Bolsa cai 0,13% em dia morno e dólar avança 1,23% com fortalecimento do iene e fiscal doméstico

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São Paulo -A Bolsa fechou em queda de 0,13%, perto da estabilidade, conseguiu se manter na região dos 126 mil pontos, descolada de Nova York, em um dia morno e de agenda fraca.

As ações da Petrobras (PETR3 e PETR4) subiram e seguraram o índice com o peso relevante na composição do Ibovespa, as cíclicas caíram.

Os investidores mantêm cautela com o fiscal com a dúvida sobre os cortes de gatos pelo governo e ficam na expectativa para amanhã (25) com a divulgação do IPCA-15 e na sexta-feira (26), a inflação PCE nos Estados Unidos.

As ações da Petrobras (PETR3 e PETR4) subiam 1,01% e 0,80%. Vale (VALE3) avançou 0,61%.

O principal índice da B3 caiu 0,13%, aos 126.422,73 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em agosto avançou 0,15%, aos 127.100 pontos. O giro financeiro foi de R$ 18,2 bilhões. Os índices americanos fecharam em forte queda.

Felipe de Castro, sócio da Matriz Capital, disse que o Ibovespa opera “em uma demonstração de resiliência diante de um dia negativo no exterior. A incerteza generalizada causada pela recente desistência do Biden à reeleição e as altas taxas de juros mantidas pela autoridade monetária americana seguem incentivando os investidores a preferir a segurança das treasuries ao risco do mercado bursátil”.

O sócio da Matriz Capital disse que o mercado fica à espera do IPCA-15, que será divulgado amanhã (25) “cuja projeção foi revista para cima no último boletim Focus [na última segunda-feira 22]; são muitas as forças que mantêm o mercado acionário com o freio-de-mão puxado no momento”.

As ações da Petrorio e PetroRecôncavo foram destaque de alta, respectivamente- 5,02%, 3,76% pela valorização do petróleo e por recentes relatórios de instituições que reforçam a recomendação de compra das ações da Prio-Citi e XP- e da PetroRecôncavo pelo Goldman Sachs.

Outro destaque ficou para Hapvida (HAPV3), que avançou 0,76%, após a empresa anunciar construção de novos empreendimentos no sudeste

Flávio Figueiredo, especialista da Valor, o Ibovespa está operando “praticamente perto do zero a zero, na casa dos 126 mil pontos em meio à temporada de resultados, com Vale divulgando os números amanhã (25) e com os investidores cautelosos em montar posição diante das incertezas em relação ao fiscal. O mercado espera pelo IPCA-15 [amanhã] uma vez que estamos próximos à indicação da presidência do BC, e como vai ser a postura desse presidente em relação à questão fiscal e perseguição da meta da inflação; mercado fica na expectativa pelo PCE na sexta-feira (26); Petrobras sobe e exportadoras se beneficiam de um dólar mais alto”.

André Luiz Rocha, operador de renda variável da Manchester Investimentos, disse que em dia de agenda vazia opera de lado “a alta de Petrobras e Vale tentam puxar a Bolsa, no negativo as ações sensíveis a juros sofrem, como varejistas e de construção. O mercado espera falas do Lula, que recentemente disse que sempre que precisar bloquear, nós vamos bloquear [se referindo a necessidade de cortar de novos gastos]”.

Em relação ao balanço do Santander Brasil- que divulgou mais cedo o resultado referente ao 2T24, Rocha disse que “o resultado veio acima do esperado, destacou a receita líquida [subiu 10,6% para R$ 14,75%] retorno sobre patrimônio líquido [subiu 4,3 pontos porcentual em um ano para 15,5%]”.

Outra fonte comentou que “o resultado veio bom e já deve refletir nos outros balanços do setor financeiro. A dúvida ficou em relação a provisão extra para o 2T24 de R$ 1,930 bilhão”. As ações do Santander subiram 0,35%.

O lucro líquido gerencial recorrente de R$ 3,332 bilhões no segundo trimestre de 2024 (2T24), montante 44,3% acima do reportado no mesmo período de 2023. O lucro líquido contábil totalizou R$ 3,247 bilhões em igual intervalo, aumento de 51,2% ante o segundo trimestre do ano passado.

O dólar comercial fechou a R$ 5,6566 para venda, com valorização de 1,23%. Às 17h05min, o dólar futuro para agosto tinha alta de 1,25% a R$ 5.661,500. O fortalecimento da moeda americana foi determinado pela alta da moeda japonesa – iene – em um movimento de carry trade, pelas incertezas sobre o resultado da eleição nos Estados Unidos e pelos sinais de crescimento abaixo do esperado da economia chinesa, com impacto nos preços das commodities.

Internamente, a questão fiscal segue pesando sobre o real. O mercado se mostra muito cético com a condução das contas públicas pelo governo. Apesar da congelamento apresentado nesta semana, o sentimento no mercado é de que a equipe econômica ainda está perdida e sem saber o futuro de receitas e despesas.

O Dollar Index, que mede o desempenho da moeda americana frente a uma cesta de unidades, tinha baixa de 0,06% a 104,38 pontos.

Marcos Weight, head de tesouraria da Travelex Bank, disse que o dólar avança “em dia típico de aversão ao risco com as moedas emergentes se desvalorizando [com a recuperação do iene]; queda das commodities por conta de China, e as eleições nos Estados Unidos. Era provável que o Trump {Donald Trump] ganharia, agora com a Kamala [Kamala Harris, vice-presidente e provável candidata dos democratas à Casa Branca] no lugar do Biden [Joe Biden, presidente dos EUA] é uma incerteza porque ela é da linha do Biden, que gasta muito. O Trump tem uma disputa comercial com China. Os dois candidatos têm pauta inflacionária”.

Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura Investimentos, disse que três fatores impactam a moeda americana. “Existe um desmonte global de trade de carrego, o chamado carry trade em inglês, com a valorização do iene- a moeda está 2,5% acima do dólar na semana. Os países emergentes e ligados às commodities como Brasil, Colômbia e México sofrem, mas o Real está bem pior que seus pares. O que explica é a questão fiscal. O mercado perdeu a paciência com o governo, [o governo] não tem noção do plano de corte de gastos, isso ficou demostrado no relatório bimestral de despesas e receita [divulgado na segunda-feira]. O investidor estrangeiro também tem posição comprada em dólar”.

Alguns indicadores divulgados pela manhã sobre o desempenho da indústria na Eurozona também ficaram aquém do esperado. Os investidores começam também a se posicionar frente à Super Quarta, no dia 31, quanto serão definidos os juros no Brasil e nos Estados Unidos. Mesmo que a aposta seja de manutenção, tanto aqui como lá, o mercado vai ficar de olho nos recados deixados nos comunicados e nas declarações dos dirigentes.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) voltaram a subir e fecham em alta – a exemplo dos Treasuries (títulos do Tesouro norte-americano) que também operam com volatilidade.

Por volta das 16h55 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 10,680%, de 10,670% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 11,590%, de 11,495%, o DI para janeiro de 2027 ia a 11,850%, de 11,765%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 12,030% de 11,965% na mesma comparação. O dólar comercial operava em alta, cotado a R$ 5.6577.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em forte queda, pesadas por relatórios decepcionantes de duas grandes empresas de tecnologia, colocando o S&P 500 a caminho de seu pior dia desde 2022.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: -1,25%, 39.853,38 pontos
Nasdaq 100: -3,64%, 17.342,41 pontos
S&P 500: -2,31%, 5.423,13 pontos

 

Com Dylan Della Pasqua, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência Safras News