São Paulo – A Bolsa fechou o primeiro pregão da semana em leve baixa, com investidores mais cautelosos à espera das últimas decisões sobre juros, perspectivas para os juros em 2024 e últimos indicadores econômicos do ano. Tudo isso vai influenciar as precificações do mercado e deve trazer volatilidade aos negócios ao longo da semana.
A semana é “a mais importante do mês”, segundo os analistas, começando pela divulgação de dados de inflação de novembro, nesta terça-feira (12), no Brasil, medida pelo Indice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), e nos Estados Unidos, a projeção para o Consumer Price Index (CPI). Mas os destaques serão os comunicados dos bancos centrais e decisões sobre os juros nas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC brasileiro e do Federal Open Market Comittee (Fomc), do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), começando na terça-feira (12) e se encerrando na quarta-feira (13). Além disso, na quinta-feira (14) o Banco Central Europeu (BCE) e o Banco da Inglaterra (BoE) realizam suas reuniões de política monetária. A semana ainda terá , como dados de atividade na China e decisão do Banco da Suíça (SNB).
O principal índice da B3 caiu 0,14%, aos 126.916,41 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em dezembro recuou 0,06%, aos 127.155 pontos. O giro financeiro foi de R$ 11,4 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam em alta.
Os papéis mais negociados foram de Magazine Luiza, B3, Hapvida e Petrobras PN. As maiores altas foram de Magazine Luiza, B3, Embraer, Sabesp e Suzano, e as maiores quedas, Pão de Açúcar, Braskem, Petz, Dexco e Raízen.
João Vítor Freitas, analista da Toro Investimentos, comentou que a Super Quarta é o grande evento da semana, além de dados de inflação nos Estados Unidos que devem sair antes da reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês). “O mercado operou em compasso de espera, meio morno, em dia de agenda esvaziada. Em relação à Super Quarta, os cenários de juros estão bem precificados, com o Fed mantendo a taxa atual (entre 5,25 e 5,5 pb), e aqui, 97% das apostas indicam uma queda de 0,5 pb, e algumas em 0,75 pb, o que é um cenário mais improvável”, comenta.
Caso essas expectativas em relação aos juros se confirmem, o analista acredita que o foco do mercado serão as indicações para as próximas decisões de política monetária. “As atenções devem se voltar ao próximo ciclo de corte de juros pelo Copom e a previsão de quando poderia começar um processo de corte dos juros nos Estados Unidos, que atualmente está para maio de 2024, especialmente no discurso do Jerome Powell. Como o Fed é ‘data-driven’, o dado de inflação pode trazer alguma surpresa”, finalizou Freitas.
Charo Alves, especialista da Valor investimentos, definiu o movimento de hoje como de “incertezas”, que fazem o investidor não comprar, nem vender. Com isso, a Bolsa segue de lado, não só aqui, mas também nos mercados globais. Em agenda esvaziada, hoje às 13h, tivemos um dado de expectativa de inflação ao consumidor, nos EUA, e isso é uma das variáveis que podem afetar o humor do investidor quanto à queda de juros lá fora. Mas veio levemente abaixo do esperado e acabou não fazendo preço. Já as decisões sobre juros e indicadores devem trazer volatilidade, então, teremos que aguardar.”
Fabio Louzada, economista, planejador financeiro e fundador da Eu me banco, entre os papéis do Ibovespa, o analista destaca que o Pão de Açúcar liderou as quedas do índice, após a notícia sobre o follow-on de R$ 1 bilhão de ações com o objetivo de diminuir a alavancagem. “A diluição das ações acaba sendo bem grande e prejudicando o investidor, que acaba saindo em peso do papel hoje”, comenta.
Outro papel que enfrentou forte queda foi o da Braskem, em reação aos desdobramentos recentes dos danos causados pela extração de sal-gema em Maceió (AL). “O governo de Alagoas entrou na Justiça para pedir a desapropriação da área afetada pelo afundamento da mina. No fim de semana, uma parte da mina 18 da Braskem em Maceió desabou deixando a tensão ainda maior”, explica Louzada.
O pregão também registrou altas da B3 e Sabesp. A primeira refletindo o otimismo dos investidores com as decisões de política monetária nessa semana e alta de índices americanos nos EUA, e da segunda, pela sanção do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, do projeto de lei que autoriza a privatização da empresa, após ter sido aprovado, na última quarta, na Assembleia Legislativa de São Paulo com maioria de 62 votos a favor e 1 contra.
O dólar comercial fechou em alta de 0,16%, cotado a R$ 4,9369. A moeda refletiu, ao longo do dia, a expectativa com as decisões d o Fed e Copom, que se reúnem nesta semana.
Para o sócio da Top Gain Leonardo Santana, a divisa estadunidense ganha força ante seus pares e moedas emergentes, e a grande questão é quando irão começar os cortes nas taxas de juros norte-americanas.
A alta do dólar, observa Santana, também tem um fator sazonal, já que no final do ano há o envio de muitas remessas para o exterior.
Santana destaca a expectativa para a decisão do Banco Central (BC) e Fed, que deve ditar o ritmo do mercado nos próximos dias.
Em dia de agenda esvaziada aqui e no exterior, as taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecham em queda. O movimento reflete a previsão do boletim Focus de menor Indice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para os próximos anos.
Por volta das 16h45 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 11,754% de 11,802% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 10,315 % de 10,340%, o DI para janeiro de 2026 ia a 9,980%, de 10,010%, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 10,080% de 10,115% na mesma comparação. No mercado de câmbio, o dólar futuro operava em alta, cotado a R$ 4.9374 para a venda.
Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em alta, enquanto os investidores tentavam manter o impulso de fim de ano em Wall Street no aguardo da atualização dos dados de inflação e a última decisão do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) no ano.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:
Dow Jones: +0,43%, 36.404,93 pontos
Nasdaq 100: +0,20%, 14.433 pontos
S&P 500: +0,39%, 4.622,44 pontos
Com Paulo Holland, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência CMA
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