São Paulo – A Bolsa fechou em alta, no patamar dos 128 mil pontos, puxada por ações de peso como Vale e Petrobras, além de dados mais positivos do governo federal.
Para Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimentos, o mercado reprecificou os temores em relação à nova política industrial apresentada pelo governo federal nesta segunda-feira (22), quando o mercado reagiu negativamente e calculou os impactos do pior cenário. “A falta de clareza de como será a alocação e como o governo irá levantar recursos traz uma preocupação. Mas hoje diversos gestores fizeram uma ‘reprecificação’, de que o impacto da política industrial não seja tão negativo”, comenta.
O analista também acredita que houve uma correção de posições especulativas em dólar e em alguns papéis que vinham caindo muito, como a Vale e a Petrobras. “Estamos corrigindo 50% do movimento intradiário de ontem, no caso do dólar. Já em relação a Vale, o mercado está com grande expectativa em relação a novos investimentos do governo chinês, o que traz impulsiona as mineradoras brasileiras.”
Lima também lembra que a Vale vem de quedas recorrentes e qualquer movimento mais positivo impulsiona a ação.
Matheus Spiess, analista da Empiricus Research, impulsionada pela alta de mineração e
siderurgia, influenciadas pela notícia de um possível pacote de US$ 280 bilhões do governo chinês de compra de ações.
“Já o petróleo abriu em forte alta e reduziu as perdas, mas manteve o movimento negativo e a Petrobras conseguiu se descolar um pouco”, comenta.
Em relação ao fiscal, Spiess vê a MP da reoneração e as preocupações com a meta de zerar o déficit fiscal impactando as curvas de juros. “Hoje temos uma ‘reviravolta’, por que há um desconto muito grande na curva de juros. O mercado digeriu a entrevista do Fernando Haddad, que mostrou que a equipe econômica está trabalhando para aumentar a arrecadação. E também houve dados de melhora da arrecadação em dezembro”, avalia.
Mais cedo, Bruno Komura, analista de investimentos da Potenza Capital, comentou que a bolsa seguia o bom humor vindo da China. “As ações ligadas a commodities estão ajudando a puxar o índice. Já o petróleo não está ajudando tanto porque há grandes dúvidas sobre a demanda, sentimento que está superando a preocupação com a oferta (problemas no Mar Vermelho), mas de qualquer forma a Petrobrás está subindo bem”, explica.
“Nos últimos dias descolamos do mercado americano por conta das preocupações em relação ao fiscal, mas hoje parece um dia de alívio em relação as pautas locais”, acrescenta Komura.
O dólar comercial fechou em queda de 0,66%, cotado a R$ 4,9536. A moeda refletiu, ao longo da sessão, certo ajuste técnico após o estresse observado ontem. O fiscal doméstico, contudo, segue no radar.
Na leitura do economista-chefe do banco Bmg, Flavio Serrano, o dólar está “realizando um pouco depois do movimento de ontem.”
De acordo com a Ajax Asset, “a falta de visibilidade com novo pacote de estímulo à indústria, e potencial impacto nas contas públicas, aumenta risco de forte crescimento do crédito direcionado e diminui potência da política de juros, pressionando ativos domésticos”.
As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecham em queda, depois de terem subido por alguns instantes perto da hora do almoço seguindo os Treasuries (títulos do Tesouro norte-americano).
Por volta das 16h25 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 10,080% de 10,070% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 9,780% de 9,785%, o DI para janeiro de 2027 ia a 9,960%, de 9,965%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 10, 215% de 10,220% na mesma comparação.
Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam a sessão em campo misto, com o S&P 500 voltando a ampliar sua sequência de recordes enquanto a atenção se voltava para a série de balanços do dia em busca de sinais sobre a saúde das empresas americanas e da economia.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o
fechamento:
Dow Jones: -0,25%, 37.905,45 pontos
Nasdaq 100: +0,43%, 15.425,9 pontos
S&P 500: +0,29%, 4.864,60 pontos
Com Camila Brunelli, Cynara Escobar e Darlan de Azevedo / Agência CMA