São Paulo – A ata da recente reunião de política monetária do Banco Central Europeu (BCE), realizada nos dias 13 e 14 de dezembro de 2023, revelou uma reviravolta notável nos mercados financeiros desde a última reunião em outubro. Os investidores, guiados por “expectativas de uma desinflação rápida e ‘imaculada'”, impulsionaram uma possível reversão precoce na política monetária, refletindo-se em um otimismo palpável nos mercados.
“A principal influência nos mercados foi a surpresa descendente da inflação global”, um fator que, combinado a outros indicadores macroeconômicos positivos na área do euro, dissipou os receios de uma “aterragem forçada” da economia. A redução das tensões geopolíticas e a queda nos preços do petróleo também contribuíram para o aumento do apetite dos investidores por risco, resultando em um “afrouxamento substancial” nas condições financeiras.
Os investidores reajustaram suas perspectivas de inflação, apostando em uma rápida diminuição conforme evidenciado pela “curva a prazo dos swaps indexados à inflação (ILS)”. A antecipação de um corte nas taxas de juros pelo BCE já se reflete nas precificações dos mercados, com um corte de 25 pontos base projetado para abril de 2024. As projeções de inflação foram revisadas para baixo, indicando uma desinflação mais acentuada em 2023 e 2024.
“A reunião também abordou possíveis ajustes nos reinvestimentos do programa de compras de emergência pandêmica (PEPP)”, sinalizando uma possível redução a partir de meados de 2024. Enquanto isso, o euro, inicialmente fortalecido em relação ao dólar, reverteu parcialmente seus ganhos desde novembro.
“A análise prospectiva indicou que a fase mais intensa da desinflação pode ter chegado ao fim”, mas alertou para os efeitos ascendentes nos preços de energia e o término de medidas fiscais que podem impulsionar a inflação global a curto prazo. As projeções de crescimento econômico foram ligeiramente revisadas para baixo, com riscos inclinados para a desaceleração, em meio a incertezas globais.
Apesar das revisões para baixo nas projeções de inflação, o BCE reiterou seu compromisso com uma orientação restritiva, baseada na “avaliação contínua dos dados econômicos e financeiros disponíveis”. O Conselho do BCE enfatizou a manutenção da abordagem dependente de dados para determinar o nível e a duração da restrição da política monetária.