Cortes nas taxas de juros não foram discutidos, diz presidente do BCE

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São Paulo – A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, afirmou nesta quinta-feira que futuros cortes nas taxas de juros não foram discutidos na reunião encerrada nesta manhã. A declaração veio após o BCE anunciar a manutenção das taxas de juros no patamar atual.

A taxa de depósitos, a mais importante para a política monetária, permanece em 4%, o nível mais alto registado desde o lançamento da moeda única em 1999, enquanto a principal taxa de juros de refinanciamento fica em 4,5% e a taxa aplicável à facilidade permanente de cedência de liquidez permanece em 4,75%.

“Somos dependentes dos dados [econômicos] e não dependentes do tempo”, afirmou Lagarde aos jornalistas, sublinhando que “não foi discutido qualquer corte de taxas de juros”.

A posição mais dura do BCE contrapõe o discurso de ontem do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, que ontem forneceu indícios de cortes nas taxas dos Estados Unidos para o próximo ano.

“Não achamos que seja o momento de ‘baixar a guarda’. Ainda há trabalho a fazer”, observou Lagarde, reforçando a ideia de que “estamos vendo uma elevada transmissão da política monetária para a economia” e que o BCE não hesitará em usar outras ferramentas para preservar esta transmissão.

“Quando olhamos para todos as medidas da inflação subjacente, há uma que está a cair um pouco, mas não muito. É a inflação doméstica, que se baseia largamente nos salários. Precisamos de mais dados. Precisamos de entender melhor o que acontece”, justificou a presidente do BCE.

Segundo ela, a queda na inflação da zona do euro nos últimos meses “foi generalizada”. Entretanto, “em dezembro é provável que a inflação aumente” e que os preços diminuam mais lentamente em 2024 por uma questão da base ser também mais reduzida.

“Estamos determinados a assegurar que a inflação regresse de forma sustentável ao nosso objetivo de médio prazo de 2%”, voltou a reforçar a presidente do BCE, notando também que as previsões da instituição apontam para uma taxa de inflação de 2% no terceiro trimestre de 2025.

Lagarde destacou ainda que, no cenário base do BCE, não está uma recessão na zona do euro. Entretanto, ela salientou que “os riscos para o crescimento da economia são enviesados para o lado negativo”.