Bolsa fecha em ligeira queda em dia de volatilidade; dólar encerra a R$ 5,10

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São Paulo- Em um dia parado, de agenda vazia e de volatilidade, a Bolsa fechou ligeiramente em queda seguindo o movimento dos índices em Wall Street à espera da ata do #FED#, na quarta-feira (22). Hoje o mercado repercutiu os ajustes na inflação, taxa básica de juros (Selic) e PIB em 2024 mostrados no boletim Focus e digeriu falas hawkish de integrantes do Fed.

As ações Petrobras (PETR4) subiram 0,16% após quatro dias de queda devido à troca no comando da companhia.

De acordo com o Focus, a estimativa para a inflação medida pelo Indice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2024 subiu de 3,76% para 3,80%. A meta para a inflação no período é de 3,00%. Em relação à Selic, elevaram a projeção de 9,75% para 10,00% no final do ano e alta do PIB caiu de 2,09% para 2,05%.

Loretta Mester, dirigente do Fed de Cleveland, disse que não descarta juros mais altos. “Temos de estar abertos na possibilidade de subir juros”. Philip Jefferson, vice-presidente do Fed, afirmou a necessidade de ter mais confiança na desinflação para começar a cortar os juros.

O principal índice da B3 caiu 0,31%, aos 127.750,92 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em junho recuou 0,42%, aos 128.615 pontos. O giro financeiro foi de R$ 20,2 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam mistos.

Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos, disse que o Ibovespa seguiu a falta de rumo das bolsas norte-americanas. “O índice alternou entre os campos negativo e positivo, numa gangorra sem oscilações bruscas, entre a mínima de -0,52% e máxima de +0,45%. Após a abertura negativa, houve melhora com a recuperação das ações da Vale e Petrobras. Porém, ainda no início da tarde o índice voltou a perder força, com os bancos passando para campo negativo, assim como os índices norte-americanos. Estas mudanças de sinal vão em linha com a expectativa para a agenda dos próximos dias, como a ata do Fed. Houve repercussão também da veiculação de declarações de Gabriel Galípolo, diretor de Política Monetária do Bacen, de que o BC poderá agir caso a desancoragem da expectativa de inflação prossiga”.

Jaqueline Kist, especialista em mercado de capitais e sócia da Matriz Capital, disse que o Ibovespa tem um dia volátil e apesar dos gatilhos positivos vindos não ajudam o índice.

“Melhora recente nos dados econômicos nos EUA e melhora da perspectiva da economia chinesa, que beneficiam a economia brasileira e os ativos como o minério de ferro, não parecem estar sendo suficientes para sustentar o fluxo e liquidez no Ibovespa na sessão de hoje. O balanço fica entre um cenário macro de gatilhos negativos para o prêmio de risco da bolsa brasileira, ainda que o encerramento da temporada de resultados tenha vindo com algumas surpresas positivas em relação ao aumento de receitas e lucros operacionais. O micro acaba adquirindo um tom mais positivo, tentando equilibrar a atração do fluxo pessoa física, que é o que mais tem crescido na bolsa brasileira em 2024, contra a saída em maior peso dos fluxos de capital estrangeiro, perante a piora no cenário de prêmio de risco”.

Gabriel Mota, operador de renda variável da Manchester Investimentos, disse que Ibovespa está de olho no exterior. “A Bolsa não tem tração e o mercado está em compasso de espera para os próximos passos do Fed, após um payroll em desaceleração [mercado de trabalho nos EUA divulgado dia 03 mostrou abertura de 175 mil contra a projeção de 240 mil] e CPI melhor [inflação ao consumidor divulgado semana passada veio marginalmente abaixo das expectativas-subiu 0,3% e a previsão era de +0,4%]. Os investidores ficam à espera da ata da última reunião do banco central norte-americano [07 e 08] na quarta-feira [22]”.

Em relação às ações, Mota disse que a Vale (VALE3) tem dificuldade de passar o patamar de R$ 66, quando atinge esse patamar entra forte fluxo vendedor. A Vale caía 0,31%, cotada a R$ 65,97.

O dólar comercial fechou em alta de 0,04%, cotado a R$ 5,1041. A moeda refletiu, ao longo da sessão, a agenda esvaziada de indicadores, tanto os próximos passos do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) e Comitê de Política Monetária (Copom).

Para o sócio da Ethimos Investimentos Lucas Brigato, “grande parte do mercado já está cravando 10% na Selic ao final de 2024, A dúvida é como serão os cortes nas próximas reuniões”.

Brigato entende que embora os últimos dados da economia estadunidense sejam animadores, ainda é cedo para mudar o cenário de juros nos Estados Unidos.

“O Fed praticamente descartou alta de juros e já olham com mais proximidade o início de queda de juros por lá. Isso permite lastro maior para queda de juros aqui, mesmo com a perspectiva negativa e projeção de juros terminal nos 10%. Ainda é cedo, mas a troca da presidência do Banco Central (BC) no fim do ano também vem sendo precificada, aumentando a cautela”, opina Brigato.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecham em alta, graças à queda do dólar perante o real, operando ambos próximos à estabilidade.

Por volta das 16h30 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 10,380%, de 10,375% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 10,690% de 10,675%, o DI para janeiro de 2027 ia a 10,050%, de 10,065%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 11,340% de 11,300 na mesma comparação.

Os principais índices de ações do mercado dos Estados Unidos fecharam a sessão em campo misto, com o Nasdaq atingindo um novo recorde, enquanto o Dow Jones recuou dos 40 mil pontos após ser pressionado pela queda nas ações do banco JPMorgan.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: -0,49%, 39.807,69 pontos
Nasdaq 100: +0,65%, 16.794,87 pontos
S&P 500: +0,09%, 5.308,20 pontos

Com Paulo Holland, e Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência Safras News