São Paulo, 18 de abril de 2024 – O secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, disse hoje, em entrevista à Globo News, que a situação fiscal do país é delicada. “O país não tem condições de ter retrocesso na área fiscal”, alertou o secretário ao comentar os ruídos recentes em torno do cumprimento da meta fiscal e de ações no Congresso que comprometeriam o atingimento destes objetivos.
Cerón destacou a recente alta do dólar frente ao real. “Tivemos uma importante pressão sobre o câmbio nos últimos dias. Boa parte do impacto teve origem no exterior, mas o ruído fiscal também contribuiu para a alta do dólar”, disse Ceron, acrescentando que a alta do dólar liga alerta para os Poderes sobre o compromisso fiscal.
O secretário lembra que o câmbio retorna em inflação e “inflação corrói a renda das famílias”. Para ele, é necessário a compactuação dos Três Poderes em torno do fiscal. “A mudança da trajetória, mesmo que dentro do esperado pelo mercado, já serviu para trazer ruído. Por isso precisamos reafirmar o compromisso com a agenda”.
Ceron disse que não há espaço para renúncia de receita ou de aumento de despesas. O secretário afirmou ainda que o abono aprovado pelo TCU traria um impacto de R$ 30 bilhões nas contas públicas e que a PEC do quinquênio tem uma estimativa de impactar em R$ 40 bilhões.
“Nosso compromisso com com a recuperação é irretratável. Mas quanto mais demorarmos para avançar na agenda econômica no Congresso, mas medidas ficam pendentes”, concluiu.
Sobre os dividendos da Petrobras, Ceron disse que o processo de governança deve fluir na companhia. “Se a distribuição não impactar no plano de investimentos, tem que ser distribuído de forma natural”, disse, acrescentando que não há projeção nas contas sobre a distribuição de 50% ou 100% da distribuição dos dividendos.
Sobre a possibilidade de mudança na política monetária, o secretário disse que a taxa real ainda é elevada. “Ainda temos muito espaço para cortar, caso haja condições para tal”, afirmou. Neste momento, disse,”estamos criando condições para o Banco Central ter tranquilidade para conduzir sua política monetária, com processo saudável de redução das taxas de juros”.
Dylan Della Pasqua / Safras News
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