MERCADO AGORA: Veja um sumário do comportamento dos negócios até o momento

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Por Danielle Fonseca, Flavya Pereira e Olívia Bulla

São Paulo – O Ibovespa voltou a acelerar perdas e passou a cair mais de 2% acompanhando um aprofundamento das quedas dos índices norte-americanos, diante de dados mais fracos da economia norte-americana. Investidores também não gostaram da retirada das novas regras para o abono salarial da reforma da Previdência ontem, que trouxe nova desidratação à economia prevista e temores sobre a articulação do governo.

Por volta das 13h30, o Ibovespa registrava queda de 2,56% aos 101.383,44 pontos. O volume financeiro do mercado era de aproximadamente R$ 8,1 bilhões. No mercado futuro, o contrato de Ibovespa com vencimento em outubro de 2019 apresentava recuo de 2,45% aos 101.490 pontos.

Entre as ações que ajudaram o Ibovespa a ampliar a queda estão as de bancos, como Bradesco, Itaú Unibanco e Banco do Brasil.

“Essa queda preocupa porque está com um volume de negócios mais forte”, disse o CEO da WM Manhattan, Pedro Henrique Rabelo. Nos últimos dias, a Bolsa brasileira vinha mostrando liquidez mais baixa, que voltou a aumentar hoje, até o momento. Para Rabelo, além da aversão ao risco no exterior, a cena política, com parlamentares ameaçando a complicar a votação da reforma no segundo turno no Senado, ajudou a azedar o humor.

Após oscilar na abertura dos negócios, o dólar tem viés de queda frente ao real acompanhando o comportamento mais positivo entre as moedas de países emergentes frente ao dólar, enquanto aqui, investidores acompanham os desdobramentos dos próximos passos da aprovação da reforma da Previdência, agora em segundo turno no Senado.

Por volta das 13h30, o dólar comercial registrava queda de 0,36%, sendo negociado a R$ 4,1480 para venda. No mercado futuro, o contrato da moeda norte-americana com vencimento em novembro de 2019 apresentava recuo de 0,25%, sendo cotado a R$ 4,156.

“O real acompanha as principais divisas emergentes, como o peso mexicano, que tem viés de valorização frente ao dólar. Apesar de uma tensão global observada na abertura dos negócios, os números da ADP, abaixo do esperado, podem projetar um payroll mais fraco na sexta-feira”, comenta o diretor da Correparti, Ricardo Gomes.

Em setembro, foram criadas 135 mil vagas de emprego no setor privado dos Estados Unidos, segundo relatório publicados pela ADP – uma prévia do payroll – enquanto o mercado esperava a criação de 125 mil vagas. O indicador desacelerou em relação ao registrado em agosto, quando foram criados 157 mil postos de trabalho (dado revisado).

O operador de câmbio da corretora Advanced, Alessandro Faganello, reforça que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) monitora de perto esses dados. “Caso passe a ser constante a desaceleração no ritmo de contratações e atividade industrial, o Fed pode rever posições. O cenário externo continua trazendo preocupações sobre a desaceleração da economia global, que ficou mais evidente após dados da atividade industrial fraca na zona do euro, na China e no setor manufatureiro norte-americano”, comenta.

Gomes reforça o fluxo vendedor da moeda no mercado local. “Quando chegou a R$ 4,18 [indo às máximas de R$ 4,1830, +0,48%], o exportador entrou no mercado com venda forte. Mas na ausência de notícias ruins, a moeda acabou indo às mínimas da sessão”, reforça.

Com investidores locais ainda digerindo a votação da reforma da Previdência em primeiro turno no Senado, o diretor da corretora chama a atenção para a votação em segundo turno. “O pior da Previdência está por vir. A votação em segundo turno que será o teste de fogo e tem espaço para o texto ter mais desidratações”, diz. Segundo o presidente da casa, Davi Alcolumbre, a votação pode ser dia 10 ou no dia 15.

As taxas dos contratos futuros de juros (DIs) seguem em alta, mas o movimento é limitado pela queda do dólar. Ainda assim, os investidores recompõem prêmios na curva a termo, principalmente no trecho mais longo, após a derrota do governo no Senado ontem, durante a votação em primeiro turno da reforma da Previdência, ao mesmo tempo que observam o ambiente externo mais avesso ao risco.

Às 13h30, o DI para janeiro de 2020 tinha taxa de 5,043%, de 5,057% no ajuste de ontem; o DI para janeiro de 2021 estava em 4,96%, de 4,96% após o ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 6,05%, de 6,04%; e o DI para janeiro de 2025 estava em 6,66%, de 6,64%.