São Paulo – O Ibovespa fechou o penúltimo pregão do ano em alta e com liquidez reduzida, motivada por movimento positivo dos mercados no exterior e com local sem destaques, enquanto os investidores aguardam o anúncio de medidas fiscais pelo ministério da Fazenda para compensar a perda de arrecadação e atingir a meta de zerar o déficit fiscal.
O Ibovespa também foi impulsionado por ações de peso como Vale (VALE3), que subiu 0,96%, acompanhando a alta do minério de ferro, que também impulsionou a CSN Mineração (CMIN3, +2,62%). Os grandes bancos Bradesco, Itaú e Santander fecharam em alta, enquanto B3, Banco do Brasil e BB Seguridade recuaram.
A ação ordinária da Petrobras (PETR3) caiu 0,15% e a preferencial fechou em leve alta, de 0,08%.
Os destaques positivos ficaram com as varejistas Magazine Luiza (MGLU3) e Grupo Casas Bahia (BHIA3), que avançaram 6,63% e 6,03%, além de Alpargatas (ALPA4) e Natura (NTCO3), que subiram 3,79% e 3,74%.
Hoje a B3 divulgou a terceira prévia da carteira teórica do índice que vai vigorar de janeiro a abril do próximo ano e a Casas Bahia continuou na carteira, o que foi possível após o agrupamento de ações, aprovado em novembro.
As piores quedas foram vistas em Raízen (RAIZ4), de 1,93%, seguida por Petz (PETZ3), que caiu 1,92%, Dexco (DXCO3, -1,22%), Petroreconcavo (RECV3, -1,04%) e RD (RADL3, -0,88%).
O principal índice da B3 subiu 0,49%, aos 134.193,72 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em fevereiro de 2024 avançou 0,43%, aos 136.065 pontos. O giro financeiro foi de R$ 9,9 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam em alta.
Em prévia do fechamento do ano, elaborada pelo consultor financeiro independente Einar Rivero, no acumulado do ano até 26 de dezembro, as ações que foram destaque de alta em 2023 foram: Yduqs (YDUQ3), com retorno de 122,99%; CSN Mineração (CMIN3) +113,73%; Ultrapar (UGPA3) +113,53% Petrobras PN (PETR4) +96,51%; Cyrela (CYRE3) +94,15%; Petrobras ON (PETR3) +76,04%; IRB Brasil RE (IRBR3) +75,31%; Banco do Brasil (BBAS3) +74,75%; BRF (BRFS3) +65,82%; e Cogna (COGN3) +62,26%.
Por outro lado, as maiores quedas do ano até o pregão de ontem foram: Casas Bahia (BHIA3), com baixa de 81,77%; Pão de Açúcar (PCAR3), -40,37%; Minerva (BEEF3) -38,63%; Alpargatas (ALPA4) -35,34%; Petz (PETZ3) -33,37%; Assaí (ASAI3) -31,05%; Petroreconcavo (RECV3) -29,89%; 3R Petroleum (RRRP3) -28,77%; Grupo Soma (SOMA3) -26,43%; e Magazine Luiza (MGLU3) -22,99%.
Leonardo Piovesan, analista fundamentalista da Quantzed, avalia que o otimismo refletido na queda da curva de juros e na expectativa de um corte mais rápido de juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), possivelmente, no primeiro trimestre do ano que vem, tem ajudado a Bolsa brasileira, assim como um cenário político mais calmo, com o recesso do Congresso, que também ajuda a impulsionar os ativos locais.
Ele também aponta que os últimos dois meses do ano tendem a ser positivos para os índices de ações nos Estados Unidos, o que também ajuda a bolsa local.
“Se o cenário mudar e tivermos uma expectativa de corte de juros nos Estados Unidos a partir do terceiro trimestre, por exemplo, ou seja, uma expectativa de uma demora maior para cortar juros, certamente isso pode bater no nosso mercado aqui. Mas não acredito que isso aconteça. Acredito que esse movimento altista é sustentável no curto e médio prazo”, aposta. “Eu acredito que a bolsa tem espaço para andar se a gente conseguir manter os juros no patamar em que está. Eu acredito que tem espaço para as ações continuarem performando”, completa.
Entre as maiores altas, o analista destaca que a Casas Bahia subiu após ter sofrido muito nos últimos pregões. “E é uma empresa que a ação correu o risco de sair do índice Ibovespa, o que geraria um fluxo passivo de venda grande. Mas a ação está sendo mantida nas prévias de rebalanceamento do Ibovespa. Então, acredito que isso seja um drive e pode começar a fazer preço esse fato de a ação não sair do Ibovespa. A CSN Mineração também sobe forte hoje, acompanhando a alta do minério”, finaliza.
Diego Faust, operador de renda variável da Manchester Investimentos, comentou mais cedo que a Bolsa operava de lado, com leve viés positivo e não tem nenhum drive importante na sessão de hoje. “O mercado está morto se comparado ao mesmo período do ano passado, com liquidez bem reduzida. A Vale sobe, bancos tentando engatar alta e Petrobras no zero a zero, Os DIs continuam tentando cair com a Selic sendo projetava para o ano que vem em 9,0%, como mostrou o Boletim Focus ontem; o mercado espera pelas medidas de Haddad para compensar a desoneração da folha de pagamento”.
Ubirajara Silva, gestor de renda variável independente, destaca que o fluxo estrangeiro segue forte na B3, com a entrada de R$ 1,8 bilhão na última sexta-feira (22), o que está sustentando a Bolsa. “Os investidores aguardam pronunciamento do Fernando Haddad [ministro da Fazenda] para ver como ele vai compensar o valor que perdeu com a desoneração”, frisou.
O dólar comercial comercial fechou em alta de 0,20%, cotado a R$ 4,8316. A sessão, assim como nos últimos dias, foi marcada pela baixa liquidez e agenda esvaziada.
Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura Investimentos, disse que em dia de agenda leve, a moeda norte-americana opera em leve queda, perto da estabilidade, apesar de ganhos ante algumas moedas emergentes.
Por aqui, as atenções estão voltadas ao anúncio de medidas arrecadatórias por Haddad [Fernando Haddad, ministro da Fazenda]. Em dia de commodities mistas e o ambiente tranquilo no exterior favorece a abertura em baixa do dólar.
As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam majoritariamente em queda. O movimento refletiu o recuo dos rendimentos dos títulos do Tesouro norte-americano, além da expectativa termina seja de 9%. Por volta das 16h44 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 11,646% de 11,642% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 10,000% de 10,010%, o DI para janeiro de 2026 ia a 9,550%, de 9,570%, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 9,660% de 9,680% na mesma comparação. No mercado de câmbio, o dólar futuro operava em alta de 0,27%, cotado a R$ 4.8350 para a venda.
Os principais índices de ações do mercado dos Estados Unidos fecharam o pregão em ligeira alta, com o S&P renovando suas máximas ao longo do dia, em meio a uma semana reduzida de negociações e poucos catalisadores principais para impulsionar a ação do mercado.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:
Dow Jones: +0,30%, 37.656,52 pontos
Nasdaq 100: +0,16%, 15.099,2 pontos
S&P 500: +0,14%, 4.781,58 pontos
Com Soraia Budaibes, Paulo Holland e Darlan de Azevedo / Agência CMA
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