Por Danielle Fonseca, Flavya Pereira e Eduardo Puccioni
São Paulo – Após cair mais no início da manhã, o Ibovespa passou a oscilar com pequenas variações entre os campos positivo e negativo refletindo uma menor tensão em relação à questão do petróleo, com os preços da commodity passando a cair com mais força diante da previsão de que a produção saudita pode ser retomada mais rápido do que o previsto.
Por volta das 13h30 (horário de Brasília), o Ibovespa registrava alta de 0,56% aos 104.264,96 pontos. O volume financeiro do mercado era de aproximadamente R$ 7,2 bilhões. No mercado futuro, o contrato de Ibovespa com vencimento em outubro de 2019 apresentava avanço de 0,45% aos 104.625 pontos.
A notícia de que a produção de petróleo da Arábia Saudita será totalmente retomada nas próximas duas a três semanas ajudou as ações da Azul e da Gol acelerarem ganhos e a ficarem entre as maiores altas do índice, já que grande parte dos seus custos correspondem aos preços de combustíveis. No entanto, as ações da Petrobras ampliaram perdas e mostram as maiores quedas, ainda pesando negativamente sobre o índice. A estatal também afirmou que a alta de preços não deve ser repassada imediatamente às refinarias.
Ontem, os preços do petróleo fecharam em alta de 15% refletindo os ataques à Saudi Aramco, comprometendo 5% da produção mundial da commodity.
“O mercado reage à queda do petróleo hoje depois da alta exagerada ontem, quando ninguém sabia o que ia acontecer. Com isso, a Petrobras está caindo, devolvendo a alta, e o Ibovespa pode ficar no zero a zero”, disse o gerente da mesa de operações da H.Commcor, Ari Santos.
As bolsas europeias e norte-americanas também operam sem uma direção clara, com o índice Dow Jones em leve queda e o S&P e Nasdaq em ligeira alta. Além de investidores monitorarem a situação da produção de petróleo, é esperada a reunião do Fed amanhã, no mesmo dia da reunião do Copom. Embora a expectativa seja de quedas de juros, pode ser mantida alguma cautela em função das sinalizações que podem ser dadas sobre a continuidade do ciclo de corte.
Entre as ações, além dos papéis das companhias de aviação, estão entre as maiores altas as ações da MRV. A companhia anunciou a realização de sua assembleia geral extraordinária no dia 4 de outubro, na qual deve ser analisada a proposta de investimento na norte-americana AHS Residential. Ainda influenciam o Ibovespa a alta das ações da B3 e da Vale, que têm grande peso no índice.
O dólar comercial exibe oscilações frente ao real, mas tem alta firme acompanhando o exterior onde a moeda ganha terreno frente às principais moedas globais refletindo a cautela de investidores que avaliam os reflexos da disparada do petróleo na economia global e atentos à decisão de política monetária de bancos centrais ao longo da semana.
Por volta das 13h30, o dólar comercial registrava alta de 0,14%, sendo negociado a R$ 4,0960 para venda. No mercado futuro, o contrato da moeda norte-americana com vencimento em outubro de 2019 apresentava avanço de 0,29%, cotado a R$ 4,096.
Após os ataques à petrolífera estatal da Arábia Saudita no fim de semana, comprometendo a 5% da produção global, o economista da Toro Investimentos, Rafael Winalda, observa que a moeda estrangeria deverá exibir uma volatilidade acima da média nos próximos dias, além de reagir às decisões de bancos centrais. “O mercado segue mais cauteloso com essa questão do petróleo e à espera do cenário de juros”, diz.
Amanhã, tem a decisão do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) e do Banco Central brasileiro divulgam a nova taxa de juros, enquanto na quinta-feira tem a decisão do Banco do Japão (BoJ) e do Banco da Inglaterra (BoE). Mais cedo, saíram os dados da produção industrial nos Estados Unidos com alta de 0,6% em agosto frente julho, ante expectativa de +0,2%.
“Os dados acima do esperado deram uma mexida no mercado naquele momento porque reforça a leitura de que a economia norte-americana segue aquecida. Esses dados, somados a outros indicadores, podem trazer neutralidade no corte de juros amanhã”, avalia o economista. Se aqui, as apostas se concentram em corte de 0,50 ponto percentual (pp) pelo Comitê de Política Monetária (Copom), investidores globais veem o Fed mais contido podendo cortar 0,25 pp.
As taxas dos contratos futuros de Depósito Interfinanceiro (DI) acentuaram a queda na sessão de hoje na expectativa de mais um corte na Selic (taxa básica de juros), que deve ser promovida pelo Banco Central (BC) na reunião que termina amanhã. Outro ponto de estímulo é a espera pelo corte de juros nos Estados Unidos, também previsto para amanhã, pelo Fed.
Às 13h30 o DI para janeiro de 2020 tinha taxa de 5,205%, de 5,225% no ajuste de ontem; o DI para janeiro de 2021 estava em 5,23%, de 5,27%; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 6,30%, de 6,38% após o ajuste anterior; e o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 6,88%, de 6,97%, na mesma comparação.