Bolsa fecha em alta pelo 5º dia com melhora na percepção de risco doméstico; dólar cai

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São Paulo -A Bolsa fechou em alta pelo quinto pregão seguido com a percepção do mercado de uma melhora na questão fiscal em uma semana de divulgação da ata do Comitê de Política Monetária (Copom) amanhã (25), inflação e Relatório Trimestral de Inflação (RTI).

Somado a isso, as expectativas ficam para o índice PCE nos Estados Unidos na sexta-feira (28). A sessão foi marcada por alta generalizada das ações.

O principal índice da B3 subiu 1,06%, aos 122.636,96 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em agosto avançou 0,81%, aos 124.195 pontos. O giro financeiro foi de R$ 17,9 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam mistas.

Para Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos, a alta da Bolsa se deve a sensação de melhora do cenário doméstico.

“O Ibovespa se apoiou no alívio na percepção de risco local, que se refletiu na queda dos juros futuros e fluxo de capital para ações, mesmo sabendo que a semana ainda trará importantes dados como Ata do Copom, IPCA-15 e relatório de inflação. A alta foi generalizada dentro da composição do Ibovespa, com destaque para ações sensíveis aos juros, como varejistas [Magazine Luiza subiu após a divulgação de uma parceria da companhia com a AliExpress. Segundo o CEO Frederico Trajano, a parceria deve estar no ar já no terceiro trimestre deste ano] e construtoras, além das blue chips Petrobras e bancos. A Vale se recuperou da baixa inicial, quando acompanhou a queda do minério de ferro”.

O Magazine Luiza (ON, +12,28) e MRV (ON, + 5,42%); Itaú (PN, +1,44), Petrobras (ON, +1,90% e PN, +0,92%). Vale (ON, +0,11%.

Hemelin Mendonça, especialista em mercado de capitais e sócia da AVG Capital, disse que o “Ibovespa sobe ainda influenciado pela reunião da semana passada do Copom. Mesmo que o mercado esteja esperando pela ata amanhã (24), acredito que a decisão mais cautelosa fez com que os investidores tivessem uma luz no fim do túnel coam a aposta que a política fiscal tem que ser resolvida”.

Rodrigo Alvarenga, sócio da One Investimentos, disse que a Bolsa sobe na esteira da sexta-feira (21), ainda reflete a decisão do Copom na quarta-feira (19) e a chance de corte de juros americanos aumentam.

“A decisão do Copom em manter os juros inalterados foi coesa, como o mercado queria ouvir e isso ainda reflete no pregão de hoje. Mas a Bolsa está bem amassada. Por aqui, a discussão sobre corte de gastos começa a ser a ser discutida e o mercado vê como ponto positivo. E, no exterior, esta semana tem PCE- dado mais acompanhado pelo Fed-, se vier positivo pode corroborar para um aumento na probabilidade de corte de juros nos EUA. É possível até três cortes. As ações têm alta generalizada. Destaque para Magazine Luiza, após acordo fechado com a AliExpress para vendas de produtos pelos dois marketplace”.

Bruno Komura, analista da Potenza Capital, disse que a percepção que o corte de juros nos Estados Unidos está mais próximo e aqui a questão fiscal será olhada com mais atenção pelo governo animam os investidores.

“A perspectiva mais favorável para queda de juros com dados mais fracos da economia americana pode ajudar o início do ciclo do corte pelo Fed, se não for em setembro será em dezembro, o que é positivo. Se o PCE [inflação olhada pelo Fed] na sexta-feira vier abaixo das expectativas pode aumentar a possibilidade de redução em setembro como mostra a ferramenta CME. Internamente, o governo vai começar a olhar com mais cuidado a parte fiscal. O Lula deve manter o discurso de sempre olhar o social, mas a Fazenda deve ganhar mais holofotes com medidas para controle fiscal dado que vimos nas últimas semanas o dólar estressado”.

Komura disse que os bancos avançam precificando resultados melhores. “Em termos de fundamento, os lucros devem melhorar e inadimplência cair. Os investidores institucionais e estrangeiros devem montar posição nessas ações mais líquidas, à exceção de mineração e siderurgia por conta da China”.

O dólar comercial fechou em queda de 0,90%, cotado a R$ 5,3913. A moeda apresentou, ao longo do dia, um movimento de correção, em dia marcado por agenda esvaziada tanto aqui quanto lá fora.

De acordo com o analista da Potenza Capital Bruno Komura, os investidores estão aproveitando para realizar, “com um fluxo muito grande de venda de dólar”.

Para o head de Tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, o mercado tem ficado “pessimista”, e que a divisa estadunidense tem espaço para cair mais, atingindo a faixa de R$ 5,34.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecharam em queda em dia de ajuste técnico e com os investidores na expectativa para a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), amanhã (25).

Por volta das 16h31 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 10,560%, de 10,585% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 11,105% de 11,135%, o DI para janeiro de 2027 ia a 11,455%, de 11,505%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 11,720% de 11,780 na mesma comparação. No mercado de câmbio, o dólar comercial operava em queda, cotado a R$ 5,3927 para a venda.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo misto, com as ações da Nvidia caindo perto dos 5% enquanto investidores se retiravam do maior destaque de IA do ano.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,67%, 39.410,87 pontos
Nasdaq 100: -1,09%, 17.496,82 pontos
S&P 500: -0,31%, 5.447,86 pontos

 

Com Paulo Holland, e Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência Safras News