Bolsa fecha em queda em dia de dados de inflação e à espera de Super Quarta; dólar sobe

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São Paulo -A Bolsa fechou em queda, em movimento contrário a Nova York, em dia de inflação aqui abaixo do esperado e nos Estados Unidos um pouco acima, com os investidores cautelosos antes da decisão de juros pelos bancos centrais do Brasil e norte-americano.

No ambiente doméstico, a forte queda do petróleo impactou negativamente a Petrobras (PETR3 e PETR4) e corroborou para puxar o índice. Já as ações das varejistas e do setor de construção subiram.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,28% contra estimativa de 0,29% e a inflação ao consumidor nos Estados Unidos (CPI, sigla em inglês) avançou 0,1% enquanto o mercado previa estabilidade.

As ações Petrobras (PETR 3 e PETR4) recuaram, respectivamente, 1,53% e 0,81%. Grupo Soma (SOMA3) liderou a alta no índice em 4,01%. Magazine Luiza (MGLU3) avançou 2,24% e MRV (MRVE3) subiu 2,78%.

O principal índice da B3 caiu 0,40%, aos 126.403,03 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em dezembro perdeu 0,50%, aos 126.510 pontos. O giro financeiro foi de R$ 18,3 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam no positivo.

Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos, disse que o dia foi de cautela à espera pela Super Quarta, com reuniões do Fomc e Copom.

“O Ibovespa chegou a ameaçar ampliar as perdas, mas conseguiu se manter acima do patamar e com ligeira queda, em sinal contrário ao das bolsas de NY. A queda das ações das petroleiras, bancos e distribuidoras de combustíveis ajudou para o movimento negativo, enquanto os papéis ligados ao consumo interno e mais sensíveis aos juros se sustentaram no campo positivo”.

Segundo Nishimura, os papéis do setor bancário caíram após o Fitch reiterar perspectiva neutra para 2024, sob expectativa de que o impacto das taxas de juros elevadas será apenas “moderado” nos lucros e na qualidade dos ativos.

Gabriel Meira, economista da Valor Investimentos, disse que o dia foi movimentado com IPCA aqui e CPI nos EUA e queda do petróleo.

“No Brasil, a inflação está controlada e não tem trazido grandes movimentos pra bolsa ainda lá fora mostra cada vez mais que o Fed não deve subir as taxas de juros, pelo contrário, deve começar o corte o que facilita o fluxo de capital para o resto do globo; apesar disso, tivemos uma queda grande do petróleo impactando a Petrobras, que puxou bastante o índice pra baixo, haja vista o peso no índice”.

Dierson Richetti, especialista em mercado de capitais e sócio da GT Capital, disse que a Bolsa operava em queda, descolando de Nova York e o movimento do mercado giraram em torno da inflação aqui e nos Estados Unidos.

“Os dados do IPCA e CPI [inflação norte-americana] vieram bons, principalmente no Brasil, porque a inflação foi puxada muito pelos alimentos; o resultado mostra que trabalho foi bem executado pelo Banco Central para combater a inflação. Nos Estados Unidos, CPI também demonstra que o Fed vem acertando a mão no controle da inflação; o destaque positivo fica para as empresas de varejo e construtoras se beneficiam de um cenário de inflação menor; já na ponta negativa estão as empresas ligadas ao petróleo, que tem forte queda. A Vibra, por ser uma empresa de etanol, tem uma queda hoje muito ligada à safra porque a companhia disputa o etanol junto com as refinarias de açúcar”.

Richetti também destaque a queda de 3,02% do Banco do Brasil (BBAS3), que refletiu descontentamento dos investidores com a possibilidade de desdobramento das ações e isso não foi bem visto pelos investidores.

André Luiz Rocha, operador de renda variável da Manchester Investimentos, disse que a Bolsa tem queda puxada pela Petrobras.

“O petróleo caindo e pelo fato de a Petrobras ter peso [no Ibovespa] está segurando o índice na sessão de hoje, já os setores de varejo e construção civil são beneficiados com a queda dos juros futuros e cria uma expectativa de que esse corte da Selic será maior ou mais rápido no primeiro semestre de 2024, mas não só o contexto dessa redução da taxa, mas [com a inflação em desaceleração] encoraja os investimentos, uma vez que o empréstimo fica menor e impulsiona a atividade econômica, pra amanhã não tem surpresa. O CPI em linha com as expectativas não deve mudar o rumo na decisão de amanhã do Fed; olhando o núcleo da inflação está dentro das estimativas”.

O dólar comercial fechou em alta de 0,58%, cotado a R$ 4,9659. A moeda refletiu, ao longo da sessão, a inflação norte-americana de novembro, além da espera pela reunião do Fed, que amanhã vai anunciar uma eventual mudança na taxa básica de juros nos Estados Unidos.

O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês),dos Estados Unidos, que teve alta de 0,1% em novembro ante outubro.

De acordo com a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, além da reunião do Fed e inflação nos Estados Unidos, o movimento de hoje pode estar correlacionado com a queda do petróleo, além de ressaltar que o Fed ainda não foi claro quanto ao término do aperto monetário.

Para o analista da Potenza Investimentos Bruno Komura, “o CPI veio praticamente em linha e não deveria mudar as expectativas para o Fed. O mercado, num primeiro momento não gostou, mas o dado foi neutro. Isso reforça a ideia de que o Fed deve manter a cautela e evitar o discurso dovish para não animar o mercado”.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) abrem em queda, refletindo o Indice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em linha com o previsto pelos agentes financeiros. Pouco depois, a divulgação do índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos Estados Unidos – subiu 0,1% em novembro na comparação com o mês anterior – não impactou os DI.

O DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 11,730% de 11,752% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 10,255% de 10,320%, o DI para janeiro de 2026 ia a 9,985%, de 9,980%, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 10,005% de 10,010% na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam a sessão em campo positivo, enquanto Wall Street analisava mais dados de inflação em busca de pistas sobre quando o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) poderia começar a suavizar a política monetária.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,48%, 36.577,94 pontos
Nasdaq 100: +0,70%, 14.533,4 pontos
S&P 500: +0,45%, 4.643,70 pontos

 

Com Paulo Holland, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência CMA