Bolsa fecha em tímida alta e dólar encerra a R$ 5,460 pós-Copom

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São Paulo -A Bolsa fechou em tímida alta oscilando entre a máxima de 121.660,64 pontos e a mínima de 120.156,30 pontos no pós-Copom. A reação do mercado foi positiva na decisão técnica do colegiado, mas perdeu força com as declarações do presidente Lula lamentando a postura Comitê de Política Monetária do Banco Central (BC). O tom é de cautela. As commodities e setor de proteína avançaram.

Mais cedo em entrevista à rádio “Verdinha”, em Fortaleza (CE), o presidente Lula lamentou a manutenção da taxa básica de juros em 10,50% ao ano. Para ele, essa decisão foi “investir no sistema financeiro e nos especuladores, nós queremos investidor na produção”.

As ações da Petrobras (PETR3 e PETR4) subiram, respectivamente, 2,01% e 1,58%. Vale (VALE3) avançou 0,90%.

O principal índice da B3 avançou 0,15%, aos 120.445,91 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em agosto caiu 0,44%, aos 122.155 pontos. O giro financeiro era de R$ 21 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam mistos.

Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos, disse que “no pós-Copom, o mercado está digerindo a decisão unânime de manter a taxa básica de juros em 10,5% ao ano (aa) de uma forma positiva, mostrando que o Banco Central é independente. A Bolsa chegou a subir bem, mas algumas declarações do nosso presidente [Lula] fizeram com que a cautela voltasse ao mercado. O setor financeiro e as elétricas recuam e, em contrapartida, as commodities e o setor de proteínas estão com boa performance. O mercado segue atento às ações que o governo pode tomar após o Copom”.

Diego Faust, operador de renda variável da Manchester Investimentos, a votação unânime do Copom ajuda a Bolsa.

“Esse alinhamento dos membros é importante porque mesmo a ala do Executivo [os indicados pelo governo] está preocupada com a sinalização que o mercado fez com risco de a inflação deslanchar. Mas, por outro lado, vemos uma correção técnica na Bolsa por conta do movimento pesado na abertura do dia [subiu forte], depois a tendência é voltar nos patamares visto na semana; a Petrobras segue firme refletindo a alta do petróleo, reagindo o discurso da Magda Chambriard [Ceo da estatal] e as mudanças na diretoria, e ainda repercutindo o acordo da Petrobras para encerrar os litígios com o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf)”.

Ubirajara Silva, gestor de renda variável independente, disse a decisão do Copom veio em linha, mas como os nove membros votaram de forma agradou o mercado.

“O desejo do mercado se concretizou, que o placar fosse unânime, o que mostrou autonomia do BC. Acredito que a Bolsa deve subir mais de 1% hoje. A gente está vindo de uma grande pressão, e se não viesse [esse placar] poderia ser muito ruim pro mercado, mas ainda está bem longe de resolver nosso problema. Vamos ver a reação do governo com esse placar. O governo já tem algumas cadeiras lá, inclusive o Galípolo [Gabriel Galípolo, diretor de Política Monetária do BC] que está sendo cotado para substituir o presidente do BC. Com a saída do Campos Neto, o governo [Lula] terá sete cadeiras e aí vamos ver se o BC tem ou não autonomia”.

O dólar comercial fechou em alta de 0,35%, cotado a R$ 5,4607. A moeda refletiu, na parte da tarde, as críticas de Lula sobre a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de manter a Selic (taxa básica de juros) em 10,5%, além da pressão nas Treasuries e manutenção da taxa de juros na China.

Para o economista-chefe da Nova Futura, Nicolas Borsoi, os comentários do presidente Lula foram absorvidos negativamente pelo mercado: “Um plano de contenção de gastos iria ajudar. As sinalizações não estão ajudando”, opina.

Borsoi entende que a alta das Treasuries e manutenção da taxa básica de juros chineses também contribuem para o fortalecimento do dólar “contra quase todas as moedas”.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecharam mistas, após decisão técnica do Comitê de Política Monetária (Copom) na véspera, o que eliminou alguns ruídos políticos. Por outro lado, reflete o descontentamento do presidente Lula com a manutenção da taxa básica de juros (Selic) em 10,5% ao ano (aa).

Por volta das 16h14 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 10,620%, de 10,670% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 11,220% de 11,295%, o DI para janeiro de 2027 ia a 11,595%, de 11,575%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 11,885% de 11,815% na mesma comparação. No mercado de câmbio, o dólar comercial operava em alta, cotado a R$ 5,4531 para a venda.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo misto, após atingirem máximas recordes no início da sessão, enquanto o impulso de alta da Nvidia – que a catapultou ao título de empresa pública mais valiosa do mundo – perdeu força.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,77%, 38.134,96 pontos
Nasdaq 100: -0,45%, 17.721,59 pontos
S&P 500: -0,25%, 5.473,17 pontos

 

Com Paulo Holland, e Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência Safras News