Bolsa fecha em forte alta após projeções otimistas do Fed e possibilidade de fim de ciclo de alta

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São Paulo – A Bolsa fechou em forte alta de mais de 2%, subiu mais de 3 mil pontos, e renovou máximas-129.793,35 ptos, patamar visto em junho de 2021, após a decisão de política monetária do banco central norte-americano, que foi mantida entre 5,25% e 5,5%, em que os investidores se animaram com as projeções econômicas dos diretores do Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano) e entenderam que a autoridade monetária reconheceu o fim do ciclo de alta nos Estados Unidos. Após, o Fed, agora os agentes financeiros ficam à espera do #COPOM.

Para este ano, a previsão do PIB nos Estados Unidos subiu de 2,1% para 2,6%. Já em 2024 a estimativa é de queda de 1,5% para 1,4%. A projeção para a inflação PCE em 2023 e os próximos dois anos caiu, respectivamente de 3,3% para 2,8%; 2,5% para 2,4% e de 2,2% para 2,1%.

O principal índice da B3 subiu 2,42%, aos 129.465,08 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em dezembro avançou 1,16%, aos 128.005 pontos. No interdiário, a mínima atingiu 126.298,76 pontos e a máxima foi de 129.793,35 pontos. O giro financeiro foi de R$ 60,5 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam no positivo.

Nicolas Farto, sócio e head de renda variável da Vértiq Invest, disse que o mercado gostou do movimento da decisão de juros, que já estava dada [entre 5,25% e 5,5%] e o Ibovespa avançou para a máxima do dia.

“O Powell chegou a falar em fim do ciclo de alta de juros, mas não diretamente, porque ele quer deixar aberta uma proteção para o caso de algo sair fora do esperado; na bolsa de Chicago, o mercado já precifica mais uma manutenção de juros pra janeiro e aumentou as chances de queda de juros pra março, mas acho que ele não deve iniciar o ciclo de corte já no primeiro trimestre porque para cumprir com a projeção, ele deveria começar a cortar em meados do 2T24”.

Farto disse que o recado foi positivo e o mercado gostou das projeções, no relatório de plot dots. “As projeções para inflação e pra juros caíram, previsão um pouco maior de PIB para este ano; eles devem seguir com a política mais frouxa e isso deve animar o mercado nos próximos dias, tem tudo pra gente surfar em uma alta mais forte até o final do ano, o dólar tende a ficar mais barato e, com isso, a entrada de dólar deve impulsionar o Ibovespa”.

Enzo Pacheco, analista da Empiricus Research, disse que a decisão do Fed veio conforme o mercado esperava-manutenção na taxa de juros, por outro lado ajustou o comunicado da decisão e mostrou alguns pontos que até animou os investidores.

“O crescimento da atividade econômica diminuiu do seu forte passo trimestre anterior e a inflação maneirou do último ano, mas ainda permanece elevada. No comunicado anterior ele falava só que a inflação permanecia elevada. Então isso já deu uma indicação de que eles estão percebendo que a inflação vem caindo e, como isso, pode impactar a política monetária. E outro ponto também que aparentemente deixou o mercado animado é que ele falou que qualquer nova alta adicional, ele colocou assim, esse qualquer, que foi diferente em relação ao comunicado passado, vai ser analisado em qualquer nova alta adicional se vai ser apropriado para trazer essa inflação para meta de 2% do Fed. Também foi divulgado o sumário de projeções econômicas e revisaram pra baixo a expectativa da taxa de juros do fed funds no final de 2024 de 5,1% para 4,6%, mais próximo da projeção do mercado- 4,1%, 4,2%.. A grande questão é saber quando ele vai ter início. O mercado está precificando que já a partir de março já deveria ter algum corte”

Lucca Ramos, sócio da One Investimentos, disse que o dia é muito importante com os investidores cautelosos e à espera da decisão dos bancos centrais aqui e lá fora, principalmente o Fed que deverá dar diagnóstico de como pensam os diretores do banco central norte-americano.

“Os holofotes estão no exterior, o Fed deve manter a taxa estável entre 5,25% e 5,5% ao ano e o mercado ficará atento ao relatório de pontos que deve trazer mais detalhes sobre a visão dos dirigentes [do Fed] em relação à trajetória de juros; a batalha a inflação nos Estados Unidos não terminou; por aqui a situação está mais definida e a comunicação será importante, ver se o nosso Banco Central vai se posicionar sobre o futuro dos cortes de juros; em relação às ações, os bancos estão subindo mas não tem nenhuma notícia específica para o setor e a Ezetc cai após o rebaixamento [ de neutra para venda] pelo Goldman Sachs”.

O dólar comercial fechou em queda de 0,93%, cotado a R$ 4,9197. O movimento ganhou força no final da sessão, após as divulgações das projeções do Fed para os próximos anos e das falas do presidente da instituição, Jerome Powell.

Para o sócio da Top Gain Leonardo Santana tanto o comunicado quanto a fala de Powell foram dovish (suave, menos propensas ao aumentos dos juros).

“Era tudo que o mercado queria escutar”, disse Santana sobre o Fed ter descartado novos aumentos dos juros, cravando assim o término do ciclo contracionista nos Estados Unidos.

De acordo com o economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, “decisão dove, com o Fomc reconhecendo a desaceleração da atividade econômica, afirmando que a inflação desacelerou apesar de seguir elevada e, mais importante, o Fed adiciona um ‘qualquer aperto adicional de juros’. Na ata anterior não havia a palavra qualquer. Ou seja, Fed reconhece o fim do ciclo de alta de juros”.

A previsão para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano aumentou para 2,6%, de 2,1% na estimativa anterior, divulgada em setembro. Para 2024, a projeção caiu de 1,5% para 1,4%, enquanto para 2025 a previsão ficou inalterada em 1,8% e para 2026 houve uma alta de 1,8% para 1,9%.

No longo prazo, o Fed espera alta de 1,8% no PIB, em linha com as estimativas de setembro. No caso da taxa de desemprego, o Fed prevê leituras de 3,8% para 2023, em 4,1% em 2024 e em 4,1% em 2025. Em setembro, as projeções foram as mesmas, enquanto para 2026 houve uma alta de 4,0% para 4,1%. Para o longo prazo, a estimativa subiu de 4,0% para 4,1%.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) aceleram queda depois que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) manteve a taxa básica de juros estável entre 5,25% e 5,5%, indicando que a inflação melhorou mais rapidamente do que o inicialmente previsto. Neste momento, o presidente do Fed, Jerome Powell, fala sobre a decisão do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) e os DI caem ainda mais.

Por volta das 16h45 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 11,690% de 11,730% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 10,140% de 10,245%, o DI para janeiro de 2026 ia a 9,705%, de 9,900%, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 9,795% de 10,010% na mesma comparação. No mercado de câmbio, o dólar futuro operava de lado, cotado a R$ 4.9177 para a venda.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam a sessão em campo positivo, com o Dow Jones disparando para seu maior valor da história, à medida que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) sinalizou que cortaria as taxas no próximo ano, reconhecendo a tendência de desaceleração da inflação com uma postura monetária menos hawkish.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +1,40%, 37.090,24 pontos
Nasdaq 100: +1,38%, 14.734,0 pontos
S&P 500: +1,36%, 4.707,09 pontos

Com Paulo Holland, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência CMA

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