado pelo mercado. Os dados não fizeram peso no nosso índice. No mês, o Ibovespa se valoriza mais e 11%, em linha com os principais índices de ações no mundo. Esse bom humor dos mercados mundiais neste mês de novembro foi impulsionado pelo arrefecimento da curva de juros futuros nos Estados Unidos e, consequentemente, do Brasil, nas últimas semanas”.

Mais cedo, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou o Indice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), que acelerou em novembro de 0,33%, ante previsão do mercado de 0,28%. No acumulado em 12 meses até novembro, o índice registrou alta de 4,84%, a estimativa dos analistas era +4,79%.

Em relação às ações, Cardozo disse que o maior destaque negativo é Eneva (ENEV3), seguindo o movimento da véspera com a notícia de fusão entre a Vibra (VBBR3) com a Eneva.

“O sentimento do mercado é o de que tal fusão seria positiva para a Vibra e negativa para a Eneva, tendo em vista que Eneva enquanto Vibra se valoriza”. Eneva liderou as perdas em 3,06% e Vibra subiu 0,78%.

Felipe Leão, analista da Valor Investimentos, disse que o Ibovespa descola das bolsas em Nova York com apoio de Petrobras.

“A estatal está segurando o Ibovespa com o peso relevante que tem devido à alta do petróleo no mercado internacional, IPCA-15 apontou que a desinflação segue por aqui, mas sem alterar as perspectivas de corte da Selic já contratada. Nos EUA, os principais membros do Fed se recusam a travar o fim do ciclo do aperto [monetário] e investidores aguardam uma série de falas de dirigentes, uns dias antes do chamado período de silêncio [ a reunião do Fed será 12 e 13 de dezembro] enquanto analisam dados da economia em uma semana com dados do PIB e inflação lá fora”.

Lucca Ramos, sócio da One Investimentos, disse que o resultado do IPCA-15 reflete na pré-abertura do mercado.

“O dado veio acima da projeção do mercado subiu 0,33% e o BTG Pactual previa +0,27%; a maior variação veio de alimentação e bebidas (+0,82%), outro destaque impulsionando positivamente foi vestuário (+0,55%) e despesas pessoais (+0,52%), já vemos impacto marginal na abertura [dos negócios]”.

O dólar comercial fechou em queda de 0,56%, cotado a R$ 4,8713. O movimento ganhou força após o diretor do Fed Christopher Waller afirmar que a inflação norte-americana está perdendo força e rumando à meta desejada.

De acordo com o analista da Potenza Investimentos Bruno Komura, “o discurso do Waller, que disse que a inflação está caminhando para a direção correta, animou o mercado”.

Komura, contudo, acredita que uma recessão nos Estados Unidos, em 2024, é inevitável, com o cenário atual de juros restritivos, e que o cenário ainda é recheado de dúvidas.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) operam de lado, seguindo os Treasuries (títulos do Tesouro norte-americano) que passaram a cair por volta das 11h, quando houve falas de dois diretores do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) e agora diminuem queda, chegando perto da estabilidade.

Por volta das 16h35 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 11,904% de 11,914% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 10,435% de 10,415%, o DI para janeiro de 2026 ia a 10,110%, de 10,085%, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 10,205% de 10,210% na mesma comparação. No mercado de câmbio, o dólar operava em queda, cotado a R$ 4,8715 para a venda.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em ligeira alta, retomando seu rali de novembro, à medida que comentários de uma diretora do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) aumentaram a esperança de que o banco central pode não precisar aumentar ainda mais as taxas de juros.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,24%, 35.416,98 pontos
Nasdaq 100: +0,29%, 14.282 pontos
S&P 500: +0,09%, 4.554,89 pontos

Paulo Holland / Agência CMA

Camila Brunelli / Agência CMA

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