São Paulo – A Eneva reportou prejuízo líquido da companhia, que desconta a participação dos minoritários das subsidiárias, de R$ 60,9 milhões no primeiro trimestre de 2024, revertendo o resultado líquido positivo de R$ 222,9 milhões no mesmo intervalo de 2023.
O resultado financeiro líquido da companhia totalizou -R$ 707,1 milhões no 1T24, comparado a -R$ 435,2 milhões no 1T23. A variação negativa no período foi principalmente decorrente do impacto não caixa da variação cambial líquida negativa em -R$ 102,0 milhões no 1T24, frente ao resultado positivo de variação cambial de R$ 71,4 milhões no 1T23, e pelo crescimento das despesas financeiras em R$ 75,7 milhões no comparativo anual.
A variação cambial líquida negativa de R$ 102,0 milhões no 1T24 foi sobretudo em função da contabilização de -R$ 105,3 milhões de variação cambial não caixa incidente sobre o arrendamento do FSRU da UTE Porto de Sergipe I (IFRS 16/CPC 06), refletindo a valorização da taxa de câmbio e impulsionando o saldo remanescente do passivo devido em moeda estrangeira (dólar americano) no final do 1T24 frente ao saldo do início do período. Em contrapartida, no 1T23, foi contabilizado impacto positivo de R$ 90,0 milhões referentes à variação cambial sobre o arrendamento do navio FSRU, como resultado da desvalorização do dólar frente ao real observada naquele período.
Na rubrica de despesas financeiras, a principal linha que contribuiu para a variação no período foi a de variação monetária, com crescimento de R$ 66,2 milhões na comparação do 1T24 frente ao 1T23. Os principais fatores que contribuíram para a variação foram: (i) o início do impacto integral no resultado financeiro da variação monetária das debêntures da 9a Emissão e do financiamento do BNB referentes ao projeto Futura 1, ainda não operacional no 1T23, que estavam sendo contabilizadas no Imobilizado em Andamento naquele período31, representando variação de -R$ 42,4 milhões no período; e (ii) aumento do montante de endividamento total indexado à IPCA no período, cujo efeito volume superou o efeito da redução do IPCA no período (IPCA 1T24: 1,4% versus IPCA 1T23: 2,1%), representando aumento de despesa líquida de R$ 23,8 milhões na variação entre os períodos.
A receita operacional líquida do primeiro trimestre foi de R$ 2 bilhões, uma baixa de 18,5% na mesma comparação.
No período, o ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) atingiu R$ 1,1 bilhão, queda de 6,8% frente ao primeiro trimestre de 2023, para R$ 1,1 bilhão, com margem de 54,3%, um crescimento de 6,8 pontos percentuais (pp) na base anual, refletindo desempenho operacional positivo com geração para despacho regulatório termelétrico, volta da demanda por exportação e conclusão da estabilização de Jaguatirica II
O resultado refletiu, sobretudo a dinâmica operacional positiva apresentada ao longo do trimestre, sendo os principais destaques:
Crescimento de R$ 98,0 milhões no Complexo Parnaíba, impulsionado pelo melhor desempenho das receitas no período, com aumento tanto da receita fixa, sobretudo com o início do Contrato de Comercialização de Energia no Ambiente Regulado (CCEAR) da UTE Parnaíba V, quanto da receita variável, acompanhando o despacho médio de 25% no 1T24 versus 10% no 1T23, considerando o despacho regulatório em todas as usinas e a exportação de energia para a Argentina pelas UTEs Parnaíba I, IV e V ocorridos no trimestre Continuidade da trajetória positiva na UTE Jaguatirica II, resultando no crescimento de R$ 48,1 milhões no EBITDA, sendo o primeiro trimestre de resultado completo do ativo estabilizado como reflexo da evolução em seus indicadores operacionais, atingindo 99% de disponibilidade e 82% de despacho médios no 1T24 (frente a 81% de disponibilidade e 64% de despacho médios no 1T23); (iii) Aumento de R$ 39,6 milhões no EBITDA da UTE Porto de Sergipe I, localizada no Hub Sergipe, refletindo, principalmente, a melhor margem fixa no período, em função da combinação do reajuste contratual na receita fixa e redução nos custos com O&M, justificados pela renegociação dos seguros do ativo e menores custos de pessoal no período Melhora de R$ 46,3 milhões do segmento Solar no EBITDA do 1T24 na comparação com o 1T23, proveniente das receitas dos contratos bilaterais celebrados com clientes na modalidade de autoprodução e operações de liquidação no mercado de curto prazo realizadas Incremento de R$ 16,7 milhões no segmento de Upstream, acompanhando as maiores receitas variáveis com contratos de fornecimento de gás, reflexo do maior despacho médio do Complexo Parnaíba e a evolução no despacho e disponibilidade da UTE Jaguatirica II, ligeiramente compensados pelos maiores custos variáveis associados à maior produção de gás e maiores despesas com poços secos no período Melhora de R$ 12,1 milhões no EBITDA da Holding e Outros (ex-Equivalência), impulsionado pela redução de SG&A (ex-ILPs), refletindo os resultados de iniciativas da Companhia com foco em eficiência operacional.
A geração total de energia da companhia entre janeiro e março somou 1.173 GWh.
No 1T24, a produção de gás natural da Eneva totalizou 0,26 bilhão de metros cúbicos (bcm), sendo 0,20 bcm no Complexo Parnaíba e 0,06 bcm na Bacia do Amazonas, no Campo de Azulão, direcionado ao suprimento da UTE Jaguatirica II. “O aumento do volume de gás produzido no 1T24 frente ao 1T23 é resultado, da maior demanda por gás das termelétricas para geração em função do retorno do despacho regulatório nas usinas do Complexo Parnaíba e da melhoria da disponibilidade na UTE Jaguatirica II, ao nível de 99% no 1T24 versus 81% no 1T23”, explicou a empresa.
A companhia encerrou o 1T24 com um total de reservas 2P de gás natural de 47,4 bcm, sendo 37,4 bcm de reservas na Bacia do Parnaíba e 10,0 bcm na Bacia do Amazonas. Este volume reflete o saldo das reservas certificadas divulgadas em 15 de fevereiro de 2024 nos relatórios de certificação de reservas referentes a 31 de dezembro de 2023, elaborados pela Gaffney, Cline & Associates (GCA), descontando o consumo de gás acumulado no 1T24.
Ao final do trimestre, a dívida líquida da empresa era de R$ 17,45 bilhões, alta de 2,3% na comparação anual. A alavancagem, medida pela relação dívida líquida por ebitda, encerrou o período em 4,1 vezes, queda de 0,5 pp.
O Fluxo de Caixa Operacional atinge valor recorde de R$ 1,1 bilhão, impulsionado pelo EBITDA e pela variação positiva do capital de giro, suportando o fluxo de investimentos e o crescimento contratado no plano de negócios da Companhia.