Petrobras reverte lucro e registra prejuízo líquido de R$ 2,6 bi no 2° trimestre de 2024

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Foto: Divulgação / Petrobras

São Paulo, SP – A Petrobras divulgou na noite de ontem (8) o balanço do segundo trimestre de 2024 (2T24), com prejuízo liquido de R$ 2,605 bilhões, revertendo lucro de R$ 28,7
bilhões registrado no mesmo período de 2023 (2T23). Já o lucro líquido recorrente foi de R$ 15,728 bilhões, queda de 46,5% em relação ao 2T23.

Segundo o comunicado da estatal, o resultado é reflexo, principalmente, dos efeitos da adesão à transação tributária e do acordo de trabalho de 2023. Excluindo os itens mencionados e a desvalorização do real em relação ao dólar, o lucro líquido teria alcançado R$ 28 bilhões, enquanto o Ebitda ajustado seria de R$ 62,3 bilhões. A companhia ressaltou ainda que a variação cambial Real X Dólar também foi expressiva no último trimestre (O Real desvalorizou 11,2% no 2T24, em comparação, por exemplo, à desvalorização de 3,2% no 1T24) e impactou o resultado contábil devido principalmente a obrigações em dólar entre empresas do Sistema Petrobras, mas sem afetar o caixa da companhia.

O Ebitda ajustado foi de R$ 49,7 bilhões, queda de 12,3% na comparação anual. Já o Ebitda ajustado recorrente foi de R$ 62,3 bilhões, alta de 5,5% em relação ao 2T23. Na comparação semestral, o Ebitda ajustado recuou 15%, fechando a R$ 109,7 bilhões, e recuando 8,1% no Ebitda ajustado recorrente, registrando R$ 123,8 bilhões. Em relação ao primeiro trimestre de 2024, o Ebitda ajustado recuou 17%, influenciado por menores margens de diesel e gasolina, aumento das importações e de itens não recorrentes, com destaque para os efeitos do acordo de trabalho de 2023 e da adesão à transação tributária. Esses efeitos foram parcialmente compensados pelo aumento das receitas com exportações decorrente, principalmente, da valorização do Brent.

A receita total de vendas foi de R$ 122,2 bilhões, alta de 7,4% em relação ao mesmo período do ano passado. Na comparação semestral, receita total de vendas recuou 5,1%, chegando a R$ 239,9 bilhões nos seis primeiros meses de 2024. O aumento de 11% nas receitas de exportação é principalmente atribuído ao crescimento das receitas provenientes da exportação de petróleo. Este resultado reflete a valorização de 8% do Brent em
reais no período.

As receitas com derivados no mercado interno aumentaram 3% em comparação ao 1T24 devido, principalmente, aos maiores preços realizados, principalmente Nafta e QAV, associados a maiores volumes vendidos de derivados, destaque para o diesel, impulsionado pela sazonalidade do consumo e pelo aumento da atividade econômica.

“Os resultados operacionais foram sólidos e ocorreram dentro do esperado. Eventos não recorrentes, como o acordo tributário com o Ministério da Fazenda, que trouxe vantagens expressivas para a empresa e para a União, e a marcante volatilidade cambial no período, sem efeito no caixa nem no patrimônio da companhia, impactaram a contabilidade interna da empresa, afetando também o resultado do trimestre. Apresentamos uma relevante geração de caixa, que demonstra o quanto de valor podemos gerar com nossas operações. Registramos nível de endividamento controlado, em um patamar alinhado ao previsto no nosso Plano Estratégico. Com bom fluxo de caixa e dívida baixa, estamos investindo na nossa produção de petróleo, gás e derivados, na reposição de reservas e na transição energética, de modo a garantir a sustentabilidade da Petrobras no longo prazo. Nossa
maior prioridade é construir o caminho para que a Petrobras das próximas décadas continue sendo tão ou mais relevante quanto a Petrobras de hoje para o Brasil”, destacou a presidente da Petrobras, Magda Chambriard.

No 2T24, o custo dos produtos vendidos aumentou 7% em comparação com o 1T24, refletindo os maiores custos com petróleo e derivados importados, retratando a valorização das cotações no momento da formação dos estoques, e a maior participação do petróleo importado na carga processada nas refinarias e do derivado importado no mix das vendas. Esse aumento foi parcialmente compensado pela menor participação do gás boliviano no mix das vendas e pelo menor custo de aquisição do GNL.

No 2T24, o resultado financeiro foi negativo em R$ 36,4 bilhões. Esse resultado financeiro foi impactado principalmente pela perda com variação cambial do real frente ao dólar sobre
exposição passiva. O real se desvalorizou 11,2% no 2T24, em comparação à desvalorização de 3,2% no 1T24 (o câmbio final foi de R$ 5,00/US$ em 31/03/24 para R$ 5,56/US$ em 30/06/24). Além disso, houve reconhecimento de despesas financeiras atreladas à adesão à Transação Tributária, retratando os encargos e as atualizações financeiras.

Em 30 de junho de 2024, caixa e equivalentes de caixa totalizaram R$ 43,8 bilhões e as
disponibilidades ajustadas somaram R$ 74,9 bilhões. No 2T24, os recursos gerados pelas atividades operacionais alcançaram R$ 47,2 bilhões e o fluxo de caixa livre totalizou R$ 31,9 bilhões. Além de gerar caixa, este nível de geração de caixa foi utilizado para remunerar os acionistas (R$ 37,5 bilhões), realizar investimentos (R$ 15,3 bilhões), amortizar passivos de arrendamento R$ 10,3 bilhões), e amortizar o principal e juros devidos no período (R$ 8,8 bilhões). Os recursos captados ao longo do trimestre serão utilizados para o gerenciamento de passivos, visando a extensão das maturidades da dívida e melhora da sua estrutura de capital, com intuito de preservar a liquidez e a solvência.

No fim do primeiro semestre, a dívida bruta alcançou US$ 59,6 bilhões, uma queda de 3,6% em comparação com 31/03/2024. O prazo médio da dívida passou de 11,30 anos em 31/03/2024 para 11,76 anos em 30/06/2024 e o seu custo médio variou de 6,5% a.a. para 6,6% a.a. no mesmo período. A relação dívida bruta/EBITDA ajustado foi de 1,22x em 30/06/2024 mesmo valor de 31/03/2024. Em 30/06/2024, a dívida líquida atingiu US$ 46,2 bilhões, um aumento de 5,8% em comparação com 31/03/2024.

PROJEÇÕES

A Petrobras informou ainda que sua projeção de CAPEX total para 2024 foi revista para um patamar de investimentos entre US$ 13,5 bilhões e US$ 14,5 bilhões, considerando principalmente um novo CAPEX do segmento de E&P de US$ 11,1 a US$ 12,1 bilhões para este ano. Este patamar de investimentos não impacta a curva de produção de petróleo e gás e representa um aumento de 7% a 15% em comparação ao CAPEX total da companhia realizado no ano de 2023.

“A nova projeção tem como base informações a que a companhia tem acesso no momento, sendo importante destacar que as declarações e informações sobre o futuro da companhia contidas neste Fato Relevante não devem ser interpretadas como garantias ou promessas de desempenho, estando sujeitas a riscos e incertezas associadas às condições econômicas, regulatórias e concorrenciais dos países em que a Petrobras atua, assim como de suas decisões estratégicas e operacionais”, comentou a petroleira.

DIVIDENDOS

A Petrobras informou que seu Conselho de Administração (CA) aprovou o pagamento de dividendos intercalares e intermediários e juros sobre capital próprio (JCP) no valor de R$ 13,57 bilhões, equivalentes a R$ 1,05320017 por ação ordinária e
preferencial em circulação.

A distribuição proposta está alinhada à Política de Remuneração aos Acionistas vigente, que
prevê que, em caso de endividamento bruto igual ou inferior ao nível máximo de endividamento definido no plano estratégico em vigor (atualmente US$ 65 bilhões) e resultado positivo acumulado, a Petrobras deverá distribuir aos seus acionistas 45% do fluxo de caixa livre.

Em uma visão acumulada do semestre, a aplicação da fórmula da Política retorna um total de pagamento de proventos de R$ 27 bilhões, patamar superior ao resultado acumulado disponível do semestre (R$ 20,6 bilhões), em função dos itens exclusivos deste trimestre que tiveram impacto residual no caixa. Dessa maneira, verificou-se a necessidade de utilizar R$ 6,4 bilhões da reserva de remuneração do capital, resultando em um saldo remanescente de R$ 15,5 bilhões nesta reserva.

Vale destacar que os proventos propostos são compatíveis com a sustentabilidade financeira da Companhia e já levam em consideração o valor das ações recompradas no segundo trimestre de 2024 (R$ 772 milhões), que foi descontado do total da remuneração aos acionistas, calculada conforme a fórmula da Política.

Os dividendos e JCP serão pagos em duas parcelas nos meses de novembro e dezembro, da seguinte forma:

Valor a ser pago: R$ 1,05320017 por ação ordinária e preferencial em circulação, sendo que:

(i) a primeira parcela, no valor de R$ 0,52660009 por ação ordinária e preferencial em
circulação, será paga em 21 de novembro de 2024, sendo R$ 0,11384838 sob a forma de dividendos e
R$ 0,41275171 sob a forma de juros sobre capital próprio.

(ii) a segunda parcela, no valor de R$ 0,52660008 por ação ordinária e preferencial em
circulação, será paga em 20 de dezembro de 2024 sob a forma de dividendos.

Sobre o valor correspondente aos juros sobre capital próprio (JCP), incidirá imposto de renda, conforme legislação vigente.

Data de corte: dia 21 de agosto de 2024 para os detentores de ações de emissão da Petrobras negociadas na B3 e record date em 23 de agosto de 2024 para os detentores de ADRs negociados na New York Stock Exchange (NYSE). As ações da Petrobras serão negociadas ex-direitos na B3 a partir de 22 de agosto de 2024.

Data de pagamento: para os detentores de ações de emissão da Petrobras negociadas na B3, o pagamento da primeira parcela será realizado no dia 21 de novembro de 2024 e o da segunda parcela no dia 20 de dezembro de 2024. Os detentores de ADRs receberão os pagamentos a partir de 29 de novembro de 2024 e de 30 de dezembro de 2024, respectivamente.

Importante ressaltar que esses proventos serão descontados da remuneração aos acionistas a ser aprovada na Assembleia Geral Ordinária de 2025 relativa ao exercício de 2024, sendo seus valores reajustados pela taxa Selic desde a data do pagamento de cada parcela até o encerramento do exercício social corrente para fins de cálculo do desconto.