Bolsa rompe sequência de 11 altas e fecha em queda com pressão de Vale e Petrobras; dólar recua

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São Paulo -A Bolsa rompe 11 sequência de altas e fecha em queda com pressão de Vale e Petrobras A Bolsa fechou em leve queda, rompendo a sequência de 11 altas, pressionada por Petrobras (PETR3 e PETR4) e Vale (VALE3)-ações que têm maior peso na carteira do Ibovespa.

As falas do presidente Lula chegaram a provocar um desconforto tímido no mercado, mas logo foram absorvidas.

O presidente reafirmou, em entrevista à TV Record, o comprometimento de seu governo com o fiscal e o ministrou da Fazenda, Fernando Haddad, conversou com os jornalistas esclarecendo as falas do presidente.

Haddad explicou que foram usadas frases do presidente Lula fora do contexto. “Quando for ao ar a íntegra [da entrevista] vocês vão poder constatar [o presidente] dizendo exatamente o que eu disse há uma semana: “nós temos um compromisso com acabou o arcabouço fiscal. A lei é deste governo, nós é que alteramos a lei para o arcabouço fiscal. Ele falou ‘vou fazer o possível para cumprir o arcabouço fiscal, porque não estou chegando agora na presidência, eu já tenho dois governos entregues e aprendi a administrar as contas da minha casa e do país com a mesma seriedade, com a mesma tranquilidade”, explicou Haddad

As ações da Vale (VALE3) caíram 1,04% e as da Petrobras (PETR3 PETR4) recuavam 0,50% e 0,25%. As mineradoras também registravam queda.

O principal índice da B3 caiu 0,16%, aos 129.110,38 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em agosto recuou 0,24%, aos 130.215 pontos. O giro financeiro foi de R$ 17,9 bilhões Em Nova York, as bolsas fecharam em alta.

Para Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos, após 11 sessões positivas consecutivas, com ganhos acumulados de 4,5% no período, reduziram os espaços para novas arrancadas da Bolsa.

“O Ibovespa não conseguiu acompanhar o bom desempenho das bolsas norte-americanas, sofreu com a volatilidade provocada pela divulgação de trechos de uma entrevista com o presidente Lula, na qual haveria falas sobre o cenário fiscal. O índice também sofreu com a queda das commodities, com grande peso sobre o índice”.

Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, disse que a Bolsa cai em razão do recuo de “Vale e Petrobras, que juntas representam 30% do índice, acompanhando o minério de ferro e o petróleo. O mercado se preocupa com a segunda maior economia do mundo. As falas do Lula [sobre o fiscal] impactaram um pouco no índice”.

Lucca Ramos, sócio da One Investimentos, disse que a Vale pesa e impede o avanço.

“Após 11 pregões em alta, é natural uma correção, mas o principal da detrator da bolsa é o peso da Vale. A mineradora acompanha o minério depois de vários dados da China decepcionando em relação ao crescimento do PIB, inflação e vendas de novas casas pra baixo. Vemos CSN e Usiminas também penalizadas. A queda do petróleo reflete na Petrobras, por outro lado, o recuo [do petróleo] é bom pra bolsa porque a commodity é mais inflacionária, e à medida que vai cedendo abre espaço para uma inflação menor a longo prazo. Se a Vale se recuperar ao longo do dia, o Ibovespa sobe”.

Ramos ressaltou que a possibilidade de corte de juros lá fora e o cenário interno mais favorável ajudam para uma visão mais otimista com a bolsa.

“O recorte da bolsa é positivo porque se a gente olha o Indice Small Caps está performando bem com a curva de juros futuros caindo e o recuo do petróleo. Vemos melhora na entrada de fluxo nesse mês [estrangeiro] e das expectativas em relação aos juros americanos. Além de indicadores técnicos bons aqui e o governo um pouco mais silencioso com pautas contra o mercado”.

O dólar comercial fechou a R$ 5,4283 para venda, com desvalorização de 0,31%. Às 17h05min, o dólar futuro para agosto tinha baixa de 0,36% a R$ 5,442. O mercado seguiu de olho no exterior. Apesar do Dollar Index operar em leve alta na maior parte do dia, o sentimento de que o ciclo de corte nos juros dos Estados Unidos terá início neste ano. Os mais otimistas apontam até três cortes, o que aliviou os rendimentos dos treasuries.

O Dollar Index, que mede o desempenho da moeda americana em relação a uma cesta de moedas estrangeiras, tinha alta de 0,03% a 104,22 pontos.

Internamente, o quadro aponta para um maior compromisso do governo com o fiscal, em falas do presidente Lula e do ministro Haddad. Houve um pequeno ruído após as primeiras interpretações do discursos de Lula, mas logo o mercado voltou ao normal. No começo da tarde, a divisa chegou a registrar leve alta, mas voltou ao patamar do início do pregão.

Wagner Varejão, economista da Valor Investimentos, disse que o alívio no câmbio no pregão desta terça-feira é atribuído às treasuries.”As treasuries vem caindo com dados de inflação melhores que esperado-CPI veio muito bom na semana passada- e isso tem tirado a pressão no câmbio. O ambiente doméstico mais favorável e inflação melhor acabam contribuindo para dar sustentação para o real. Hoje não tem notícias relevantes”.

Informações que circulam na mídia indicam que a equipe econômica já teria avisado o presidente Lula de que o relatório de receitas e despesas, que será divulgado no dia 22, vai apontar um contigenciamento de R$ 10 bilhões. O movimento é esperado pelo mercado e sinaliza um compromisso do Executivo com a responsabilidade fiscal.

Em entrevista concedida hoje à TV Record, o próprio Lula voltou a frisar que tem seriedade fiscal e reforçou seu comprometimento com o arcabouço. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, confirmou as declarações de Lula e disse que possivelmente haverá contigenciamento.

O diretor de Política Monetária do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, afirmou, em palestra na parte da tarde, que a inflação corrente vem apresentando dados mais benignos, mas que permanecem as preocupações com a inflação de serviços e alimentos. “As taxas de juros devem permanecer mais altas nos Estados Unidos por mais tempo. Isso faz com que os países emergentes tenham elevação na taxa terminal”, completou.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecharam em baixa. A baixa do treasuries norte-americanos, diante da perspectiva de cortes nos juros americanos nas próximas reuniões do Federal Reserve, e sinais de compromisso do governo federal com o arcabouço fiscal ajudaram a pressionar as taxas. O mercado acompanhou também a fala do diretor de política monetária do BC, Gabriel Galípolo.

Por volta das 16h35 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 10,575%, de 10,575% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 11,095%, de 11,165%, o DI para janeiro de 2027 ia a 11,355%, de 11,440%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 11,575% de 11,605% na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo positivo, à medida que Wall Street se expandiu além dos nomes de tecnologia, com esperanças de cortes iminentes nas taxas de juros.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +1,85%, 40.955,13 pontos
Nasdaq 100: +0,20%, 18.509,34 pontos
S&P 500: +0,64%, 5.667,21 pontos

 

Com Camila Brunelli, Dylan Della Pasqua e Darlan de Azevedo / Agência Safras News