Bolsa fecha em alta e dólar recua com alívio no IPCA-15 e inflação nos EUA em linha

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São Paulo- Após uma semana morna, a Bolsa teve um pregão de alívio e apetite ao risco, fechou em forte alta com o Indice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) comportado e com a inflação PCE nos Estados Unidos em linha com o consenso do mercado.

O avanço das ações foi generalizado, poucas caíram e o destaque ficou para os papéis sensíveis a juros-varejo, construção, logística. Na semana, o Ibovespa subiu 1,12%.

Mais cedo, o Instituto de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou o IPCA-15, que subiu 0,21%, abaixo do consenso de +0,27%. A inflação PCE nos Estados Unidos registrou alta de 0,30% em março,

As ações de Magazine Luiza (MGLU3) e MRV (MRVE) subiram 2,87% e 5,53%. Azul (AZUL4) registrou alta de 5,96%. Na ponta negativa, Klabin (KLBN11) caía 0,68% e Suzano (SUZB3) recuou 0,53%, com a queda do dólar.

O principal índice da B3 subiu 1,50%, aos 126.526,27 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em junho avançou 1,61%, aos 127.920 pontos. O giro financeiro foi de R$ 19,5 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam no positivo.

Pedro Marinho Coutinho, especialista em mercado de capitais e sócio da The Hill Capital, disse que a Bolsa sobre com o mercado tomando risco “refletindo um IPCA 15 muito bom e que ajuda os ativos cíclicos. O Roberto Campos Neto [presidente do BC] teve hoje um discurso um pouquinho mais dovish, mas também citando alguns pontos interessantes para a gente olhar, e que as decisões do banco central americano não têm uma mecânica tão direta com a gente, mas que é muito importante observar os próximos passos por lá de toda forma. Além do PCE por lá sem novidades”.

Lucca Ramos, sócio da One Investimentos, disse que o mercado repercute os bons dados de inflação aqui e nos Estados Unidos.

“O IPCA-15 de abril veio bem abaixo do consenso na comparação mensal e no anual veio melhor; o PCE também positivo e isso reflete na Bolsa, na curva de juros que está fechando bastante, tanto curtas e quanto longas, e o dólar em queda. As principais empresas do mercado têm reação positiva, principalmente as small caps, que são de menor capitalização e sofreram muito esse mês. As ações de varejo, logística sobem e poucas empresas estão no negativo. O dado de hoje ajuda a aliviar a pressão e o cenário, mas ainda não é consenso se o Copom vai cortar a Selic em 0,25pp ou 0,50pp. E lá fora são necessários mais dados para cravar o corte de juros. O interessante é que a próxima reunião do Fed [30 e 01 de maio] é antes do Copom [07 e 08 de maio] e vai ter um bom indicador de como eles [os membros do Fed] vão se posicionar, direcionar os cortes futuros e como pode impactar aqui”.

Na visão de Nicolas Farto, sócio e head de renda variável da Vértiq Invest, a inflação PCE dos Estados e o IPCA-15 no Brasil traz alívio ao mercado

“Esse movimento mais positivo da Bolsa é porque o mercado já precificava uma pressão mais forte, então muito disso já estava no preço e com a divulgação dentro do que a gente imaginava, parece que o mercado aliviou um pouco. Parece que terá só um corte de juros esse ano, como mostra na CMA, que seria em setembro. Está melhor que ontem, que indicava manutenção. Em relação ao IPCA-15 veio melhor e está fazendo preço, alivia nossa curva de juros somado à melhora nas tensões políticas no Congresso”.

Étore Sanchez, economista da Ativa Investimentos, disse que o IPCA-15 de março surpreendeu.

“Nossa surpresa foi principalmente devido ao aumento nas passagens aéreas, onde superestimamos em 4bps. Além disso, a gasolina e o etanol foram superestimados em 1bp cada, indicando que grande parte da surpresa no índice geral foi devido a itens com pouca influência nos núcleos. Em relação à média dos núcleos, nosso desvio, embora baixo, foi mais moderado, o que não deve ter uma grande influência em nossa perspectiva de que a Selic seguirá em direção a 10,0%. Preliminarmente, e considerando apenas a variação dos subitens cujos movimentos se repetem do IPCA-15 para o índice “fechado”, revisamos nossa projeção do IPCA de abril de 0,36% para 0,32%”.

O dólar comercial fechou em queda de 0,93%, cotado a R$ 5,1156 para venda influenciado por um ambiente global mais favorável com a inflação doméstica- o Indice de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) de abril abaixo das expectativas e inflação PCE americana em linha com as projeções.

A divisa oscilou entre a mínima de R$ 5,1090 e máxima de R$ 5,1712. Na semana, a moeda norte americana encerrou em baixa de 1,61%.

Mais cedo, o Instituto de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou o IPCA-15, que subiu 0,21%, abaixo do consenso de +0,27%. A inflação PCE nos Estados Unidos registrou alta de 0,30% em março em linha com a expectativa do mercado.

“O dólar fechou a semana passada na casa dos R$ 5,20, nós estamos com ele hoje em uma queda que considero relevante na casa de 1%. Tivemos uma semana com bastante volatilidade para a moeda, mas fechando aí com uma queda. De fato, uma recuperação”, disse Pedro Marinho Coutinho, especialista em mercado de capitais e sócio da The Hill Capital.

Ariane Benedito, economista e especialista em mercado de capitais, disse o pregão foi de “valorização do real frente ao dólar em razão do PCE em linha com as estimativas e isso não deve mudar nenhuma expectativa para a política monetária [dos EUA]. Praticamente o cenário para a próxima decisão do Fed está montado, com manutenção [dos juros] e na comunicação não há espaço para discussões em relação ao ciclo de corte [das taxas], que deve ficar para final de 2024 ou início de 2025. O IPCA-15 veio um pouquinho melhor como disse Campos Neto [Roberto Campos Neto, presidente do BC], porque teve melhora do índice de difusão e média dos núcleos, entretanto oito dos nove grupos apresentaram inflação, o que tecnicamente nos traduz como risco inflacionário pra frente. Mas Brasil está indo bem em comparação com o resto do mundo”.

Ana Paula Carvalho, sócia da AVG Capital, disse que o dado favorável para o cenário de corte de juros na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) pode trazer alguma pressão no dólar.

“Isso porque o diferencial de juros entre o Brasil e os EUA vai diminuir caso o BC continue o ritmo de queda da Selic em 0,50pp”.

Mais cedo, segundo um analista do mercado financeiro, a inflação PCE em linha “abre a possibilidade de duas reduções nos juros americanos lá na frente”.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecharam em firme queda, refletindo a inflação aqui e nos Estados Unidos.

Por volta das 15h40 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 10,210%, de 10,350% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 10,465% de 10,635%, o DI para janeiro de 2027 ia a 10,865%, de 10,950%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 11,145% de 11,240% na mesma comparação. No mercado de câmbio, o dólar comercial operava em queda cotado a R$ 5.1155 para a venda.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo positivo, com o balanço da Alphabet e da Microsoft revivendo as esperanças de um rally liderado pelas big techs, mesmo com a leitura do indicador de inflação preferido pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano) mostrando que as pressões de preços persistem.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,40%, 38,239.66 pontos
Nasdaq 100: +2,03%, 15,927.90 pontos
S&P 500: +1,02%, 5,099.96 pontos

Com Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência Safras News