Bolsa volta a fechar em alta com fluxo externo e petróleo, mas Vale limita ganhos; dólar dispara

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São Paulo – A Bolsa voltou a fechar em alta, mesmo que tímida, com o ingresso de capital externo e valorização expressiva do petróleo no mercado internacional, mas a Vale (VALE3) limitou os ganhos.

Os agentes financeiros ficam na expectativa para a divulgação do relatório bimestral de receitas e despesas para conhecer como se dará o corte de gastos.

Em dia de vencimento de opções sobre o Indice, o volume financeiro foi expressivo de R$ mais de R$ 35 bilhões

A Petrobras (PETR3 e PETR4) subiu 0,72% e 0,52% em razão da alta do petróleo. O setor financeiro e as exportadoras fecharam em alta.

O principal índice da B3 subiu 0,26%, aos 129.450,32 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em agosto operava estável, aos 130.335 pontos. O giro financeiro foi de R$ 35,3 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam mistos.

Bruno Komura, analista da Potenza Capital, disse que a Bolsa “se beneficia com o fluxo de estrangeiros [em junho até o dia 15, o saldo está positivo em R$ 3,13 bilhões]. O Ibovespa não está melhor por conta da queda da Vale (VALE3), que cai em razão do relatório de produção e vendas do 2T24 abaixo das estimativas, esperava-se um trimestre mais forte. O mercado fica na expectativa para o dia 22 a divulgação do relatório bimestral de receitas e despesas, vamos ver se o governo vai passar credibilidade”.

Ontem, após o fechamento, a Vale divulgou o relatório de produção e vendas. No documento, a companhia informou que a produção de minério de ferro subiu 2,4% na comparação anual, 80,6 milhões de toneladas. As vendas da commodity cresceram 7,3% milhões entre abril e junho ante igual período do ano anterior. Em base anual, o aumento foi de 5,1%.

Felipe Castro, planejador financeiro e sócio da Matriz Capital, disse que “a bolsa opera em leve alta impulsionada, principalmente, pelo vencimento de opções e pela alta superior a 1% nas cotações do petróleo no mercado internacional”.

Raony Rossetti, Ceo da Melver, disse que um conjunto de fatores mais positivos deixa a bolsa faz a bolsa subir e manter os 129 mil pts.

“Ontem, após as falas do presidente “que não é obrigado a estabelecer a meta fiscal e cumpri-la”, mostraram que o Lula e o Haddad não estão em sintonia e o mercado escuta mais o Haddad [reafirmou a responsabilidade fiscal do governo]. O adiamento de uma solução para a desoneração da folha de pagamento é um mecanismo bom para o governo ganhar tempo e se o governo federal começar a cortar as despesas são sinais positivos para o mercado. Os indicadores nos Estados Unidos vieram fortes -produção industrial [+0,6% em junho e a previsão era + 0,3% em base mensal- construções de casas novas [+3% em junho para 1,353 milhão de unidades em base anual] , mas com a inflação mais controlada, já está dado quase 100% de corte [de juros] em setembro. Outro ponto favorável é a eleição americana e o mercado gosta do nome do Trump [ex-presidente Donald Trump]”.

Em relação à Vale (VALE3), Rossetti disse que a mineradora está descontada e “enquanto não resolver o imbróglio da indenização de Mariana [rompimento da barragem], a empresa não avança”. A Vale (VALE3) caiu 0,93%.

O dólar comercial fechou a R$ 5,4843 para venda, com valorização de 1,03%. Às 17h05min, o dólar futuro para agosto tinha alta de 1,05% a R$ 5,491. Apesar do recuo do dólar frente a outras moedas, a preocupação com a questão fiscal fez preços e sustentou a moeda americana frente ao real. Indicadores de economia aquecida nos Estados Unidos, a baixa do minério de ferro e até mesmo boatos sobre a saúde do líder chinês Xi Jinping ajudaram na alta.

O Dollar Index, que mede o desempenho da moeda americana em relação a uma cesta de moedas estrangeiras, tinha baixa de 0,48% a 103,76 pontos.

O mercado se mostra cauteloso e na expectativa de que o governo cumpra a promessa de cortar gastos, com isso as atenções se voltam para o relatório de receitas e despesas, que será divulgado no próximo dia 22.

Os investidores ainda remoeram a entrevista dada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Record na terça. Lula deu sinais divergentes sobre o compromisso fiscal do governo, o suficiente para reavivar as dúvidas sobre as contas públicas.

“O movimento de desvalorização do real frente ao dólar é influenciado por sinais de intervenção do banco do Japão com intuito de apreciar o iene em relação ao dólar, o que acabou pressionando as moedas emergentes. Por aqui, o mercado está bastante apreensivo e aguarda o relatório bimestral de receitas e despesas, que será divulgado no dia 22. A curiosidade é para saber o tamanho contingenciamento do orçamento; a queda do minério de ferro penaliza a nossa moeda”, resumiu Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos,

Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura Investimentos, disse que os indicadores americanos, rumores sobre a saúde do presidente chinês e o fiscal por aqui deixam o dólar mais forte.

“Os dados nos Estados Unidos-de produção industrial [+0,6% em junho e a previsão era + 0,3% em base mensal- e de construções de casas novas [+3% em junho para 1,353 milhão de unidades em base anual] -bons vieram bons, o que consolida uma atividade forte por lá. O que está também fazendo preço são boatos saindo no twitter [atual X] que o presidente da China, Xi Jinping teria sofrido um AVC (acidente vascular cerebral) e as falas [ de ontem ] do presidente Lula também não ajudam e o fiscal preocupa”.

Livro Bege

A atividade econômica dos Estados Unidos continuou a se expandir ligeiramente até meados de junho, com as expectativas para o futuro da economia mais lentas para os os próximos seis meses devido às eleições norte-americanas, política interna, conflitos geopolíticos e inflação, segundo o Livro Bege, relatório do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) sobre as condições econômicas das 12 principais regiões do país.

Enquanto isso, o ritmo da inflação foi modesto, com “a maioria dos distritos notando que os custos dos insumos estavam começando a se estabilizar,” mostrou o Beige Book.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecham em alta na sessão desta quarta-feira de olho no fiscal, após o mercado interpretar as falas do presidente Lula, ontem, em entrevista à TV Record, como preocupante em relação ao cenário fiscal.

Por volta das 16h40 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 10,605%, de 10,575% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 11,180%, de 11,165%, o DI para janeiro de 2027 ia a 11,440%, de 11,135%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 11,645% de 11,575% na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo misto, com o Nasdaq caindo 2,77% – a pior sessão desde dezembro de 2022 -, já que as empresas de tecnologia enfrentaram dupla pressão devido a preocupações sobre as restrições de exportação dos Estados Unidos para a China e a posição de Donald Trump sobre Taiwan.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,59%, 41.198,08 pontos
Nasdaq 100: -2,77%, 17.996,92 pontos
S&P 500: -1,39%, 5.588,27 pontos

 

Com Camila Brunelli, Dylan Della Pasqua e Darlan de Azevedo / Agência Safras News