São Paulo – A Bolsa fechou no positivo, acima da marca dos 130 mil pontos-não visto há aproximadamente seis meses, impulsionada pelos bancos e varejistas em resposta aos bons balanços corporativos do segundo do trimestre deste ano.
Na próxima semana, os resultados seguirão a todo vapor. Na semana, acumulou ganhos de 3,78%.
O Itaú Unibanco (ITUB4) subiu 2,70% e Bradesco (BBDC3 e BBDC4) avançou 1,95% e 2,45%. Magazine Luiza (MGLU3) registrou alta de 3,34%. Em contrapartida, Petrobras (PETR3 e PETR4) caiu 0,85% e 0,92%.
O principal índice da B3 avançou 1,51%, aos 130.614,59 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em agosto subiu 1,39%, aos 130.945 pontos. O giro financeiro foi de R$ 26,4 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam em alta.
Nicolas Farto, sócio e head de renda variável da Vértiq Invest, disse que os balanços estão puxando a Bolsa.
“Boa parte dessa alta está em cima dos resultados, as bancárias estão subindo, e o Campo Neto [Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central] foi cuidadoso nos comentários e disse que boa parte dessas quedas está na expectativa das políticas fiscais. Todos esses pontos e o exterior melhorando traz um dia positivo”.
Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos, disse que balanços e exterior ajudaram a Bolsa.
“O Ibovespa superou os 130 mil pontos, patamar que não era atingido há quase 6 meses, impulsionado pelas altas de ações does setores financeiro e varejista, que se beneficiaram de boas avaliações de resultados trimestrais divulgados e da queda dos juros futuros. O índice também contou com a melhora do desempenho das bolsas de NY, que durante a tarde passaram a subir”.
Pedro Caldeira, sócio e assessor da One Investimentos, disse que os resultados corporativos têm ajudado no movimento positivo para a Bolsa, apesar de um IPCA levemente acima.
“O indicador foi impactado pela gasolina e passagens aéreas. O grande ponto é que chegou no teto da inflação com 4,5% nos últimos 12 meses, o que pode tensão maior de como será o posicionamento do Banco Central nas próximas reuniões, com possibilidade aumento da Selic este ano. O que está o Ibovespa subir são os resultados das empresas que têm vindo bons e isso fluxo pra bolsa. Apesar de o mercado não ter visto o balanço da Petrobras com bons olhos, as ações estão descontadas e não bateu tanto. Na abertura chegou a perder mais de 3%, mas está melhorando”.
Caldeira disse que para a próxima semana, a parte micro vai continuar puxando a Bolsa devido à bateria de resultados. “A perspectiva segue positiva para os balanços”.
Mais cedo foi divulgado o Indice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que subiu 0,38% em julho contra a expectativa de 0,34%. O Indice acumulou alta de 4,50% em 12 meses até julho-acima das estimativas de +4,46%, segundo o Termômetro CMA.
Tatiana Pinheiro, economista-chefe da Galapagos Capital., disse que apesar do IPCA julho ser acima do consenso, o índice trouxe a abertura em linha com o esperado.
“Serviços e núcleos pressionados, com difusão baixa em grande parte por conta da deflação de alimentos (maior grupo em número de itens dentro do IPCA). Acreditamos que o principal fator para a expectativa do mercado com relação a decisão monetária de setembro está no comportamento da taxa de câmbio. Acreditamos que a volta para o patamar de 5,55 por dólar deve manter o Bacen na estratégia de manutenção da Selic em 10,5% por um longo período, enquanto a continuação da tendência de depreciação do câmbio deve suportar a precificação de alta de juros no mercado de renda fixa”.
O dólar comercial fechou em queda de 1,06%, cotado a R$ 5,5145. A moeda refletiu, ao longo da sessão, o bom humor global puxado pelo afastamento de uma recessão nos Estados Unidos, e o interno, impulsionado pelas falas do diretor de política monetária do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo. Na semana, a moeda teve desvalorização de 3,41%.
Segundo o sócio da Pronto! Invest Vanei Nagem, “é fato” que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) irá começar o corte dos juros em setembro beneficia a moeda brasileira.
A postura mais severa do Comitê de Política Monetária (Copom), que considerou até subir a Selic (taxa básica de juros), reforça a independência do Banco Central (BC), e isso é positivo, opina Nagem.
Além disso, observa o sócio da Pronto! Invest, “o discurso de enxugar os gastos é bem visto e o dólar deve chegar à casa nos R$ 5,45 nos próximos dias”.
Já a economista do Ouribank Cristiane Quartaroli, é menos otimista, e atribui o movimento dos últimos dias ao diferencial dos juros brasileiros que tende a aumentar nos próximos meses, classificando como um “movimento técnico”.
Ajax destaca que Galípolo mostrou comprometimento em cumprir a meta de inflação de 3%, rechaçou com veemência alguma influência do presidente Lula sobre a política monetária do Comitê de Política Monetária (Copom) e enfatizou que uma comunicação mais clara do BC ajudará a evitar volatilidades no mercado.
As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecham em queda em meio ao Indice de Preços ao Consumidor Amplo de julho acima das estimativas e recuo do rendimento dos títulos do Tesouro norte-americano de 10 anos (Treasuries em inglês).
Por volta das 16h50 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 10,740% de 10,680% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 11,545%, de 11,545%, o DI para janeiro de 2027 ia a 11,560%, de 11,665%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 11,590% de 11,750% na mesma comparação. O dólar cai, aos R$ 5,5160.
Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo positivo, com ganhos dos últimos dias eliminando as pesadas perdas de segunda-feira, encerrando uma semana turbulenta em alta.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:
Dow Jones: +0,13%, 39.497,54 pontos
Nasdaq 100: +0,58%, 16.745 pontos
S&P 500: +0,46%, 5.344,16 pontos
Com Camila Brunelli, Darlan de Azevedo e Soraia Budaibes / Agência Safras News
