Bolsa fecha em alta com varejistas e sinalização positiva do Japão, oposto a NY; dólar cai

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São Paulo- A Bolsa fechou em alta pelo segundo dia seguido, na contramão de Wall Street, puxada pelas empresas de consumo e com os sinais positivos vindos do Banco do Japão (BoJ) sinalizando que não elevaria os juros, após a turbulência de segunda-feira.

A CVC (CVCB3) “surfa a maior alta do dia, chegando a quase 10% de variação-+9,94%-, após semanas em baixa. Foi um dos ativos com maiores quedas na segunda-feira, renovando mínimas, e hoje se observa recuperação de viés mais técnico”, disse Jaqueline Kist, especialista em mercado de capitais e sócia da Matriz Capital.

Já o Grupo Pão de Açúcar (PCAR3) subiu 8,42%, após o balanço visto como positivo pelo mercado devido a uma redução do prejuízo superando 20% na comparação com igual período de 2023, disse Jaqueline.

As ações de Magazine Luiza (MGLU3) avançaram 7,87%. MRV (MRVE3) ganhou 5,96%. B3 (BASA3) subiu 2,29%.

O principal índice da B3 subiu 0,98%, aos 127.513,88 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em agosto registrou alta de 1,28%, aos 127.805 pontos. O giro financeiro foi de R$ 21 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam no negativo.

Um analista de renda variável de um grande banco disse que a Bolsa “é impulsionada pelas ações cíclicas com o fechamento da curva de juros e melhora do Itaú e Vale; a liquidez segue baixa”.

Para Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos, o Ibovespa “se sustentou nas varejistas, que se recuperaram das quedas expressivas no começo da semana, contando também com a queda dos juros futuros. O movimento global de retomada por ativos de risco se baseou também no anúncio BoJ (banco central japonês) de que não subiria os juros em um momento de instabilidade. Esta sinalização buscou mitigar justamente o estopim das tensões da segunda-feira (5)”.

Pedro Caldeira, sócio e assessor da One Investimentos, disse que a Bolsa se recupera e sobe com o exterior e de olho nos balanços do 2T24.

“Depois do ruído sobre os Estados Unidos com o temor de recessão, o mercado está um pouco melhor com atenção ao Japão-após o pânico na segunda-feira e hoje a sinalização do BoJ [banco do Japão] não elevar os juros-e o foco fica no micro com os balanços do 2T24. A queda do dólar [na sessão de hoje] também ajuda o Indice”.

Caldeira ressaltou que “por mais que o cenário político esteja volátil, as empresas estão entregando bons resultados. Apesar da queda da ação do Itaú hoje, o banco soltou um resultado interessante [ontem]; o papel está bem, tem subido recentemente e o valuation é mais justo que do Bradesco. Em relação ao Bradesco, a ação está reagindo bem nos últimos dias com reação a uma entrega melhor dos números no 2T24, mas o valuation ainda está depreciado”.

O Itaú-Unibanco (ITUB4) divulgou o resultado ontem após o fechamento do pregão. O banco registrou lucro líquido de R$ 10,1 bilhões no segundo trimestre deste ano, alta de 15,2% em relação a igual período do ano passado, e 3,1% ante o trimestre anterior. O papel subiu 0,26%.

Ubirajara Silva, gestor de renda variável independente, disse que a declaração do banco do Japão anima os mercados.

“O Banco do Japão disse que não vai subir juros com os mercados instáveis e provocou uma reação positiva nos mercados, com movimento agressivo nas moedas de países emergentes e a Bolsa subindo; petróleo subindo e commodities metálicas caindo”. Em relação ao balanço do Itaú, Silva disse que o resultado veio melhor que o esperado, mas as ações caem porque o mercado estava comprado em Itaú e under em Bradesco, dado que o resultado de Bradesco veio com uma qualidade melhor [semana passada]. O mercado está reduzindo esse trade- comprando Bradesco [que chegou a subir bem na abertura, mas virou] e vendendo Itaú.

O dólar comercial fechou em queda de 0,60%, cotado a R$ 5,6243. A moeda refletiu, ao longo da sessão, certo otimismo global e chegou a quebrar a barreira dos R$ 5,60.

Para o sócio da Ethimos Investimentos Lucas Brigato, hoje existe movimento de correção: “No curto prazo, o dólar pode chegar na casa dos R$ 5,40”

Brigato observa que a bolsa brasileira está “barata”, o que dá um “descanso” para o dólar, e alerta: “Sexta tem IPCA que, vindo muito acima, já liga o alerta do Banco Central pra reavaliar o caminho da Selic”.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecham em queda, em um dia de mais otimismo no exterior depois que o Banco do Japão (BoJ) sinalizou que não elevará os juros.

Por volta das 17h15 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 10,675% de 10,695% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 11,525%, de 11,535%, o DI para janeiro de 2027 ia a 11,685%, de 11,670%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 11,780% de 11,755% na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em queda, encerrando a recuperação da sessão anterior que interrompeu uma sequência de três dias de perdas.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: -0,61%, 38.760,79 pontos
Nasdaq 100: -1,05%, 16.195,81 pontos
S&P 500: -0,77%, 5.199,52 pontos

Com Paulo Holland, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência Safras News