O líder do Hamas, Ismail Haniyeh, foi assassinado na manhã de quarta-feira em Teerã, conforme confirmado pelo grupo militante palestino e pelo governo iraniano. O assassinato provocou ameaças de vingança contra Israel em uma região já abalada pela guerra em Gaza e pelo conflito em curso no Líbano. A Guarda Revolucionária do Irã confirmou a morte de Haniyeh, poucas horas após ele ter participado da cerimônia de posse do novo presidente iraniano, e informou que está investigando o caso.
Haniyeh, que normalmente reside no Catar, era o principal representante diplomático internacional do Hamas durante a guerra desencadeada pelo ataque do grupo contra Israel em 7 de outubro. O braço armado do Hamas declarou que a morte de Haniyeh “levaria a batalha a novas dimensões e teria grandes repercussões”. O líder supremo do Irã, Ali Khamenei, afirmou que Israel seria severamente punido, pois o assassinato ocorreu na capital iraniana.
Israel não comentou nem reivindicou responsabilidade pelo assassinato. O exército israelense declarou que está avaliando a situação, mas não emitiu novas diretrizes de segurança para os civis. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu foi convocado para uma reunião com oficiais de segurança. O Secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, disse que os norte-americanos trabalhariam para diminuir as tensões e ajudariam a defender Israel se fosse atacado, embora não considerasse a guerra inevitável, destacando a importância da diplomacia.
O assassinato de Haniyeh aconteceu menos de 24 horas após Israel ter alegado ter matado um comandante do Hezbollah, responsável por um ataque nas Colinas de Golã. Este evento parece reduzir as chances de um cessar-fogo iminente na guerra de 10 meses em Gaza. O Hamas, por meio do oficial sênior Sami Abu Zuhri, considerou o assassinato uma grave escalada destinada a quebrar a vontade do grupo, mas reafirmou a determinação do Hamas em continuar seu caminho.
Diversos países, incluindo Catar, China, Rússia e Turquia, condenaram a morte de Haniyeh. O Catar, que tem mediado conversações para cessar a luta em Gaza, classificou o assassinato como uma perigosa escalada do conflito. O Irã reuniu seu principal órgão de segurança para definir uma estratégia em resposta à morte de Haniyeh, que era um aliado próximo de Teerã. O presidente palestino Mahmoud Abbas também condenou o assassinato, e facções palestinas na Cisjordânia convocaram uma greve e manifestações em massa.
Haniyeh, nomeado líder do Hamas em 2017, vivia entre a Turquia e Doha, capital do Catar, escapando das restrições de viagem impostas à Faixa de Gaza. Sua morte, após a de seu vice Saleh Al-Arouri em janeiro por Israel, deixa Yehya Al-Sinwar, chefe do Hamas em Gaza e arquiteto do ataque de 7 de outubro, e Zaher Jabarin, líder do grupo na Cisjordânia, ainda em posição, mas escondidos. O conflito iniciado em 7 de outubro resultou em um ataque devastador do Hamas a comunidades israelenses, levando Israel a uma ofensiva terrestre e aérea que matou mais de 39.400 pessoas em Gaza, segundo autoridades de saúde locais, e causou uma crise humanitária na região.