Bolsa ensaia recuperação, mas volta aos 127 mil pontos e encerra janeiro em baixa de 4,79%

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São Paulo – A Bolsa chegou a recuperar o patamar dos 129 mil pontos, após operar boa parte do pregão em alta, em movimento de “correção técnica” depois de um mês em baixa, nesta Super Quarta de decisões sobre juros nos Estados Unidos e, a pouco, aqui no Brasil. No entanto, o principal índice da B3 perdeu boa parte dos ganhos da sessão e fechou em alta moderada de 0,27%, voltando aos 127.752,28 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em fevereiro subiu 0,26%, aos 127.995 pontos e o giro financeiro foi de R$ 21,4 bilhões. No mês, a Bolsa caiu 4,79%. Em NY, as bolsas fecharam em forte queda.

Logo após a divulgação da decisão de política monetária nos Estados Unidos, por volta das 17h (horário de Brasília), o Ibovespa subia 1,28%, aos 129.033,10 pontos. Como era esperado em Wall Street, o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) manteve inalterada a taxa básica de juros dos Estados Unidos, na faixa entre 5,25% e 5,5%. Segundo o comunicado oficial do Fed, a decisão vem em um cenário onde “os indicadores recentes sugerem que a atividade econômica tem se expandido a um ritmo sólido”. O presidente do Fed, Jerome Powell, também afastou as chances de cortes na próxima reunião ao dizer que “não é provável que o Comitê tenha confiança suficiente até março para reduzir as taxas”.

O comunicado também indicou que embora “os ganhos de emprego tenham diminuído desde o início do ano passado”, eles ainda permanecem fortes”, contribuindo para uma baixa taxa de desemprego, a questão da inflação permanece desafiadora. Segundo o texto, a inflação, apesar de uma redução ao longo do último ano, ainda persiste em patamares elevados, exigindo uma abordagem cautelosa.

Hoje a agenda global também teve a divulgação de dados de empregos nos Estados Unidos. O setor privado, por exemplo, criou 107 mil vagas de trabalho em janeiro, excluindo o setor rural, de acordo com relatório publicado pela Automatic Data Processing (ADP) e pela Macroeconomic Advisers. Analistas esperavam a criação de 150 mil vagas. O número de vagas criadas em dezembro foi revisado para 158 mil.

No âmbito local, o destaque da agenda de hoje foi a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), que confirmou as expectativas e decidiu cortae a taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 11,75% ao ano, para 11,25% ao ano, conforme amplamente esperado pelo mercado. Esse foi o quinto corte desde agosto, quando a autoridade monetária interrompeu o ciclo de aperto monetário.

Mais cedo, a expectativa da SulAmérica Investimentos era de que o comitê mantivesse o plano de voo e corte a meta para a taxa Selic em 50 pb, e sem realizar alterações relevantes em termos de comunicação. “Os dados da PNAD Contínua referentes ao trimestre findo em dezembro mostraram queda da taxa de desemprego de 7,5% para 7,4%, abaixo do esperado pela projeção do Copom, para a qual a expectativa da SulAmérica Investimentos é de que o comitê mantenha o plano de voo e corte a meta para a taxa Selic em 50 pb, de 11,75% para 11,25%, conforme amplamente esperado pelo mercado, e sem realizar alterações relevantes em termos de comunicação.”

Para Andre Fernandes, head de renda variável e sócio da A7 Capital, a decisão do Fed não trouxe novidades e já estava precificada nos ativos. “Boa parte da alta de hoje vem de uma correção técnica depois de um mês em baixa, em que o Ibovespa chegou a cair -5% em janeiro com fluxo de saída do investidor estrangeiro”, avalia.

Entre as commodities, destaque para a forte baixa do minério de ferro em Dalian, na China, após o PMI industrial chinês indicar contração na manufatura pelo quarto mês consecutivo. As ações da Vale (VALE3) recuaram 1,48%. Já as da Petrobrás (PETR3; PETR4) fecharam mistas, em -0,02% e +0,32%, respectivamente, com o petróleo em queda.

O Santander Brasil (SANB11) caiu perto de 2% após balanço abaixo do esperado divulgado antes da abertura do mercado. Itaú, Bradesco e Banco do Brasil, por sua vez, encerraram em alta.

Abrindo a temporada de resultados do quarto trimestre de 2023, o Santander Brasil apresentou um resultado abaixo das projeções, com queda de 19,2% no lucro líquido recorrente de R$ 2,204 bilhões em relação ao terceiro trimestre e alta de 30% em relação ao mesmo período de 2022. No ano de 2023, o lucro líquido recorrente foi de R$ 9,383 bilhões, queda de 27,7% em relação a 2022.

Leonardo Piovesan, analista da Quantzed, avaliou o balanço, no geral, como “negativo”, principalmente por conta do lucro líquido, que veio bem abaixo do esperado. “Apesar de a empresa ter mostrado um crescimento de 30% no ano passado, era esperado muito mais do que isso, porque no ano passado a gente teve o efeito negativo com a contabilização de provisões, devido ao caso Americanas. Então o banco fez uma grande provisão no ano passado que bateu no lucro líquido, então essa comparação do lucro desse trimestre com o mesmo trimestre do ano passado é bem fraca. Era esperado que esse salto do lucro de crescimento viesse bem maior”, comentou.

Entre as ações brasileiras, os destaques de altas e baixas foram vistos no varejo. “A Arezzo (ARZZ3:+12,08%) propôs uma fusão com o Grupo Soma (SOMA3:+16,81%), o conselho do Grupo Soma vai avaliar nos próximos dias a proposta, é uma grande fusão de duas grandes empresas voltadas para o público de alta renda. Magazine Luiza (MGLU3:+6,06%) também segue em alta refletindo o otimismo quanto a oferta de ações, em que os controladores irão garantir um aporte de R$ 1 bi. Já a alta de Casas Bahia (BHIA3:+3,81%) pode ser explicada por boa parte de posições shorts sendo cobertas antes do comunicado do Copom, além de que a empresa quer emitir mais R$ 1bi com Bradesco e Banco do Brasil ancorando a oferta.”

“Nas quedas temos a Raia Drogasil (RADL3:-3,61%) que foi rebaixada para venda pelo Citi. Além dela, temos Santander (SANB11) que reportou um balanço do 4T23 abaixo do esperado pelo mercado, e por último o grupo Assaí (ASAI3:-2,77%), em uma correção da forte alta dos últimos dias, uma correção que se iniciou ontem”, concluiu.

O dólar passou a cair, sem ímpeto. O discurso do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, manteve o tom de cautela, após o anúncio de que as taxas básicas irão permanecer na faixa entre 5,25% e 5,5%.

Para o analista da Potenza Investimentos Bruno Komura, “o discurso de Powell não trouxe nenhuma novidade, sendo até mais duro do que se esperava. Os números mostram desaceleração menor do que se esperava, então o tom de cautela é apropriado”.

Por volta das 16h51 (horário de Brasília), o dólar comercial operava em queda de 0,30% cotado a R$ 4,9303 para venda. No mercado futuro, o contrato da moeda norte-americana com vencimento em fevereiro de 2023 avançava 0,06%, cotado a R$ 4.953,50

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecham em queda, acompanhando movimento dos Treasuries (títulos do Tesouro norte-americano) nesta Super Quarta, com a declaração unânime do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) sobre a manutenção das taxas.

Por volta das 15h20 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 9,960% de 10,000% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 9,640% de 9,715%, o DI para janeiro de 2027 ia a 9,790%, de 9,895%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 10,139% de 10,175% na mesma comparação. No mercado de câmbio, o dólar comercial operava de lado, cotado a R$ 4.94939 para a venda.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão desta quarta-feira em queda, influenciados pelas declarações do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, após a decisão de política monetária. Durante coletiva de imprensa, Powell indicou que o banco central não estaria inclinado a cortar as taxas em março.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: -0,82%, 38.150,30 pontos
Nasdaq 100: -2,23%, 15.164,0 pontos
S&P 500: -1,61%, 4.845,65 pontos

Com Paulo Holland, Camila Brunelli e Larissa Bernardes / Agência CMA

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