Bolsa fecha em queda em meio ao peso da Vale e alta da Petrobras, aguarda dados econômicos; dólar cai

478

São Paulo – Em sessão volátil, a Bolsa fechou em ligeira alta e se segurou na região dos 129 mil pontos em meio ao peso de Vale (VALE3) e siderúrgicas contrabalançado pelas ações positivas da Petrobras (PETR3 e PETR4) em um dia de cautela, no aguardo de dados econômicos aqui e nos Estados Unidos, principalmente a inflação PCE de janeiro na quinta-feira (29). Amanhã (27) sai o IPCA-15 de fevereiro.

As empresas ligadas ao ciclo doméstico que subiram na primeira metade do pregão, fecharam em queda acompanhando a alta dos DIs.

Magazine Luiza (ON,-1,86%) e MRV (ON, -0,77%). O papel do Pão de Açúcar (ON, -7,40%) liderou as perdas com os investidores ainda repercutindo os números do balanço que trouxeram prejuízo de R$ 303 milhões no quarto trimestre e a alta dos juros futuros.

As empresas de frigoríficos lideraram as altas do Ibovespa. A JBS (JBSS3) que repercute a notícia de que a processadora norte-americana de frangos -Pilgrims Pride-, controlada pela JBS, reverteu prejuízo com lucro de US$ 134 milhões, o que anima investidores do papel. O Citi, inclusive, manteve recomendação de compra para as ações, disse Fabio Louzada, economista e fundador da Eu me banco. JBS (ON, +4,18%) e Marfrig (ON, + 3,87%).

Já os papéis da BRF (ON, +3,77%) subiram na expectativa de u m resultado forte, que será divulgado após o fechamento do mercado, com possível aumento na receita e no Ebitda ajustado impulsionados por uma melhoria em suas operações domésticas.

A Vale (ON, – 2,41%), CSN (ON, -3,15%), Gerdau (PN, -1,21%). Petrobras (ON, +1,05% e PN, + 1,88%).

O principal índice da B3 subiu 0,14 %, aos 129. 609,05 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em abril encerrou estável, aos 131.505 pontos. O giro financeiro foi de R$ 17,2 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam em queda.

Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos, disse que o Ibovespa “teve uma sessão de alternância de sinais, mas dentro de uma margem estreita, no aguardo da agenda da semana ganhar mais relevância. O índice ficou abaixo dos 130 mil pontos, diante da queda das ações da Vale e mineradoras, mas compensado pela alta da Petrobras”.

Uma analista de uma gestora de investimentos disse que a “Bolsa opera estável com toda a expectativa voltada para o principal indicador da semana, na quinta-feira (29), a inflação PCE nos EUA e na expectativa dos próximos passos do Fed; a Vale e seus pares pesam no índice, na contramão a Petrobras avança”.

Gabriel Mota, operador de renda variável da Manchester Investimentos, que o movimento da Bolsa de lado com o mercado esperando a divulgação dado da inflação PCE de janeiro na quinta-feira (29), o grande driver da semana, e a queda Vale segura o Indice.

“Tudo está torno do PCE; o mercado começa uma rolagem na queda de juros, se não começar a precificar mais algumas apostas de um possível aumento, mas por enquanto isso não está no preço. A expectativa de corte de juros é junho. Se houver aumento, vai ser pior pra gente. Já vemos uma enxurrada de dinheiro saindo [da B3, na última quinta (22) a retirada foi de R$ 132 milhões]. A ação de maior peso no índice cai forte por conta do minério, percepção de maior crescimento chinês e com o governo tentando articular o nome de Paulo Cafarelli [ex-presidente da Cielo] para a presidência da empresa, segundo o Globo [coluna de Lauro Jardim], Petrobras sobe notícia especifica da estatal [empresa vai vender sua participação de 18,8% na UEG Araucária por R$ 67,3 milhões e prevê que a aumento da produção no campo de Mero com novo FPSO], apesar dos juros em alta não descredencia o bom desempenho das ações cíclicas”.

O dólar comercial fechou em queda de 0,23%, cotado a R$ 4,9809 seguindo seus pares e com os investidores em compasso de espera para a divulgação da inflação PCE nos Estados Unidos, na quinta-feira (22), e na expectativa de como se dará a condução da política monetária norte-americana.

Cristiane Quartaroli, economista do Ouribank, disse que dólar tem leve queda na sessão de hoje, mas fica com cautela à espera da inflação nos EUA.

“O câmbio está cedendo ligeiramente hoje, sem um grande motivo aparente. O mercado segue na expectativa sobre como será a condução da política monetária nos EUA, que hoje está mais propensa para que ocorra apenas a partir de junho ou julho [corte de juros]. O mercado fica no aguardo para a divulgação do indicador de inflação norte-americana [PCE] ao longo da semana, por isso a cautela. Apesar da leve queda, o câmbio ainda está em nível elevado”.

Para o analista da Potenza Investimentos Bruno Komura, o real está alinhado aos seus pares emergentes ligados às commodities.

Komura, contudo, entende que nos próximos dias desta semana o cenário deve mudar, com a agenda repleta de indicadores domésticos e globais.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecham em alta, em movimento de correção e dia de liquidez reduzida. Os DI estão descoladas dos Treasuries (títulos do Tesouro norte-americano), que operam em queda, com Wall Street aguardando os novos dados de inflação dos Estados Unidos.

O DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 10,035%, de 10,020% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 9,920% de 9,860%, o DI para janeiro de 2027 ia a 10,110%, de 10,040%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 10,365% de 10,290% na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em queda, após encerrarem uma semana agitada com máximas históricas, enquanto os investidores se preparavam para a atualização dos dados de inflação.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: -0,16%, 39.069,23 pontos
Nasdaq 100: -0,13%, 15.976,3 pontos
S&P 500: -0,37%, 5.069,53 pontos

 

Com Paulo Holland, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência CMA