Fed ainda não tem confiança para reduzir os juros, diz Powell

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São Paulo – O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Jerome Powell, disse nesta quarta-feira que os membros do Comitê Geral do Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) ainda não tem confiança para começar a reduzir as taxas de juros, mesmo após o índice de preços ao consumidor de maio, divulgado pela manhã, ter vindo abaixo do esperado.

“Vemos o relatório de hoje [CPI] como progresso e como, você sabe, construção de confiança,” disse Powell em coletiva de imprensa após a decisão do Fed. “Mas não nos vemos com a confiança que justificaria começar a afrouxar a política neste momento.”

Powell, no entanto, ponderou que ninguém no Fomc tem aumentos de taxas de juros em sua previsão base no radar e que os dados recentes têm sido positivos, o que justifica a manutenção da política monetária atual.

“Achamos que estamos conseguindo as coisas que gostaríamos de obter em termos gerais, e é por isso que estamos nessa política agora há quase um ano”, explicou Powell. “Achamos que a política é restritiva. E achamos, em última análise, que se você simplesmente estabelecer a política em um nível restritivo, eventualmente verá um enfraquecimento real na economia,” ele disse. “Não para eliminar a possibilidade de aumentos, mas ninguém tem isso como sua previsão base,” acrescentou.

A sequência mais recente de leituras de inflação mostra sinais de redução das pressões sobre os preços, de acordo com Powell.

“Os dados de inflação recebidos no início deste ano foram mais altos do que o esperado, embora as leituras mensais mais recentes tenham diminuído um pouco,” disse Powell na quarta-feira. “As expectativas de inflação de longo prazo parecem bem ancoradas.”

O presidente do Fed, porém, alertou que ela ainda permanece alta demais.

“Nossa economia fez progressos consideráveis… o mercado de trabalho encontrou um melhor equilíbrio com contínuos fortes ganhos de emprego e uma baixa taxa de desemprego,” ele disse. “A inflação diminuiu substancialmente de um pico de 7% para 2,7%, mas ainda está alta demais. Estamos fortemente comprometidos em retornar a inflação para nossa meta de 2% em apoio a uma economia forte que beneficie a todos.”

Em relação ao mercado de trabalho, Powell disse que os dados recentes sobre empregos podem estar ligeiramente “superestimados,” indicando que revisões de referência podem estar a caminho.

“Você tem uma forte criação de empregos, o payroll ainda está vindo forte, embora haja um argumento de que possam estar um pouco superestimado, mas ainda assim, está forte”, afirmou Powell.

O payroll subiu 272 mil no mês de maio, acima dos 165 mil em abril e bem acima da estimativa da Safras News de 185 mil vagas.

Powell também comentou que os salários continuam “acima dum caminho sustentável”, lembrando a trajetória da inflação para a meta de 2% exigirá menor crescimento salarial.

“Não pensamos nos salários como sendo a principal causa da inflação, mas, ao mesmo tempo, voltar a 2% de inflação provavelmente exigirá um retorno mais sustentável a um nível mais sustentável, que está um pouco abaixo do nível atual de aumentos no agregado”, disse Powell.